ISBN 978-85-85905-19-4
Área
Ensino de Química
Autores
Marques, G.N. (IFMA - CAMPUS SÃO LUÍS, MONTE CASTELO) ; Azevedo, E. (IFMA - CAMPUS SÃO LUÍS, MONTE CASTELO) ; Teixeira, E.J.N. (IFMA - CAMPUS SÃO LUÍS, MONTE CASTELO) ; Nascimento, A. (IFMA - CAMPUS SÃO LUÍS, MONTE CASTELO) ; Oliveira, E.C.N. (IFMA - CAMPUS SÃO LUÍS, MONTE CASTELO) ; Oliveira, A.C.C. (IFMA - CAMPUS MONTE CASTELO)
Resumo
A utilização de estratégias diferenciadas no processo avaliativo do conhecimento ainda é bem escassa, isso acontece devido à dificuldade de compreender a avaliação como um processo que não é somente quantificado. O uso do jogo sem duvida é algo muito importante para o processo ensino- aprendizagem, ainda mais quando utilizado como ferramenta avaliativa uma vez que ele conduz a exploração e a construção do conhecimento. A partir dessa pesquisa foi desenvolvido um jogo que serviu como uma ferramenta avaliativa no ensino dos conteúdos termoquímica. Os resultados obtidos a partir da aplicação do jogo desenvolvido durante a pesquisa foram positivos e evidenciaram a importância do uso de novas ferramentas que estimulem a quebra do conceito de que avaliação precisa ser algo difícil e estressante.
Palavras chaves
Ensino de Química; Jogo didático; Físico-química
Introdução
O conceito atual de avaliação como processo de medida surgiu no início do século XX, nos Estados Unidos, com os estudos de Thorndike acerca dos testes educacionais, por isso primeiros nos anos do século XX avaliar estava diretamente ligado a quantificar (SOBRINHO, 2003). Segundo Hadji (2001), essa perspectiva de quantificação e nota, além das velhas ‘receitas’ de como avaliar ainda são lembrados como meio de medida de desempenho dos alunos. Recentemente surgiram alguns estudos que utilizaram o jogo pedagógico como recurso avaliativo o qual auxilia na construção do conhecimento, estimulando a busca por respostas. Ainda que a avaliação esteja condicionada a métodos antigos e mal vista, os jogos surgem como ferramenta diferenciada e que propõe uma experiência espontânea de aprender, através de alguns elementos do jogo que podem causar uma dinâmica diferente na sala de aula. Antes da aplicação do jogo, o professor deve estar atento a alguns pontos importantes, como por exemplo, ter os objetivos que deseja alcançar bem claros e definidos e quais são as limitações dos seus alunos além um planejamento especifico e crítico quanto a efetividade do jogo mediante os assuntos que já foram abordados na sala. O jogo deve ter regras claras e direcionadas para os conteúdos estudados, além de respeitar as diferenças dos alunos.
Material e métodos
O objetivo dessa pesquisa foi desenvolver um jogo que pudesse ser utilizado na sala de aula como ferramenta de avaliação dos conteúdos de físico- química, para isso foi necessário fazer um levantamento sobre o conteúdo em alguns livros do segundo ano de química utilizados em três escolas publicas, nas quais o jogo seria aplicado. Na segunda etapa do projeto foram coletadas algumas informações sobre o perfil dos alunos, o nível de conhecimento sobre o assunto, através de questionários. A terceira etapa da pesquisa foi direcionada a criação do jogo baseado no levantamento dos conteúdos feito nos livros utilizados nas escolas e o que os alunos conheciam sobre o conteúdo. O jogo desenvolvido é no formato de tabuleiro, acompanham cartas e dados, que são lançados para identificar o jogador que inicia cada bloco de perguntas, o jogo tem um diferencial que é a possibilidade de ser jogado em equipe. Caso o professor deseje avaliar uma turma muito grande, ele pode dividir a turma em grupos, nesse caso os outros jogadores além do principal são chamados de “sombra”, e podem reversar de acordo com as cartas disponíveis em cada bloco. Cada jogador principal responde a uma pergunta relacionada ao conteúdo de termoquímica e acumula dois pontos se acertar, passa para outro nível ou grupo se acertar a quantidade preestabelecida de pontos para cada nível. Ganha o jogo quem acertar mais pontos, pra isso terá que passar por alguns desafios que podem custar alguns pontos.
Resultado e discussão
Participaram da pesquisa 112 alunos da segunda série do ensino médio, de
três escolas públicas estaduais e três professores. Os alunos responderam um
questionário que foi divido em cinco blocos com cada um contendo quatro
perguntas sobre o conteúdo de termoquímica. A partir da analise dos dados
obtidos através desses questionários pode-se notar que somente 6,2% dos
alunos conheciam o assunto e responderam mais de dez perguntas, no entanto
nenhum dos alunos respondeu mais que quinze questões. Outro dado importante
foi que 65% dos alunos não compreendiam o conteúdo, porque segundo alguns
deles haviam cálculos complicados e outros tinham que decorar algumas
fórmulas e definições. Antes da aplicação do jogo foram ministradas cinco
aulas com o objetivo de ajudar os alunos na compreensão dos conteúdos. Cada
grupo de alunos tinha um jogador principal e três jogadores auxiliares.
Durante o jogo uma das regras foi adaptada para que todos pudessem
participar cada um dos alunos tinha que responder uma quantidade igual de
perguntas em cada nível. Cada resposta certa somava dois pontos no jogo. De
acordo com 73% dos alunos participantes da pesquisa, o uso do jogo como
avaliação foi um diferencial, pois não só retirava a pressão típica de
provas tradicionais como também fazia com que algumas características
competitivas do jogo fizessem com que a atividade parecesse muito simples
apesar das perguntas utilizadas seguirem o mesmo padrão das atividades
encontradas nos livros didáticos. O resultado no final foi uma significativa
mudança nos resultados dos alunos, 83% dos alunos acertaram mais de 25
perguntas, sendo que para percorrer todo o tabuleiro tinham que responder
pelo menos 21 perguntas. Apenas 6% dos alunos ficaram abaixo da média, que
era de 10 perguntas.
Conclusões
Os jogos bem como outras estratégias lúdicas se apresentam como ferramentas muito importantes no momento da avaliação, pois conseguem fazer os alunos se divertirem ao invés de ficarem nervosos, além de trabalhar o lado crítico dos alunos. Outro ponto que merece atenção é a forma com a qual o jogo deve ser utilizado, sempre acompanhado de um objetivo claro que possa ajudar na busca de resultados positivos e que se distancie dos meios tradicionais utilizados. O professor deve sempre estar atento às necessidades dos alunos pra que os mesmo não se sintam perdidos durante a avaliação.
Agradecimentos
Ao IFMA Campus São Luís Monte Castelo
Referências
DIAS SOBRINHO, José. Avaliação: políticas e reformas da Educação Superior. São Paulo: Cortez, 2003.
HADJI, Charles. A Avaliação desmitificada. Porto Alegre: Artmed, 2001.