ISBN 978-85-85905-19-4
Área
Produtos Naturais
Autores
Santos Martins, L.R. (UFPA) ; da Silva Pinheiro, D. (UFPA) ; Martins Silva, D. (UFPA) ; Carvalho de Souza, E. (UFRA) ; da Costa Barbosa, I.C. (UFRA) ; dos Santos Silva, A. (UFPA)
Resumo
Com o objetivo de caracterizar, através de análises físico-químicas, a qualidade de chás das folhas de embaúba (Cecropia angustifolia), foram adquiridas 6 amostras comercializadas em uma feira livre de Belém-PA. As amostras foram submetidas a análises físico-químicas (pH, condutividade elétrica, turbidez, acidez, densidade, teor de extrativos e cinzas totais) de acordo com a Farmacopeia Brasileira (2005). Considerando que o chá analisado apresenta inúmeras indicações terapêuticas e é comercializada na forma de folhas, há, assim, a importância do controle da qualidade deste produto, pois o estudo deste tipo para este chá é limitada na literatura atual. Os resultados encontrados para os parâmetros físico-químicos foram expressos através de suas médias seguidas de desvio padrão, onde foram de
Palavras chaves
plantas medicinais; Amazônia; bebidas não alcóolicas
Introdução
A Embaúba (Cecropia pachystachya), pertencente à família Urticaceae, é presente, principalmente, em margens de florestas e pode ser encontrada em todo território brasileiro, distribuindo-se, também, desde o México até a Argentina. Planta esta que recebe outros nomes, como imbaúba, embaúva, umbaúba-do-brejo, árvore-da-preguiça, umbaubeira, pau-de-lixa, umbaúba- branca. O uso medicinal popular do chá em estudo segue as seguintes indicações terapêuticas: diurética, tônica, anti-hemorrágica, adstringente, cardiopulmonar, cardiorrenal, taquicardia, bronquite, asma, diabetes, entre outros. (TERRONES et al, 2007). Facilmente adquirida em feiras populares, a comercialização das folhas de Embaúba leva a população a uma exposição maior a esse produto, sem informações de um profissional habilitado que oriente sobre benefícios e riscos que o chá poderá oferecer. Partindo desse princípio, o objetivo deste trabalho é caracterizar através de ensaios físicoquimicos a qualidade de amostras comerciais de chás das folhas de Embaúba, comercializadas em feiras da cidade de Belém-PA, segundo métodos especificados pela Farmacopeia Brasileira (2005).
Material e métodos
Foram adquiridas seis amostras da folha de embaúba, nos mês de julho de 2016, em uma feira em Belém-PA especializada na comercialização de produtos medicinais populares do Pará. As amostras de folhas foram levadas para o Laboratório de Controle de Qualidade e Meio Ambiente (LACQUAMA) da Universidade Federal do Pará, onde foram devidamente partidas em pedações menores para que, assim, fossem feitos os chás: 4 g introduzido da amostra em 100 mL de água destilada fervente e após a fervura houve a filtração com o auxílio de papel de filtro qualitativo. Após esfriar os chás, se realizou as determinações de seis parâmetros físico-químicos: pH, determinado usando um pHmetro (PHTEK) calibrado com solução tampão pH 4 e 7; Densidade, determinada através da medida de massa de chá de embaúba em picnômetro de 25 mL, teor de extrativos, com a retirada de uma alíquota de 20 mL levada para secar em chapa aquecedora, em seguida secagem completa em estufa a 105ºC por 3 h e verificando ao final o massa final; condutividade elétrica, feita com o uso do condutivímetro portátil (INSTRUTHERM, CD 880) calibrado com solução padrão de condutividade 146,9 μS/cm; acidez, através da titulação com solução de NaOH 0,1 mol L-1; Cinzas, através da queima da amostra (folha) em mufla a 550º C até eliminação completa do carvão; turbidez, através da leitura direta no visor de um turbidímetro previamente calibrado. Todas as metodologias utilizadas neste trabalho são da Farmacopeia Brasileira (2010). Os resultados das análises foram expressos em termos de média e desvio padrão. As determinações foram realizadas em triplicatas.
Resultado e discussão
As tabelas 1 e 2 trazem os resultados encontrados para todos os parâmetros analisados. Os valores médios de pH dos chás variaram entre 5,57 e 5,93, com média igual a 5,69, o que difere dos resultados encontrados por Santos et al. (2015), para o chá das folhas de canela (Cinnamomum zeylanicum Blume, Lauraceae), que é de 6,84. A condutividade elétrica variou entre 0,33 e 0,59 mS/cm, com média igual a 0,46 mS/cm. Não há relatos na legislação ou na literatura sobre estudos de condutividade elétrica para o chá em analisado. Os valores do parâmetro acidez encontrados para as amostras de chá de embaúba variaram entre 0,02 a 0,03%, com média igual a 0,02%, sendo essa média muito abaixo quando comparadas aos chás das folhas de canela estudados por Santos et al. (2015), entre 0,19 e 0,32%. No que se trata sobre a análise de densidade, o valor médio obtido foi igual a 1,05 kg m-3, e está em desacordo à faixa de densidade encontrada para o chá de canela (SANTOS et al, 2015), que é de 0,99 kg m-3. Os valores médios para a turbidez variou entre 87,67 e 98,33, com média igual a 92,83. O teor de extrativos dos chás ficou na média de 19,51% resultado esse inferior aos registrados na literatura para outros chás vegetais: 27,65% para Calendula officinalis L. (SOUZA et al., 2010). E as cinzas resultaram valores médios variados entre 16,67 e 21,97, tendo como média o valor de 18,44%.
Conclusões
As amostras de chá de folhas de embaúba se mostraram distintos de outros chás em termos de parâmetros físico-químicos, como o de folhas de canela, não tendo sido possível a comparação dos resultados com outros dados de chá de embaúba por esses não existirem na literatura. Com os resultados obtidos deste trabalho pode haver a diminuição desta lacuna existente na literatura sobre parâmetros físico-químicos de chás desta espécie estudada.
Agradecimentos
A UFRA e a UFPA.
Referências
FARMACOPEIA BRASILEIRA. 5. ed. São Paulo: Atheneu, 2005.
SANTOS, K. K.; Estudo físico-químico e quimiométrico de chás de folhas de canela. 55º Congresso Brasileiro de Química. Goiânia, 2015.
TERRONES, M. G. H., et al.; Ação alelopática de extratos de embaúba (Cecropia pachystachya) no crescimento de capim-colonião (Panicum maximum). Planta daninha, vol.25 no.4 Viçosa Oct./Dec. 2007
SOUZA , A. P. T. B.; BARNI, S. T.; FERREIRA , R. A.; COUTO , A. G. Desenvolvimento Tecnológico de Soluções Extrativas Hidroetanólicas das Flores de Calendula officinalis L. Empregando Planejamento Fatorial Lat. Am. J. Pharm. 29 (1): 13-21 (2010).