ISBN 978-85-85905-19-4
Área
Produtos Naturais
Autores
Silva Monteiro, V.V. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ) ; Navegantes, K.C. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ) ; Gomes, R.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ) ; Oliveira, A.L.B. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ) ; Reis, J.F. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ) ; Gomes, A.R.Q. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ) ; Monteiro, M.C. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ)
Resumo
Diversos estudos que interligam e discutem os benefícios médicos do uso de cogumelos e/ou seus compostos bioativos mostrando várias atividades biológicas, como antioxidantes e anti- inflamatória. Este estudo teve como objetivo avaliar o efeito imunomodulador do Ergosterol sobre macrófagos e linfócitos. Foram conduzidos experimos in vitro e ex vivo, a partir de células de camundongos tratados ou não com Agaricus brasiliensis, para a avaliação de parâmetros como, migração leucocitária, produção de NO, proliferação celular e produção de citocinas. A. brasiliensis quanto o ergosterol purificado apresentaram capacidade de diminuir a produção de NO, da capacidade fagocítica e da capacidade de proliferação provando apresentar uma atividade inibidora a essas células.
Palavras chaves
Ergosterol; Agaricus brasiliensis; Imunomodulação
Introdução
O uso de fungos medicinais faz parte da tradição de diversos países orientais, usados durante séculos como ingredientes de diversas culinárias. Existem diversos estudos que interligam e discutem os benefícios médicos do uso de cogumelos e/ou seus compostos bioativos mostrando como principais efeitos as atividades antioxidantes, anti-inflamatória, antialérgica, antitumoral, anticoagulante, antiviral e imunomoduladora. O Agaricus brasiliensis é um macrofungo da classe dos basideomicetos, encontrado principalmente nas regiões sul e sudeste do Brasil que apresenta capacidade antitumoral (Hetland et al., 2008) e efeito imunomodulador (Tangen et al., 2015). Dentre as principais substâncias bioativas de cogumelos medicinais já estudas encontram-se majoritariamente os polissacarídeos glucanos, proteoglucanos, lectina, ergosterol (provitamina D2), isoflavonoides e substancias antioxidantes. E dentre essas diversas substâncias as que são conhecidas por apresentarem efeito biológico conhecido são os polissacarídeos glucanos, porém alguns estudos vinculam efeitos biológicos importantes aos ergosteróis. O ergosterol é um esterol de membrana precursor de vitamina D2 e trabalhos como o de Wu et al. (2013) e Fujimoto et al. (2004) atribuem efeito imunomodulador a essa molécula extraída de outros cogumelos. Por esse motivo esse trabalho tem por objetivo avaliar o efeito de A. brasiliensis no potencial fagocítico e proliferativo e na produção de NO e o efeito de ergosterol na ativação de macrófagos e proliferação linfocítica.
Material e métodos
Camundongos Swiss machos com 6 a 8 semanas de vida foram utilizados para os experimentos in vitro e ex vivo. Os animais foram mantidas em condições específicas livres de patógenos, tendo a aprovação da Comissão de Ética Animal da nossa instituição (15/02). Para os experimentos ex vivo, os camundongos foram distribuídos em dois grupos diferentes que receberam a seguinte dieta por 14 semanas: ratos alimentados com dieta de ração (grupo control-C) ou com uma dieta contendo 10% do cogumelo A. brasiliensis (LPB- 03) seco (A10 grupo). Macrófagos peritoneais dos dois grupos foram colhidos a partir dos camundongos três dias após injeção intraperitoneal (i.p.) de 3 mL de tioglicolato 3% (Pizato et al., 2015). Macrófagos peritoneais (1x105 células/poço) obtido a partir de animais dos grupos C e A10, foram adicionados em uma placa de cultura de tecidos de 96 poços, para avaliar a capacidade fagocitária a partir de zymosan. Para mensurar a produção de Óxido Nítrico, foram utilizados 1x106 células/poço, que foram estimuladas com LPS 10 µg.mL-1 e posteriormente realizado o teste de Griess (Green, Tannenbaum, & Goldman, 1981). As seguintes concentrações de citocinas: IL- 12 p70, TNF-α, IFN-γ, MCP-1, IL-10 e IL-6 foram determinados a partir de macrófagos em cultura (C e A10 grupo), através de citometria de fluxo. Para verificar a proliferação in vitro, foram retirados esplenócitos de camundongos não tratados e quantificado e resuspendidos em RPMI-1640. A proliferação celular foi realizada utilizando 1x106 células/poço, através do ensaio de MTT e estimulados com LPB-03 (1,56; 3,13 e 6,25 μg/ml) ou ergosterol (2,5; 5; 25; 100 e 500 ug/ml) e posteriormente estimuladas ou não com 10 μg/ml de Concanavalina A (ConA).
