ISBN 978-85-85905-19-4
Área
Produtos Naturais
Autores
Soares Ferreira, J. (INSTITUTO FEDERAL DO PARÁ) ; Correira da Rocha, D. (INSTITUTO FEDERAL DO PARÁ) ; de Lima dos Santos, B. (INSTITUTO FEDERAL DO PARÁ) ; Alcantara Seabra, P. (INSTITUTO FEDERAL DO PARÁ) ; de Araujo Ribeiro, E. (INSTITUTO FEDERAL DO PARÁ) ; Souza da Luz, P.T. (INSTITUTO FEDERAL DO PARÁ) ; Campos da Silva, J. (CESUPA) ; Hitoshi Wataya, C. (INSTITUTO FEDERAL DO PARÁ)
Resumo
A Caamembeca (polygala spectabilis) planta encontrada Pará, utilizada para fins medicinais no tratamento de hemorroidas e cicatrizantes, o que despertou interesse para o estudo mais aprofundado da planta através de analises para se obter informações a respeito dos constituintes químicos da mesma. A pesquisa objetivou realizar testes fotoquímicos na raiz, caule e folhas da planta para a caracterização da espécie. A planta coletada e a metodologia de prospecção preliminar permitiram os testes fitoquímicos para as classes de metabólitos de alcaloides, taninos, flavonoides, saponinas, antraquinonas, esteroides e triterpenos. A extração do material foi feita com etanol e utilizou-se reagentes específicos a cada classe de metabólitos. Os resultados foram positivos para a maioria deles.
Palavras chaves
Caamembeca; Fitoquímicos; Plantas medicinais
Introdução
A Polygala spectabilis, é uma espécie neotropical encontrada no Peru (Brako & Zarucchi, 1993), Guiana Francesa (Jacobs-Brouwer 2002) e no Brasil onde foi referida para o Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rio de aneiro (Marques 1979). Na Paraíba foi encontrada em áreas de floresta atlântica e brejos de atitude, habitando solos humosos e afloramentos rochosos. A utilização de plantas no tratamento de doenças, no Brasil, apresenta, fundamentalmente, influências da cultura indígena, africana e europeia. Essas influências que deixaram marcas profundas nas diferentes áreas de nossa cultura constituem a base da medicina popular que, há algum tempo, vem sendo retomada pela medicina natural, que procura aproveitar suas práticas, dando-lhes caráter científico e integrando-as num conjunto de princípios que visam não apenas curar algumas doenças, mas restituir o homem à vida natural (MARTINS et al., 1998). No Brasil a farmacopeia popular é muito diversa e baseada em plantas medicinais, resultado de uma miscigenação cultural com a introdução de espécies exóticas pelos colonizadores e escravos. Além disso, o país possui a maior diversidade vegetal do planeta, aproximadamente 55 mil espécies de plantas superiores (ENGELK et al., 2000). A espécie selecionada neste trabalho é a Polygala spectabilis, que tem o nome popular de Caamembeca, utilizada na medicina tradicional para tratamento da hemorroida. Deste modo, buscou-se analisar o perfil fotoquímico da Caamembeca, tendo em vista que ainda é bastante reduzido o número de estudos químicos com a espécie vegetal Polygala spectabilis, ainda que esta tenha uso popular.
Material e métodos
O presente trabalho foi realizado com as técnicas de analises fotoquímicas denominado por (Honda 1990) e (Matos, 1997), a técnica de prospecção dos constituintes de extratos de plantas. Após o processo de trituração e moagem, o material foi separado, sendo 10g foi suspenso em 100 ml de etanol a 80% por 48 horas. Prospecção de constituintes da planta: Alcaloides.Utilizou-se 3 ml as solução extrativa, em um tubo de ensaio, para o vidro de relógio e evaporizou em banho-maria, foi adicionado o 3ml de acido clorídrico a 5%, filtrou-se e adicionou 3 gotas do reagente Dagendorff para a verificação da presença de alcaloide. Taninos: Em um tubo de ensaio contendo 2 ml do extrato, adicionou-se 3 gotas de cloreto férrico, agitou-se e observou-se variação de cor na superfície. Flavonoides: Usou-se 2 ml da solução extrativa. Adicionaram-se fragmentos de magnésio em fita. Acrescentou-se 5 gotas de Ácido Clorídrico concentrado. Saponinas: Transferiu-se 2 ml de solução extrativa para tubo de ensaio até completar o volume de 10ml com água destilada. Tampou-se e agitou-se rigorosamente por 1 minuto. O tubo de ensaio foi mantido por 15 minutos em repouso. Antraquinonas: Transferiu-se 3 ml da solução extrativa par um tubo de ensaio. Adicionou-se 3 ml de ácido sulfúrico a 10%. Agitou-se e acrescentou-se 3 ml de Benzeno e agitou-se cautelosamente. Desencadeou a camada benzênica superior par outro tubo de ensaio. Adicionou-se a este novo tubo de ensaio 3 ml de solução de hidróxido de amônio a 10%. Observou-se o resultado. Esteroides e triterpenos: Em 3 ml de solução extrativa para um Becker de 10ml. Evaporou o solvente em banho-maria. No resíduo seco com 3 ml de clorofórmio Adicionou-se ao tubo 1ml de anidrido acético, agitou-se e foi acrescentado 1ml de ácido sulfúrico concentrado.
