ISBN 978-85-85905-19-4
Área
Produtos Naturais
Autores
Andrade, E.H.A. (MUSEU PARAENSE EMÍLIO GOELDI) ; Oliveira, L.H.A. (UFPA) ; Nascimento, L.D. (MUSEU PARAENSE EMÍLIO GOELDI)
Resumo
Eugenia uniflora é uma planta arbustiva cujo uso medicinal se relaciona ao tratamento de bronquites, febres e hipertensão arterial. Este trabalho visa a avaliar o rendimento de óleo essencial e a composição química das folhas secas de E. uniflora em diferentes tempos de extração por hidrodestilação. As amostras provêm do campus de pesquisa do Museu Emílio Goeldi, Belém, PA. O material será seco em sala climatizada e as extrações do óleo essencial serão realizadas através de processo de hidrodestilação durante 1, 2, 3 e 4 horas (triplicatas) em aparelho tipo Clevenger modificado. A análise química dos óleos obtidos será feita por cromatografia de fase gasosa (CG)/espectrometria de massas (EM) e a quantificação dos constituintes por CG com detector de ionização de chamas (DIC).
Palavras chaves
Eugenia uniflora; óleo essencial; tempo de extração
Introdução
Diante da incipiência dos dadoscoletados sobre a diversidade da flora amazônica [4], faz-se necessário expandir o conhecimento técnico e científico das espécies com potencial econômico para produção de novos insumos com base na flora aromática da região [5]. Óleos essenciais produzidos na região podem ser matérias-primas para as indústrias de química fina e de fitomedicamentos. Eugenia uniflora L., da família Myrtaceae, é uma planta frutífera de porte arbustivo cujo fruto é uma baga oblata e achatada de casca lisa e brilhosa, com tons que variam do amarelo-alaranjado ao vermelho escarlate [3] e gomos suculentos de sabor agridoce, muito apreciado ao natural ou em forma de doces e licores [2]. Seu uso medicinal se relaciona ao tratamento de diarreias, bronquites e hipertensão arterial [6]. Este trabalho tem por objetivos a avaliação do rendimento e da composição química do óleo essencial das folhas de E. uniflora em diferentes tempos de extração pelo método de hidrodestilação no mês de setembro de 2015 e a análise química dos óleos essenciais obtidos.
Material e métodos
Folhas de E. uniflora foram coletadas no campus do Museu Paraense Emílio Goeldi, Belém, PA, no mês de setembro de 2015. A identificação botânica baseou-se no método clássico da morfologia comparada. As folhas foram secas sobre telas em sala climatizada, moídas, pesadas, homogeneizadas e submetidas a hidrodestilação em sistemas de vidro do tipo Clevenger original durante 1, 2, 3 e 4 horas. Foram utilizadas mantas de aquecimento para balões de 1 L cada acopladas a um sistema de refrigeração para manutenção da água de condensação em torno de 10°C a 15°C. Os óleos obtidos foram centrifugados, desidratados, armazenados e acondicionados em geladeira a 5°C. O rendimento de óleo essencial com base na Amostra Livre de Umidade (ALU) foi calculado utilizando-se a equação de SANTOS et al. [7]. A porcentagem de água presente na umidade residual das amostras foi realizada durante as extrações e obtida através de determinador de umidade Marte® modelo ID50, por infravermelho, na faixa de temperatura de 60°C a 180°C com incremento de 1°C e saída RS-232C bidirecional. Os óleos essenciais foram analisados por cromatografia em fase gasosa acoplada a espectrometria de massas (CG/EM) em sistema Shimadzu QP-2010 Plus equipado com coluna capilar RTx-5MS nas seguintes condições operacionais: gás de arraste: hélio; tipo de injeção: sem divisão de fluxo (1 µL de uma solução de 2 µL de óleo em 1 mL de hexano); temperatura do injetor: 250°C; programa de temperatura do forno: 60–250°C (3°C/min); EM: impacto eletrônico, 70 eV; temperatura da fonte de íons e partes de conexão: 200°C. A identificação química foi realizada por comparação dos espectros de massas e índices de retenção (IR) com os de substâncias-padrão existentes nas bibliotecas do sistema e com dados da literatura [1].
