ISBN 978-85-85905-19-4
Área
Produtos Naturais
Autores
Pinto da Costa, L. (CESP/UEA - UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS) ; Bruce da Silva, K. (CESP/UEA - UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS) ; Raimundo Fonseca, R. (CESP/UEA - UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS)
Resumo
O estudo avaliou a fungitoxicidade do extrato n-hexânico de folíolos de Astrocaryum jauari, sobre efeito no crescimento e/ou mortalidade dos isolados de Colletotrichum gloeosporioides, Fusaruim solani e Rhizoctonia solani provenientes de plantas de maracujazeiro. O extrato foi obtido pela técnica de extração exaustiva, utilizando-se como solvente o n-hexano, e posteriormente concentrado em rotaevaporador de pressão reduzida. Para o Colletotrichum gloeosporioides observou-se que o extrato de Astrocaryum jauari na concentração de 1% reduziu o crescimento em 43,29%. Para Rhizoctonia solani, em 20,57%. Enquanto que, para Fusarium solani não houve redução. O extrato n-hexanico de A. jauari mostrou-se promissor na redução do crescimento de Colletotrichum gloeosporioides e Rhizoctonia solani.
Palavras chaves
Extrato hexânico; Atividade fungicida; Patógenos acujazeiro
Introdução
A maior ocorrência de perdas por agentes microbianos envolvidos com podridões de frutos é causada por fungos. Muitas plantas contém substâncias químicas com atividade inseticida, fungicida, acaricida, bactericida e alelopática (Fonseca, 2012). Dessa forma, extratos vegetais surgem como uma alternativa no estudo da atividade antifúngica, já que as plantas possuem grande potencial em sintetizar substâncias químicas com estruturas diversificadas como sistema de defesa contra agentes patogênicos (Rodrigues et al., 1997). A literatura tem registrado a eficiência de diversos extratos vegetais em promover a inibição do desenvolvimento de vários fitopatógenos de natureza fúngica (Wilson et al., 1997). Nas décadas de noventa e dois mil, há grande demanda pelo uso de agroquímicos, principalmente, os defensivos agrícolas: herbicidas, fungicidas, inseticidas, nematicidas sintéticos que controlam as pragas, porém, agridem o solo e o meio ambiente. A partir de 1960, esse padrão agrícola foi difundido num processo conhecido como Revolução Verde. A literatura relata vários extratos vegetais que apresentam atividade inibitória de vários fitopatógenos de natureza fúngica (WILSON et al., 1997), assim como, relatos obtidos da população que utilizam folhas de jauari (Astrocaryum jauari) para afastar insetos dos frutos colhidos, esta planta se configura como objeto de estudo neste trabalho, pretendo avaliar o efeito fungicida do extrato hexânico preparado a partir dos folíolos da espécime sobre isolados de Colletotrichum gloeosporioides, Fusaruim solani e Rhizoctonia solani provenientes de plantas de maracujazeiro. Caso o extrato apresente resultado positivo, poderá se tornar um fungicida de origem natural para ser utilizado na redução do desenvolvimento de fungos em frutos.
Material e métodos
Cerca de 4,0 Kg do Astrocaryum jauari foi desidratado a temperatura ambiente, com média de 35°C, durante cinco dias rendendo(300g). Foi submetido a extração exaustiva com n-hexano (5x400mL), concentrado em rotaevaporador rotativo, em condições de temperatura ambiente obtendo-se aproximadamente 25g do extrato bruto que foi encaminhado ao Laboratório de Fitopatologia da Embrapa Amazônia Oriental para a avaliação de sua atividade fungicida em isolados provenientes de maracujazeiro. Utilizou-se o isolado de Colletotrichum gloeosporioides, proveniente de plantas de maracujazeiro do município de Castanhal-PA, o isolado de Fusarium solani proveniente do município de Parauapebas-PA e o isolado de Rhizoctonia solani proveniente do município de Tomé-Açu-Pa. Todos os isolados se encontram preservados no Laboratório de Fitopatologia da Embrapa Amazônia Oriental. O extrato hexânico de A. jauari foi filtrado em membrana de 0,22 µm, e em seguida incorporado ao meio de cultura BDA fundido, obtendo uma concentração de 1%. Para o tratamento da testemunha foi utilizado o meio BDA sem extrato. Após a solidificação do meio, foi depositado um disco de micélio fúngico de 8 mm de diâmetro no centro de placas de Petri contendo o meio com o extrato. A determinação do crescimento micelial foi realizada diariamente com auxílio de um paquímetro, Os dados obtidos foram utilizados no cálculo do índice de velocidade de crescimento micelial, de acordo com a fórmula descrita por Oliveira (1991): Para cada fungo, o delineamento experimental foi inteiramente casualizado com 3 tratamentos e 5 repetições. Os dados foram submetidos à análise de variância e a comparação das médias foi realizada pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade utilizando-se do programa estatístico ESTAT (UNESP - Jaboticabal, SP).
Resultado e discussão
Para o fungo Colletotrichum
gloeosporioides observou-se que o extrato
de
Astrocaryum jauari reduziu
significativamente seu crescimento em
43,29%. Para
Rhizoctonia solani, o extrato de A.
jauari reduziu o crescimento do patógeno
em
20,57%. Enquanto que, para Fusarium
solani não houve redução do crescimento
pelo
extrato de A. jauari, (Gráfico 1).
Gráfico 1. Efeito do extrato de
Astrocaryum jauari sob o crescimento
micelial de
Colletotrichum gloeosporioides, Fusarium
solani e Rhizoctonia solani.
aIVCM = índice de velocidade de
crescimento micelial, bMédias seguidas
de mesma letra não diferem entre si pelo
teste de Tukey ao nível de 5% de
probabilidade.
O extrato de Astrocaryum jauari
na concentração de 1% mostrou-se
promissor na redução do crescimento de
Colletotrichum gloeosporioides e
Rhizoctonia solani. No entanto, estudos
in vitro deverão ser realizados a fim de
confirmar o potencial dos extratos
avaliados no controle alternativo de
doenças
fúngicas do maracujazeiro.
Efeito do extrato de Astrocaryum jauari sob o crescimento micelial de Colletotrichum gloeosporioides, Fusarium solani e Rhizoctonia solani.
Conclusões
Levando-se em conta o que foi observado, conclui-se que os bioensaios demonstraram atividade fungicida do extrato n-hexânico de Astrocaryum jauari (1%), o mesmo causou redução do crescimento dos isolados Colletotrichum gloeosporioides e Rhizoctonia solani. Portanto, a espécie apresenta boas perspectivas para possível uso como fungicida de origem natural para ser utilizado na redução do desenvolvimento de fungos em frutos.
Agradecimentos
Ao Dr. Antônio Pedro da Silva Souza Filho-EMBRAPA/PA FAPEAM-Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas UEA/CESP - Universidade do Estado do Amazonas/Cent
Referências
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