ISBN 978-85-85905-19-4
Área
Ensino de Química
Autores
Dias, T. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ) ; Rodrigues, A. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ) ; Ribeiro, E. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ) ; Azevedo, L. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ) ; Belem, K. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ)
Resumo
Na aprendizagem significativa, o conhecimento socialmente construído é retido na estrutura cognitiva subsidiado pelos conhecimentos prévios. O objetivo desse estudo é avaliar a aprendizagem significativa contextualizada e interdisciplinar em uma amostra de 09 alunos através de uma abordagem experimental do Equilíbrio Químico. A atividade experimental objetivou determinar a acidez e a basicidade em produtos comerciais, assim como concentração de espécies no equilíbrio químico. Os resultados demonstraram que o rendimento antes e após a intervenção pedagógica foi superior a 30,66% com elevada significância estatística (p-valor = 0.0007), demonstrando que uma abordagem pedagógica da teoria da aprendizagem significativa, aliada as aulas experimentais, promoveram um maior rendimento.
Palavras chaves
Educação Química; Metodologia de Ensino; Equilíbrio Químico
Introdução
A dificuldade de aprendizagem em química dos alunos no estado do Amapá não é diferente de outras regiões do Brasil ou do mundo: a concepção contínua e estática da matéria, a indiferenciação entre mudanças químicas e físicas, atribuição de propriedades macroscópicas a átomos e moléculas, e dificuldade de interpretar resultados são exemplos encontrados que podem ser traduzidas em número através dos incipientes resultados nos indicadores de qualidade da educação básica. Para Ausubel (2003), a aprendizagem significativa é um mecanismo humano para adquirir e armazenar a vasta quantidade de ideias e informações representadas em qualquer campo do conhecimento. Permite dizer que o significado lógico do material de aprendizagem se transforme em significado psicológico para o sujeito, afim de promover uma aprendizagem com entendimento e acompanhada de aquisição e retenção de estruturas estáveis e organizadas (MOREIRA; CABALLERO; RODRÍGUEZ ,1997). Na aprendizagem significativa há a interação entre o novo conhecimento e o já existente, na qual ambos se modificam. Desse modo, o ato de conhecer implica em transformação do objeto, em retificação das ideias, em construção de fenômenos. De outra forma, implica em um refazer-se constante e ininterrupto do sujeito, afastando os obstáculos e ilusões primeiras para alcançar a objetividade (MOREIRA, 2010). Entre as estratégias para a aprendizagem significativa em química, destaca-se as atividades experimentais para estabelecer relações entre os níveis teórico-conceitual e fenomenológico de maneira investigativa e interdisciplinar ao invocar os conhecimentos prévios dos aprendizes. O objetivo desse estudo foi avaliar a aprendizagem significativa na temática equilíbrio químico através de uma abordagem pedagógica experimental.
Material e métodos
Este estudo foi desenvolvido no laboratório de Química e Bioquímica da Universidade Federal do Amapá para uma turma de 09 alunos, dos quais 05 eram do sexo masculino e 04 feminino, com idades entre 15 e 16 anos. Alunos e pais foram esclarecidos sobre o objetivo da pesquisa e receberam instruções sobre o procedimento metodológico antes de declararem anuência através do Termo de Livre Esclarecimento e Consentimento. A intervenção pedagógica teve duração de 04 horas/aulas. Primeiramente, foi aplicado ao grupo um Questionário de Avaliação Primário (QAP) contendo 03 questões das quais duas eram de natureza aberta e uma fechada. As questões foram elaboradas correlacionando a química ao cotidiano na perspectiva da teoria da aprendizagem significativa. Em seguida, foi desenvolvido uma atividade experimental para determinar a concentração de ácidos e bases em produtos comerciais utilizando ácido muriático (HCl), soda cáustica (NaOH), Vinagre (CH3COOH) e Leite de Magnésia (Mg(OH)2), (HESS, 1997). Por fim, foi aplicado um Questionário Avaliação Final (QAF) com mesmo grau de complexidade e os dados foram tratados estatisticamente com auxílio do software BioEstat 5.3.4, aplicando o teste T de Student com nível de confiança menor que 0.05.
Resultado e discussão
Para Rosa e Galvão (2015), o
conhecimento prévio influi sobre o
processamento da nova informação
assimilada pelo estudante em situações
de
aprendizagem. Em relação ao rendimento
por questão comparando entre o QAP e
o QAF, quando motivados a definir
equilíbrio químico (IAP) ou determinar
os
fatores que o influenciam (IAF), ou
ainda contextualizar o tema de forma
interdisciplinar, os educandos
obtiveram rendimento em escore
superior a
50%, demonstrando um conhecimento
prévio potencial para tornar o
equilíbrio
químico em aprendizagem significativa.
Contudo, quando solicitado que
determinassem a concentração das
espécies
presentes no equilíbrio no QAP, nenhum
aluno foi capaz de desenvolver um
raciocínio lógico-matemático que
expressa-se a relação; já para o QAF a
média de acerto foi equivalente a 77%.
Como define Silva, Moraes e Fachine
(2013), o raciocínio lógico-matemático
é a capacidade de usar números de
maneira efetiva e relacioná-los
adequadamente. Nesse tipo de
habilidade, o
aluno faz uso da criatividade, fatos e
relações do homem com a natureza para
modelar o problema apresentado e
apresentar uma solução após a
intervenção
pedagógica, como demonstra a figura 1
seguinte:
Quando comparado o rendimento total
por instrumento, antes e após a
intervenção pedagógica, foi possível
perceber que no QAP o rendimento médio
foi equivalente a 44,00% e no QAF foi
de 74,66%, com p-valor altamente
significativo (p-valor = 0.0007), como
demonstra a figura 2 seguinte:
Rendimento por Questão
Rendimento por Questinário
Conclusões
A significância estatísticas dos dados permitiu rejeitar a hipótese de nulidade, desse modo, uma abordagem pedagógica da teoria da aprendizagem significativa aliado às aulas experimentais melhorou o rendimento da amostra selecionada em cerca de 30.66% quando comparado o QAP e o QAF. Os conhecimentos do senso comum subsidiaram a promoção do conhecimento efetivamente significativo, refinando as habilidades do raciocínio lógico- matemático e dinamizando as aulas com situações-problemas de maneira interdisciplinar e contextualizada.
Agradecimentos
Universidade Federal do Amapá, colegas de Laboratório e a Associação brasileira de Química.
Referências
AUSUBEL, D. P. Aquisição e retenção de conhecimentos: uma perspectiva cognitiva. Lisboa: Plátano, v.1, p. 243, 2003.
HESS, S. Experimentos de Química com Materiais Alternativos. 1ªed. São Paulo: Moderna, p. 96, 1997.
MOREIRA, M. A. Mapas conceituais e aprendizagem significativa. São Paulo: Centauro Editora, 2010.
MOREIRA, M. A.; CABALLERO, M. C.; RODRÍGUEZ, M. L. Aprendizagem significativa: um conceito subjacente. Encuentro Internacional sobre el Aprendizaje Significativo. Burgos, España, p. 19-44, 1997.
ROSA, G. D. A.; GALVÃO, A. C. T. Conhecimento prévio e aprendizagem no ensino: implicações à luz do efeito reverso da expertise e de construtos computacionais da cognição. Ciências & Cognição, v. 20, n. 2, p. 229-237, 2015.
SILVA, R. S.; MORAES, S. E.; FECHINE, P. B. A. Interdisciplinaridade, Transversalidade e Abordagem CTS no Ensino de Química Por meio de Projetos Temáticos. InterSciencePlace, v. 1, n. 25, p. 123-193, 2013.