ISBN 978-85-85905-19-4
Área
Produtos Naturais
Autores
Lira Rodrigues, S. (UFPA) ; de Moreira Souza, C. (UFPA) ; dos Santos Sarges, C. (UFPA) ; Pina da Silva, K. (UFPA) ; da Cunha Diogo, R. (UFPA) ; Carvalho de Souza, E. (UFRA) ; dos Santos Silva, A. (UFPA)
Resumo
A andiroba (Carapa guianensis Aubl.) é uma árvore oleaginosa e de grande porte, que floresce de agosto a outubro e frutifica de janeiro a maio, sendo ela uma das plantas medicinais que são mais comercializados na região norte do Brasil. A andirobeira é reconhecida, oficialmente, pelo Ministério da Saúde do Brasil por possuir propriedades fitoterápicas. No presente trabalho foram coletadas amostras de óleo de dois municípios paraenses (Baião e Cametá). Foram realizadas as seguintes análises: densidade, viscosidade, pH e teor de voláteis. Aos dados obtidos foram aplicas as técnicas de PCA e HCA, que foram capazes de discriminar as amostras conforme sua procedência.
Palavras chaves
Amazônia; análise multivariada; óleo vegetal
Introdução
A andiroba (Carapa guianensis Aubl.) pertence à família botânica Meliaceae (BOUFLEUER, 2004). No Brasil, pode ser encontrada em toda a bacia Amazônica, preferencialmente nas várzeas e áreas alagáveis (FERRAZ, 2003), mas também são encontradas em locais bem drenados de terra firme (RAPOSO et al., 2003). É uma árvore de grande porte, podendo atingir 25 a 30 metros de altura, de fuste reto e cilíndrico, com sapopemas na base. Sua floração ocorre em época chuvosa, e a frutificação entre os meses de janeiro a maio. Os frutos são ouriços redondos, formados de 4 valvas que, quando estão maduros, abrem-se deixando cair no solo às sementes (CAVALCANTE, 1991). Essas sementes liberam um óleo, de coloração amarela, sabor amargo, que possui propriedades medicinais, com potencial comercial, e se destaca entre os óleos tradicionais do norte do país. Seu óleo extraído das sementes solidifica em temperaturas inferiores a 25°C, sua consistência é parecida com a vaselina, que rancifica após a extração das sementes pelo processo artesanal, sendo considerado impróprio para alimentação (SILVA, 2005), não obstante, é muito procurada pelas indústrias cosméticas e farmacêuticas em função de utilização popular na América Sul como analgésico, anti-inflamatório, antibacteriano, antiparasitário, contra o câncer e alergias (BALDISSERA et al., 2013; SENHORINI et al., 2012). Dessa forma, a presente pesquisa teve por objetivo determinar características físico-químicas do óleo de andiroba, dos municípios de Baião e Cametá, e aplicar as técnicas de análise de componentes principais (PCA) e análise hierárquica de agrupamentos (HCA) para tentar discriminar as amostras conforme sua origem geográfica.
Material e métodos
Foram adquiridas 10 amostras de óleo de andiroba no mês junho de 2015, em dois municípios paraenses, sendo 5 amostras de Baião (denominadas BA1 a BA5) e 5 de Cametá (denominadas CA1 a CA5). Os óleos foram extraídos recentemente de sementes maduras. Após a aquisição das amostras, estas foram levadas para o Laboratório de Química Farmacêutica da Universidade Federal do Pará (UFPA) para análise dos parâmetros físico-químicos: densidade, aferida através da massa de óleo contida em proveta de 10 mL; pH, determinado utilizando um pHmetro (PHTEK) calibrado; viscosidade, determinada por meio do escoamento em copo Ford e medida do tempo de escoamento, sendo tempo convertido em viscosidade através da equação fornecida (ADOLFO LUTZ, 1985); teor de voláteis, determinado através da adição de 2 g de óleo em cadinhos previamente tarados, e colocado em uma estufa já aquecida a 105°C e deixados por cerca de 24 h. Todos os resultados foram expressos em termos de média e desvio padrão, e todos os parâmetros foram subjugados analise de variância (ANOVA) e teste de Tukey. O tratamento estatístico multivariado de análise de componentes principais foi executado empregando o programa MINITAB 16.
Resultado e discussão
Os resultados obtidos estão expressos na Tabela 1. Ferreira et al. (2005) encontrou a densidade de 0,915 g/cm³, sendo ligeiramente inferior a obtida neste trabalho, mas a densidade encontrada por Cruz et al. (2012) variou entre 0,923 e 0,941g/cm3, mostrando ser este valor mais próximo ao encontrado neste trabalho. A viscosidade média encontrada por Silva et al. (2014) variou entre 155,67 e 253,21 cSt, sendo superior à encontrada no presente trabalho. O valor obtido para teor de voláteis foi superior em relação ao valor médio encontrado por Silva et al. (2014), de 0,79%. De acordo Silva et al. (2011) os valores encontrados para o parâmetro de teor de voláteis foram de 1,34 a 2,37%, que mais se assemelha ao obtido aqui. Contudo Cruz et al. (2012), trabalhando com sementes e óleos de andiroba, encontrou o valor médio entre 42 a 55%, sendo superior ao atual trabalho. A aplicação das técnicas de PCA e HCA (Figura 1) conseguiram discriminar as amostras conforme sua origem (Cametá ou Baião), indicando que os óleos desses dois municípios podem ser considerados distintos em termos dos parâmetros analisados.
Letras iguais indica não haver diferença significativa conforme ANOVA e teste t de Student (p<0,05).
Conclusões
Neste presente trabalho visa contribuir para caracterização físico-química de óleos de andiroba do Pará, na medida em que os resultados da literatura se referem a óleos de outras localidades. Os parâmetros físico-químicos das amostras estudadas alguns se aproximaram aos resultados encontrados na literatura. Também as análises de HCA e PCA se mostraram indicadas para a distinção da origem dos óleos.
Agradecimentos
A UFPA e a UFRA
Referências
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