INTERNET NAS ESCOLAS PÚBLICAS DO MUNICÍPIO DE BREVES-ILHA DO MARAJÓ: O que isso tem a ver com o ensino de química?

ISBN 978-85-85905-19-4

Área

Ensino de Química

Autores

Sena Martins, A. (UFPA) ; Gama da Silva, C.E. (UFPA) ; Nascimento Cavalcante, P. (UFPA) ; Silva de Almeida, 2.M.J. (UFPA) ; Barreiros, H. (UFPA) ; Andrade dos Santos, E. (UFPA) ; Guimarães de Oliveira Medeiros, C. (UFPA) ; Teixeira Ferreira, D. (UFPA) ; Leal Moraes, G. (UFPA)

Resumo

O uso da internet na formação escolar é uma necessidade urgente diante de um mundo cada vez mais conectado. Essa pesquisa se concentrou em avaliar a conectividade com a internet em escolas de Ensino Fundamental 6º ao 9º Ano e Médio na cidade de Breves/PA. Os benefícios da interatividade e o universo de informações da interface online abrem portas às novas possibilidades de aprendizagem. Entretanto, 82% das escolas pesquisadas, na maior e principal cidade da Ilha do Marajó (maior ilha fluviomarítima do mundo), ainda não podem navegar pelo surpreendente mar de conhecimento e interatividade online. Além de democratizar o conhecimento, a internet nas escolas pode ser catalisador de uma educação de qualidade. Um ensino de química de qualidade no século XXI, também, necessita está conectado.

Palavras chaves

Internet; escolas públicas; Breves-Ilha do Marajó

Introdução

Em um mundo cada vez mais conectado é inaceitável que as escolas públicas brasileiras não tenham acesso à internet. O uso da internet na formação escolar é exigência da cibercultura, que surge com a interconexão mundial de computadores criando um novo espaço de sociabilidade, organização, informação, conhecimento e educação (Silva, 2010). A economia navega nas informações online, assim como a comunicação online penetra a sociedade como recurso básico. Neste contexto, a dinâmica e as potencialidades da interface online permitem ao professor superar os limites da sala de aula rumo a um universo de possibilidades de aprendizagem. Em relação ao ensino de química, há muitos conteúdos educativos de qualidade e gratuitos disponíveis na rede. Entre os variados objetos virtuais para o ensino de quimica encontram-se laboratórios virtuais (http://laboratorios.uaitec.mg.gov.br/), jogos didáticos virtuais (Lancaster et al., 2013), simuladores (Lancaster et al., 2013), programas para contrução e visualização de estruturas (Humphrey et al., 1996), entre outros. O objetivo da pesquisa foi reconhecer e avaliar a conectividade do ensino de Química e Ciências da natureza com as novas possibilidades de aprendizagem online, para porterior proposta de intervenção com uso de recursos pedagógicos disponíveis na internet para o ensino de química. Quando o professor convida o discente a nevegar em um site, além de lançar mão a uma nova mídia para potencializar a aprendizagem, ele está contribuindo pedagogicamente para a inclusão desse aprendiz no espírito do nosso tempo sociotécnológico.

Material e métodos

Entre os meses de Junho e Julho de 2016 foi realizada uma pesquisa em 11 escolas públicas que ofertam os anos finais do Ensino Fundamental (6º ao 9º Ano) e Ensino Médio da zona urbana do município de Breves-Ilha do Marajó sobre o acesso à internet nas escolas e qualidade de conexão com a rede. Foi aplicado um questionário semiaberto, que deveria ser respondido ou pela direção da escola, ou coordenação pedagógica ou profissional responsável pelo laboratório de informática, caso houvesse. Foram pesquisadas as escolas de ensino fundamental EMEF Centro Educacional da Ilha do Marajó, EMEF Estevão Gomes, EMEF Professora Odizia Corrêa Farias, EMEF Professor Raimundo Pinheiro, EMEF Paulo Rodrigues dos Santos, EMEF Professora Rosilda Ferreira, EMEF Santa Mônica; a escola de ensino fundamental e médio ERCEFM Santo Agostinho; e as escolas de ensino médio EEEM Elizete Fona Nunes, EEEM Gerson Perez e EEEM Maria Câmara Paes. Ao final foi realizada uma análise das informações coletadas.

