ISBN 978-85-85905-19-4
Área
Ensino de Química
Autores
Gomes, E.B. (UEPA) ; Oliveira, T.R.C. (UEPA) ; Maia, M.S. (UFPA) ; Silva, M.L.L. (UEPA) ; Azevedo, W.H.C. (UEPA) ; Fortuna, K.A.V. (UEPA)
Resumo
O trabalho teve por objetivo propor a estudo da química orgânica fazendo uma relação com dois canabinóides: o canabidiol e tetrahydrocannabidiol presentes na “canabis” da maconha. Inicialmente ocorreu uma breve apresentação do resgate histórico da maconha e esclarecimentos sobre essas duas substâncias. Em seguida foi aplicado o jogo denominado Quimibol que permitiu a abordagem das fórmulas moleculares, o reconhecimento dos grupos funcionais, os tipos e quantidades de ligações químicas, assim como o tipo de isomeria da molécula. Ao final foi aplicado um questionário, o qual possibilitou registrar a visão dos estudantes sobre essa metodologia de Ensino. Mediante aos relatos obtido, os alunos afirmaram que essa forma de ensino despertou mais interesse por esse assunto da área da Química.
Palavras chaves
Química Orgânica; Canabinóides; Alfabetização Científica
Introdução
A abordagem das drogas nas escolas é pouco recorrente, pois o conteúdo de química orgânica, assim outros, muitas vezes é repassado dentro das salas de aulas de forma isolado não há uma associação com as temáticas presentes ao cotidiano do aluno. É necessário despertar o senso crítico dos estudantes para o conhecimento científico, possibilitando entender o quanto a química está presente ao cotidiano, a fim de fazê-los compreender que o conteúdo dirigido pelos docentes tem grande utilidade e aplicabilidade. O resgate histórico da maconha é importante para que percebam as diversas percepções sobre essa droga. O uso da maconha não é recente, na China por volta de 7000 a.c. utilizou-se na cura da malária, dores corporais e menstruais. Os Romanos e gregos utilizaram suas fibras para fabricação de tecidos e papéis. Atualmente, a sua utilização foi banalizada e em muitos países está integrada ao narcotráfico. Em relação a perspectiva científica é uma planta bastante investigada pela química medicinal, devido apresentar utilidades terapêuticas, como no caso do uso do canabidiol para o tratamento de doenças neurológicas Barreto (2002). O estudo sobre canabinóides desperta muitas curiosidades nos alunos, muitos desconhecem a quantidade e os tipos de substâncias contidas na maconha. Poucos detém a informação da presença de 400 compostos químicos nessa planta, além disso, alguns entendem que o canabidiol e o tetrahydrocannabidiol apresentam os mesmos efeitos no organismo, o que é um equívoco, pois eles agem de forma antagônicas. Enquanto o primeiro apresenta efeito anticonvulsivo, o segundo atua inversamente causando euforia, efeito sedativo (GUILHERME et. al., 2014).
Material e métodos
O desenvolvimento da oficina ocorreu em uma escola pública localizada em Belém-PA, com 25 alunos de uma turma da terceira série do ensino médio. Em um primeiro momento voltou-se para a compreensão histórica da maconha, com ênfase no estudo dos dois compostos químicos: Canabidiol e o tetrahydrocannabidiol. Posteriormente, esses alunos foram alocados em dois grupos e foi aplicado com eles o jogo Quimibol composto de materiais alternativos. Caracteriza-se como um jogo de tabuleiro com miniaturas de jogadores que simula o tradicional jogo de futebol com a utilização de perguntas e respostas. Utilizou-se um tabuleiro, uma bola e 85 cartas com duas opções de respostas sendo divididas em três categorias: 40 perguntas para jogadores, 20 para goleiros e 23 cartas auxiliares. Foi executado mediante a participação de 22 alunos em que foram divididos em dois times a aplicação teve durabilidade de no máximo 30 min. E os estudantes tiveram de responder perguntas relacionada ao reconhecimento das fórmulas moleculares, o reconhecimento dos grupos funcionais, os tipos e quantidades de ligações químicas, identificar os carbonos como primário, secundário e terciário, o tipo de isomeria das moléculas, além dos efeitos no organismo e aplicabilidades dos compostos. Quando o estudante acertava passava a bola para o próximo jogador e assim sucessivamente até chegar próximo do gol, o qual poderia ocorrer ou não dependendo do acerto da pergunta direcionada ao goleiro. No caso de erro da pergunta a posse de bola ou seja o direito a responder a próxima pergunta era da equipe adversária. Ao término do jogo a equipe vencedora foi considerada a com maior número de gols. Por fim ocorreu a aplicação do questionário, o qual registrou a visão dos estudantes com relação ao método de ensino proposto.