Resultado e discussão
Os dados mostraram que os macrófagos
peritoneais do grupo A10 exibiram
capacidade fagocítica de partículas de
Zymosan semelhantes ao grupo C
(Figura 1A), mas produziu elevados de
níveis IL-12 e menores quantidades de
TNF-α e MCP-1 citocinas, bem
como menores concentrações de NO,
mesmo quando estimulado com LPS, em
comparação com o grupo C (Figura 1B).
Corroborando os nossos dados, Dalla-Santa
et al., 2010 relataram que o
ensaio ex vivo com macrófagos peritoneais
obtidos a partir de ratos
alimentados com A. brasiliensis durante
12 semanas mostraram níveis
reduzidos de NO e de ânion superóxido,
mas não na fagocitose, volume
lisossomal e H2O2. Por outro lado, no
modelo in vitro, Navegantes et al.,
(2013) mostrou que apenas baixas
concentrações de LPB (1,56 mg / mL) foram
capazes de inibir a fagocitose de C.
albicans por macrófagos in vitro.
O micélio do Agaricus brasiliensis é rico
em moléculas como proteoglicanos e
ergosterol, os quais são potentes
estimuladores de células imunes, como os
macrófagos e linfócitos. Portanto,
avaliamos o efeito de ergosterol de A.
brasiliensis no potencial fagocítico e na
produção de NO por macrófagos e a
proliferação de linfócitos. Os dados
mostraram que em todas as concentrações
o ergosterol reduziu a capacidade
fagocítica dos macrófagos peritoneais
(Figura 2A), bem como também inibiu a
produção de NO em 24 horas (Figura
2B), e a proliferação de linfócitos após
48 horas em comparação com LPS ou
ConA, respectivamente (Figura 2C). No
geral, estes resultados foram muito
semelhantes aos obtidos com micélio de A.
brasiliensis (LPB), o que sugere
que estes compostos podem ser
responsáveis para a imunomodulação
melhorada induzida por A. brasiliensis in
vivo.
Efeito da suplementação A. brasiliensis na capacidade de produção de NO e fagocitose por macrófagos peritoniais em ensaio ex vivo.
Efeito do ergosterol de A. brasiliensis na activação de macrófagos e proliferação de linfócitos em ensaio in vitro.
Conclusões
Foi possível concluir nesse estudo que tanto o extrato de A. brasiliensis quanto o ergosterol purificado apresentaram capacidade de diminuir a produção de NO e a produção de citocinas inflamatórias, como TNF-α e MCP-1, contudo não havendo alteração da capacidade fagocítica e da capacidade de proliferação de linfócitos, indicando que existe capacidade imunomoduladora tanto no purificado de ergosterol quando do extrato de A. brasiliensis.
Agradecimentos
Referências
Green, L.C., Tannenbaum, S.R. & Goldman, P., 1981. Nitrate synthesis in the germfree and conventional rat. Science (New York, N.Y.), 212(4490), pp.56–58.
Pizato, N. et al., 2015. Fish oil alters T-lymphocyte proliferation and macrophage responses in Walker 256 tumor-bearing rats. Nutrition, 22(4), pp.425–432.
FUJIMOTO, H. et al. Six immunosuppressive features from an ascomycete, Zopfiella longicaudata, found in a screening study monitored by immunomodulatory activity. Chemical & pharmaceutical bulletin, v. 52, n. 8, p. 1005–8, ago. 2004.
HETLAND, G. et al. Effects of the medicinal mushroom Agaricus blazei Murill on immunity, infection and cancer Scandinavian Journal of Immunology, v. 68, n. 4, p. 363-70, out. 2008.
TANGEN, J. M. et al. Immunomodulatory effects of the agaricus blazei murrill-based mushroom extract andosan in patients with multiple myeloma undergoing high dose chemotherapy and autologous stem cell transplantation: A randomized, double blinded clinical study. BioMed Research International, v. 2015, p. 1–11, 2015.
WU, S.-J. et al. Immunomodulatory activities of medicinal mushroom Grifola frondosa extract and its bioactive constituent. The American journal of Chinese medicine, v. 41, n. 1, p. 131–44, 2013.