Resultado e discussão

Foram pesquisadas 11 escolas de Ensino Fundamental (6º ao 9º Ano) e Ensino Médio localizadas na zona urbana do município de Breves-Ilha do Marajó, o que equivale a 90% do total das escolas alvo da pesquisa. Destas, 27% são responsabilidade do governo estadual e 73% do governo municipal; 73% oferecem Ensino Fundamental e 36% ofertam Ensino Médio (GRÁFICO 1). A pesquisa incluiu as escolas de ensino fundamental porque as difuculdades em compreender química, muitas vezes, não têm raízes na própria química, mas é resultado de dificuldades somáticas como um Ensino Fundamental deficitário pelo qual os discentes passaram, e um ensino de Ciências da Natureza e matemática deficitária, entre outras causas (Lima e Leite, 2012). Do total de escolas públicas pesquisadas, apenas as escolas EEEM Elizete Fona Nunes e ERCEFM Santo Agostinho informaram ter conexão com internet Banda larga, porém não informaram a velocidade. Portanto, apenas 18% das escolas públicas pesquisadas no município de Breves/PA têm conexão com a internet (GRÁFICO 2). Esse dado é alarmante, haja vista que, 82% das escolas públicas do maior e principal município da Ilha do Marajó (a maior ilha fluviomarítima do mundo), com cerca de 98.231 habitantes (IBGE, 2015), não podem navegar pelo surpreendente mar de conhecimento e interatividade online. Isso restringe o acesso à informação e igualdade de oportunidade para os estudantes, trazendo consequências negativas para o processo educativo em geral e reduz as possibilidades de aprendizagem no ensino de química. Entretanto, a pesquisa mostra que o acesso à internet nas escolas da Ilha do Marajó não é uma utopia. Pelo contrário, é um sonho possível que já começa a ser realidade, pois as escolas EEEM Elizete Fona Nunes e ERCEFM Santo Agostinho já estão conectadas.

GRÁFICO 1

Modalidade de ensino ofertado e esfera do poder executivo responsável pelas escolas pesquisadas.

GRÁFICO 2

Conexão com a internet em escolas públicas em Breves-Ilha do Marajó.

Conclusões

Além de democratizar o conhecimento, a internet nas escolas pode ser catalisador de uma educação de qualidade em um país que ainda tem uma longa caminhada em direção à educação necessária que todos esperam. Um ensino de química de qualidade no século XXI, também, necessita está conectado às novas possibilidades de aprendizagem online. Mas, sem acesso à rede em 82% das escolas, da maior e mais populosa cidade da Ilha do Marajó, alunos e professores ainda não podem ter acesso aos benefícios da internet no ambiente escolar, ficando sem igualdade de oportunidade.

Agradecimentos

Agradecemos à Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Federal do Pará e à Faculdade de Ciências Naturais do Campus do Marajó-Breves pelo apoio financeiro.

Referências

HUMPHREY, W.; DALKE, A; SCHULTEN, K. "VMD - Visual Molecular Dynamics", Journal of Molecular Graphics, vol. 14, 33-38, 1996.
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica-IBGE (2015) http://www.ibge.gov.br/home/. Acessado em 28/07/2016.
LANCASTER, K. V.; MOORE, E. B.; PARSON, R.; PERKINS, K. Insights from using PhET's design principles for interactive chemistry simulations. Em J. Suits & M. Sanger, M. (Eds.), Pedagogic Roles of Animations and Simulations in Chemistry Courses, ACS Symposium Series, 97-126, 2013.
LIMA, J. O. G.; LEITE, L. R. O processo de ensino e aprendizagem da disciplina de Química: o caso das escolas do ensino médio de Crateús/Ceará/Brasil. Revista Electrónica de Investigación en Educación en Ciencias. V 7, nº 2, 72-85, 2012.
SILVA, M. Educar na cibercultura: desafios à formação de professores para docência em cursos online. Revistas Digital de Tecnologias Cognitivas, PUC-SP, nº 3, 36-51, 2010.

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