Resultado e discussão
O gráfico a seguir apresenta o resultado em porcentagem do questionário
composto de quatro perguntas aplicado com os 25 alunos. Através dele
constatou-se que alguns estudantes já apresentavam certo conhecimento sobre
a maconha, porém muito superficial. Ao serem questionados a respeito do
estabelecimento da relação entre a Química orgânica e os canabinóides da
maconha 80% afirmaram desconhecimento. Em relação a relevância da aplicação
de discussões sobre a maconha, assim como outras drogas dentro das salas de
aulas 88% mostraram-se favoráveis. Quanto a metodologia apresentada para o
ensino da Química Orgânica, 92% concordaram que despertou mais interesse
pelo estudo do tal conteúdo. Com relação a utilização do jogo Quimibol com
finalidade educativa 96% disseram que dinamizou e facilitou a aprendizagem.
Foi observado a falta de associação entre a química orgânica e a maconha,
isso contraria o que é assegurado pelos Parâmetros Nacionais para o Ensino
Médio- PCNEM (BRASIL, 2000), o qual enfatiza que o ensino precisa está
associado as temáticas sociais para que o estudante possa compreender a sua
realidade e seja incentivando a atuar na sociedade propondo soluções para as
problemáticas que os rodeiam, para a formação de um cidadão crítico. A
dificuldade em saber relacionar com a química, a maconha, é reflexo da forma
como o docente repassa o conteúdo aos alunos, vezes não busca fazer
associações e levar em consideração os conhecimentos prévios dos estudantes
o que possibilita ao aluno uma aprendizagem mecânica, logo não são levados
ao questionamento. Os alunos apresentaram curiosidades a respeito dessa
droga, isso é importante, pois induz os estudantes as perguntas e até mesmo
a prática da pesquisa, de forma a possibilitar aprendizagem significativa
(VIEIRA, 2012).
De um total de 25 alunos apenas 5 responderam sim e 20 não para a 1ª pergunta. Quanto a 2ª 22 sim e 3 não.3ª 23 sim e 2 não. 4ª 24 sim e apenas 1 não.
Conclusões
É imprescindível a relação proposta para que o estudante possa perceber o cenário social, político e científico em que está inserida a maconha evitando a internalização de uma visão simplista apresentada por parte da mídia, além disso é essencial para que perceba a presença da química a qual pode ser aprendida de forma dinâmica, aliada as temáticas vivenciadas cotidianamente pelo estudante.
Agradecimentos
Referências
BARRETO, L. A. S. A maconha (cannabis sativa) e seu valor terapêutico. Brasília, 2002.
GUIHERME, C. G.; SANTOS, A. E. M. dos, DANTAS, A. E. de A.; MEDEIROS, L. L.; FILHO, V. F. O.; PINTO, D. S. Cannabis Sativa (Maconha): Uma alternativa no tratamento de crises convulsivas. Rev. Ciência Saúde Nova Esperança – Dez, 2014.
VIEIRA, F. A. da C. Ensino por Investigação e Aprendizagem Significativa Crítica: análise fenomenológica do potencial de uma proposta de ensino. Bauru, 2012.
BRASIL. Secretaria de Educação Média e Tecnológica, (Parâmetros Curriculares Nacionais Ensino Médio- Ciências da Natureza, Matemática e suas tecnologias-2000). Disponível em:http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/ciencian.pdf.
Acesso em: 30 jul.2016.