Resultado e discussão
Na Tabela 1, percebe-se que, a partir de duas horas de extração, o volume de óleo e consequentemente o teor de óleo essencial aumentam linearmente com o tempo de extração. No Gráfico 1, vê-se que os percentuais de selina-1,3,7(11)-trien-8-ona e epóxido de selina-1,3,7(11)-trien-8-ona diminuem nas duas primeiras horas de extração para aumentar em seguida às 3 e 4 horas de extração. O percentual de selina-1,3,7(11)-trien-8-ona diminui bruscamente da primeira para a segunda hora de extração (de 43,33% a 21,80%, respectivamente), aumenta às 3 horas (33,12%) e diminui no quarto tempo de extração (31,98%). O epóxido de selina-1,3,7(11)-trien-8-ona diminui da primeira para a segunda hora de extração (de 27,55% a 21,80%, respectivamente) e depois aumenta. Tanto o γ-elemento quanto o (E)-cariofileno registram aumento progressivo ao longo dos quatro períodos de extração.
Rendimento do óleo essencial de E. uniflora determinado em ALU; material coletado em setembro de 2015
Variação dos constituintes majoritários (≥ 3,0%) identificados no OE das folhas de E. uniflora em setembro de 2015 em função do tempo de extração
Conclusões
O teor de óleo essencial das folhas secas de Eugenia uniflora aumenta linearmente com o tempo de extração. Os constituintes químicos majoritários do óleo essencial das folhas secas de E. uniflora mostraram variações percentuais em função do tempo de extração, principalmente os que caracterizam o tipo químico da espécie: selina-1,3,7(11)-trien-8-ona e epóxido de selina-1,3,7(11)-trien-8-ona.
Agradecimentos
Os autores agradecem à Coordenação de Botânica, na figura do Laboratório Adolpho Ducke e de toda a equipe do Laboratório de Fitoquímica, e à Capes pelo auxílio prestado.
Referências
[1] ADAMS, R. P. Identification of essential oil components by gas chromatography/mass spectrometry. Carol Stream, Illinois, USA: Allured Publishing Corporation, 2007. [2] CAVALCANTE, P. B. Frutas comestíveis da Amazônia. 5. ed. Belém, Pará: MPEG/Cejup, 1991. [3] COSTA, D. P. Influência do biótipo de cor de fruto e da sazonalidade no óleo essencial das folhas de Eugenia uniflora. 2009. 65 f. Dissertação (Mestrado em Química) — Instituto de Química, Universidade Federal de Goiás, Goiás. [4] GOTTLIEB, O. R. M.; KOKETSU, M.; MAGALHÃES, M. T.; MAIA, J. G. S.; MENDES, P. H.; ROCHA, A. I.; SILVA, M. L.; WILBERG, V. C. Óleos essenciais da Amazônia VII. Acta Amazonica, Manaus, v. 11, p. 143-148, 1981. [5] MAIA, J. G. S.; ANDRADE, E. H. A. Database of the aromatic plants from the Amazon and their essential oils. Química Nova, v. 32, p. 595-622, 2009. [6] PITANGA: benefícios e propriedades medicinais. Disponível em: <http://www.plantasmedicinaisefitoterapia.com/pitanga.html>. Acesso em: 21 ago 2015. [7] SANTOS, A. S.; ALVES, S. M.; FIGUEIRÊDO, F. J. C.; ROCHA NETO, O. G. Descrição de sistema e de métodos de extração de óleos essenciais e determinação de umidade de biomassa em laboratório. Belém: Embrapa Amazônia Oriental, 2004 (Embrapa Amazônia Oriental. Comunicado Técnico, 99).