ISBN 978-85-85905-19-4
Área
Ensino de Química
Autores
Flores Cabral Rotsen, W. (UEPA) ; Brito Silva, M.D. (UEPA) ; Diniz, V.W.B. (UEPA)
Resumo
Apesar de a Ciência estar sempre em evolução, ainda percebemos que os mitos que surgiram séculos atrás permeiam a mentalidade da população. A fim de proporcionar maior conhecimento sobre a História da Ciência, assim como avaliar, quantificar e quebrar mitos e paradigmas que estão presentes na sociedade relacionados à química e ao cientista, realizou-se uma oficina intitulada “O Misticismo e a Química”, a qual foi dívida em três momentos para atender 25 graduandos da Habilitação Química e em seguida foi aplicado um questionário com 3 perguntas abertas, onde verificou-se que muitos paradigmas relacionados ao cientista estão presentes em suas ideologias, necessitando assim, uma maior abordagem do tema pelo professor em suas aulas.
Palavras chaves
Mitos; Ensino de Química; História da Ciência
Introdução
Para Joseph Campbell (1993), “o material do mito é o material da nossa vida, do nosso corpo, do nosso ambiente; e uma mitologia viva, vital, lida com tudo isso nos termos que se mostram mais adequados à natureza do conhecimento da época”. Durante todas as épocas, tudo o que o homem não sabia explicar de forma racional, era explicado de forma mística. Assim, a sociedade se desenvolveu fazendo ciência e acreditando em mitos, buscando explicações lógicas e racionais. Aos poucos isto se torna possível, e com a constante evolução da ciência foi possibilitado à explicação de certos fenômenos, desmistificando assim, certas crendices, no entanto, muitos mantiveram-se presentes no cotidiano. Grande parte dos mitos que a população acredita e cultiva surgiram a partir da influência de grupos de poder sobre o povo, de acontecimentos históricos que posteriormente foram mal compreendidos e principalmente pela falta de conhecimento científico por parte dos que presenciavam cientistas manipulando substâncias químicas. O analfabetismo científico da população fez com que surgissem diversos mitos a respeito das ciências e sobre aqueles que a praticavam, os cientistas. Mesmo com a ciência tendo suas informações mais acessíveis, certos mitos se enraizaram na sociedade, como o mito do cientista ser solitário e antissocial, da química não ser uma ciência aberta para novas descobertas, e que para se fazer química é necessário estar em um laboratório realizando experimentos perigosos. Portanto, objetivo do trabalho foi avaliar, quantificar e quebrar mitos e paradigmas relacionados a química e ao cientista que estão presentes na sociedade, assim como formar cidadãos que compreendam o que realmente aconteceu na História da Ciência abordando alguns mitos que envolviam a os químicos e a química.
Material e métodos
A oficina foi aplicada para 25 graduandos que estão cursando o primeiro semestre do Curso de Licenciatura Plena em Ciências Naturais - Habilitação Química da Universidade do Estado do Pará - UEPA e desenvolvida em três momentos, tais como: teoria, atividade e prática. No primeiro momento foi abordado a História da Ciência, desde as primeiras utilizações da química pelo homem, passando pela idade média e pela alquimia, explicando como ela surgiu, como os alquimistas pensavam, qual a importância que teve para a química e os mitos que existem até hoje. Por fim, abordou – se como a química foi criada e fixada, levando – se em consideração a todos os problemas surgidos. No segundo momento, foi pedido que os graduandos desenhassem em uma folha de papel, um cientista, a casa dele e sua família. Após isto foi feito um jogo de perguntas com a turma, os quais deveriam dizer se acreditavam que a resposta era mito ou verdade. Este jogo continha sete perguntas, que após serem respondidas, era explicado o porque estas eram mito ou verdade sobre a história que envolvia cada pergunta. Já no último momento foi realizado um experimento de indicador ácido-base, denominado “Sangue do Diabo”, que teve a intenção não só de fixar o conteúdo abordado na oficina, como de mostrar um experimento que fosse menos formal em seu processo de desenvolvimento, acontecimentos estes que foram explicados posteriormente aos alunos. Ao final das atividades, foi aplicado um questionário contendo três perguntas abertas para que pudéssemos conhecer o entendimento dos graduandos sobre o tema proposto para a oficina.
Resultado e discussão
Durante a oficina, os graduandos demonstraram grande interesse no assunto,
principalmente nos mitos que estão presente no cotidiano. No momento em que
desenhavam como é o cientista, como seria a sua casa e sua família, notou-se
que alguns ficaram pensativos e chegaram a discutir entre si como seria a
casa e a família de um cientista e se estes existiam. Dos 25 graduandos que
participaram da oficina, 48% desenharam um cientista como sendo uma pessoa
normal, enquanto 52% desenharam uma pessoa com aparência maluca, utilizando
fogo ou instrumentos perigosos. Para o segundo desenho, o qual estes tinham
que fazer a casa do cientista, 56% destas eram moradias normais, já 44%
diziam que o cientista tinha uma casa cheia de apetrechos científicos. No
último desenho em que deveriam mostrar a família do cientista, apenas 48%
disseram que o cientista tem uma família, enquanto 52% disseram que o
cientista é solitário e não possui família.
Devido a turma ser do primeiro semestre e ainda não ter tido práticas
laboratoriais, ficaram curiosos sobre o fenômeno que o experimento “Sangue
do Diabo” causava após entrar em contato com as roupas, por ser simples,
rápido e fácil de realizar. 100% dos graduandos disseram ser válido para
aplicação com alunos do Ensino Médio, não somente como forma de curiosidade,
assim como também uma forma de aprendizado, além de que abordar esses temas
pode ser divertido e interessante.
Desenhos desenvolvidos pelos graduandos de Química.
Conclusões
Nesta oficina verificou-se ser necessário uma maior abordagem sobre os mitos que cercam a química e o cientista, a fim de que os graduandos possam ter uma visão real de como é o cotidiano de um cientista e o que este faz, assim como a importância da química para a sociedade, buscando deste modo trabalhar o interesse destes pela química. Os professores necessitam ter responsabilidade pela História da Ciência abordada com os temas de química, sendo também uma forma de aprendizado durante as aulas que serão desenvolvidas, tornando–as mais interessantes e propícias para a aprendizagem.
Agradecimentos
Referências
CAMPBELL, Joseph. As Transformações do Mito Através do Tempo. São Paulo. Editora Cultrix Ltda, 1993.
SANTOS, R. P. Misticismo Científico, Mistificação da Ciência ou a Busca do Homem Integral?. Lisboa, 1994. Disponível em: <http://www.fisica-interessante.com/files/artigo-misticismo_cientifico_mistificacao_ciencia.pdf >. Acessado em 12/06/2016.
SILVA, C. S.; OLIVEIRA, L. A. A.; OLIVEIRA, O. M. M. F. Rede São Paulo de Formação Docente: Evolução histórica da Química. São Paulo. Unesp / Redefor, 2011.