Efeito fitotóxico do óleo essencial de Ocimum campechianum Mill

ISBN 978-85-85905-19-4

Área

Produtos Naturais

Autores

Luis Baia Figueiredo, P. (PPGQ-UFPA) ; Gomes Silva, S. (PPGQ-UFPA) ; Nascimento, L.D. (UFPA E MPEG) ; Helena de Aguiar Andrade, E. (PPGQ-UFPA E MPEG) ; Pedro da Silva Sousa Filho, A. (EMBRAPA)

Resumo

As espécies do gênero Ocimum (Lamiaceae) têm grande potencial agroindustrial. A composição química e o efeito fitotoxico do óleo essencial de um espécime de Ocimum campechianum foram avaliados neste trabalho. O rendimento em óleo foi de 2,07%, o fenilpropanoide metileugenol foi o composto majoritário do óleo (85,22%). O óleo essencial de Ocimum campechianum mostrou moderado efeito fitotóxico na inibição da germinação das ervas daninhas malicia (59,09%) e mata-pasto (51,27%).

Palavras chaves

Lamiaceae; Ocimum campechianum; ervas-daninha

Introdução

Lamiaceae compreende cerca de 250 gêneros e 6.970 espécies (JUDD, CAMPBELL, et al., 1999). No Brasil ocorrem 26 gêneros com aproximadamente 350 espécies, muitas aromáticas são usadas para preparar condimentos e chás (SOUZA e LORENZI, 2005) O gênero Ocimum compreende ervas e arbustos anuais ou perenes, nativas de regiões tropicais e subtropicais da Ásia, África e centro da América do Sul (PATON, HARLEY e HARLEY, 1999). As espécies que compõem esse gênero são comumente chamadas de alfavacas (ALBUQUERQUE e ANDRADE, 1998). Os óleos essenciais de plantas do gênero Ocimum têm despertado grande interesse nas indústrias de alimentos e pesquisadores por terem importantes atividades biológicas (PANDEY, SINGH e TRIPATHI, 2014), como antimicrobiana (CAROVIÉ-STANKO, ORLIÉ, et al., 2010), antioxidante de O. americanum e O. basillicum (SHISHU, TADDESSE, et al., 2010), fitotóxica de O. americanum (SOUZA FILHO, BAYMA, et al., 2009a). Ocimum campechianum popularmente conhecido como alfavaca de galinha e alfavaca do campo, é utilizado nas comunidades tradicionais no tratamento de reumatismo, paralisias, epilepsia e doenças mentais, tendo grande potencial industrial (SILVA e CASALI, 2000). A descoberta de novos herbicidas que possam proporcionar maior produtividade e lucratividade é uma alternativa ao uso dos convencionais no controle de plantas invasoras (RIPARDO FILHO, PACHECO, et al., 2012). Neste contexto, os óleos essenciais revelam-se como potentes inibidores da germinação de sementes e no desenvolvimento de diferentes espécies de plantas, pois contêm ação bioerbicida (SOUZA FILHO, VASCONCELOS, et al., 2009b). Tendo em vista o potencial biológico de espécies do gênero Ocimum, este trabalho avaliou a composição química e a atividade fitotoxida do óleo essencial de O. Campechianum.

Material e métodos

O espécime foi cultivado no município de Abaetetuba, Pará. As folhas/ramos do material botânico ainda fresco foram secas em estufa com ventilação constante a 35ºC. O óleo essencial foi obtido em duplicata por hidrodestilação, utilizando-se a metodologia descrita por Maia e Andrade (2009) em sistema de vidro do tipo Clevenger modificado, durante 3h. O rendimento do óleo essencial foi obtido do material seco e livre de umidade. A umidade foi determinada por balança com aquecimento no infravermelho. A composição química do óleo essencial foi analisada por Cromatografia de fase gasosa acoplada a espectrometria de massas (GC/MS) em sistema Shimadzu qp 2010 plus. Para a atividade fitotóxica do óleo essencial, foi utilizada a metodologia de Souza Filho, Dutra e Silva (1998). Foram empregadas duas espécies de planta daninha invasora de pastos comum na região amazônica, Mimosa pudica L. (malícia) e Senna obtusifolia (L) Irwing & Barneby (mata-pasto). Uma solução teste de 200 ppm do óleo essencial em hexano foi preparada. Foram utilizadas 25 sementes por placa de Petri de 9 cm de diâmetro, forrada com disco de papel de filtro qualitativo, em triplicatas. Foram aplicados 3,0 mL da solução teste preparada. Após a evaporação do solvente, adicionou-se 3,0 mL de água destilada, mantendo-se, dessa forma, a concentração original. As placas de Petri foram colocadas em câmara de germinação, à temperatura constante de 25 ºC com fotoperíodo de 12 horas, durante cinco dias. No final do período, verificou-se o total de sementes germinadas em cada placa e calculou-se a média aritmética para cada espécie, onde, juntamente com a média das sementes germinadas no tratamento testemunha, determinou-se o percentual de inibição do óleo essencial na germinação das sementes das plantas daninhas.

Resultado e discussão

O rendimento em óleo essencial foi de 2,07%. A Tabela 01 apresenta a composição química do óleo essencial das folhas/ramos de Ocimum campechianum, em ordem crescente de seus respectivos índices de retenção. Foram identificados 28 compostos, a classe dos fenilpropanoides foi a predominante com 85,84%. Tendo metileugenol como composto majoritário (85,22%) A Figura 01 mostra a inibição causada pelo óleo essencial das folhas/ramos de Ocimum campechianum, na concentração de 200 ppm, frente as ervas daninhas malicia (Mimosa pudica L) e mata-pasto (Senna obtusifolia (L) Irwing & Barneby). O efeito fitotóxico do óleo essencial na germinação das duas ervas daninhas foram semelhantes. A espécie malicia (59,09%) foi levemente mais sensível quando comparada a mata pasto (51,27). Os efeitos do óleo essencial sobre a germinação de sementes e o desenvolvimento de plantas são frequentemente explicados em termos individuais de alguns dos principais constituintes. Entretanto, ainda é desconhecido como os constituintes presentes no óleo essencial interagem entre si e promovem seus efeitos sobre outros organismos (SOUZA FILHO, BAYMA, et al., 2009a).

Tabela 01

Compostos químicos identificados nos óleos essenciais das folhas/ramos e inflorescências de Ocimum campechianum.

Figura 01

Inibição do óleo essencial das folhas/ramos na germinação das sementes de malicia e mata-pasto.

Conclusões

O bom rendimento e a grande quantidade de metileugenol presente no óleo essencial do espécime de Ocimum campechianum estudado e a inibição de mais de 50% da germinação das ervas daninhas testadas indicam uma alternativa renovável de metileugenol visando seu aproveitamento agroindustrial.

Agradecimentos

A Universidade Federal do Pará Museu Paraense Emilio Goeldi, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pesso

Referências

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SOUZA, V. C.; LORENZI, H. Botânica Sistemática. São Paulo: Plantarum, 2005.

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