Resultado e discussão
Visando o estudo dos vegetais optou- se por investigar de forma a conhecer as espécies medicinais presente e obter informações preliminares da composição química, através de analises fotiquímicas da raiz, caule e folhas para as classes de substancias para alcaloides, antitumorais, antitussígenos, antivirais; taninos que ajudam no tratamento de hipertensão arterial, queimaduras, bactericida, fungicida; flavonoide, que apresentam atividades anti-inflamatórias, antialérgicos, anticancerígenos, anti-hemorrágica; saponinas, expectorante, laxante antiviral, antraquinonas, negativos para raiz, caule e folhas esteroides e triterpenos anti-inflamatório.Durante a coleta do material verificou-se que os caboclos utilizam a Caamembeca Polygala spectabilis, como cicatrizante, para o tratamento de hemorroidas, nesse caso por via oral em forma de chás (cozimento da planta com água) ou maceração para extração do suco das folhas. Para uso tópico faz-se maceração das folhas para utilização em feridas. Nesse modo de preparação para uso medicinal da Caamembeca está de acordo com Visbiki et al (2003), que utiliza o método cru ou frio, cozido ou quente, a partir do cozimento da planta em agua é a forma mais utilizada.
Resultado dos Testes:
Classes Raiz Caule Folhas
Alcaloide Positivo Positivo Positivo
Taninos Positivo Positivo Positivo
Flavonoides Negativo Positivo Positivo
Saponinas Positivo Positivo Positivo
Antraquinonas Negativo Negativo Negativo
Esteroides e triterpenos Positivo Positivo Positivo
No Brasil considerando a ampla diversidade de espécies vegetais, bem como a riqueza étnica e cultural, as plantas medicinais devem ocupar posição de destaque em relação à importância do uso popular medicinal (Garlet & Irgang, 2001).
Conclusões
Os estudos fitoquímicos são importantes para a comunidade cientifica, uma vez que o uso de vegetais para fins terapêuticos é crescente. As análises fitoquímicas da Caamembeca Polygala spectabilis trouxeram informações relevantes a cerca da presença de metabolitos secundários. Pois se faz necessário validar as plantas consagradas pela etnomedicina. Quanto à indicação terapêutica uma planta apresenta um índice de concordância relativamente alto entre os informantes, sugere-se a real efetividade no tratamento da doença (Friedman et al, 1986). As analises mais profundos serão feitos posteriormente
Agradecimentos
Ao Instituto Federal de Educação, Ciência e tecnologia do Pará - IFPA que tem apoiado nas pesquisa Centro Universitário do Estado do Pará - CESUPA que abriu as port
Referências
Brako, L. & Zarucchi, J.L. 1993. Catalogue of the Flowering Plants and Gymnosperms of Peru. Monographs in Systematic Botany from Missouri Botanical Garden 45: 1-1286.
Engelk, F. Fitoterapicos e Legislação. Jornal Brasileiro de Fitomedicina 1(1): p10-15. 2000.
ENGELK, F. Fitoterapicos e Legislação. Jornal Brasileiro de Fitomedicina 1(1): p10-
15. 2000.
HONDA, N. K et. al. Estudos quimícos de plantas de Mato Grosso do Sul I: triagem fitoquimicas. Campo Grande – MS, EUFMS, 1990.
Jacobs-Bronwer, A.2002. Polygalaceae (MilkWort Family). Pp. 585-589. In: S.A. Mori; G.Cremers; C.A. Gracie; J.J. de Grenville; V. Heald; M. Hoff & J.D. Mitchell (eds.). Guide to vascular plants of Central French Guiane – Memories of The New York Botanical Garden. The New York Botanical Garden, Press.
Marques, M.C.M. 1979. Revisão das especies do genero Polygala L. (Polygalaceae)do Estado do Rio de Janeiro. Rodriguesia 48: 69-339, est. 1-84.
MATOS, F. J. A. Planta da medicina popular do nordeste: propriedades atribuídas e confirmadas. Fotaleza: EUFC,1999. 80 p.
Martins, E.R.; Plantas Medicinais. 1a ed. Minas Gerais. Ed. UFV. p 220. 1998.
VISBISKI, V. N. et al. Uso popular das plantas medicinais no assentamento Guanabara, Imbaú –PR. Publi.UEPG Ci. Exatas terra, Ci. Agr, Eng.,Ponta Grossa, v.9,n.1, p 13-20, 2003