ISBN 978-85-85905-19-4
Área
Ensino de Química
Autores
Aragão, C.G.G. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Barra, S.L.G. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Santiago, J.C.C. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Costa, W.C.L. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL E SUDESTE DO PARÁ)
Resumo
O ensino de Química, por ser uma ciência que lida com termos científicos, torna-se um empecilho ao aluno surdo, considerando o fato de que existe um número reduzido de tais terminologias na Língua Brasileira de Sinais - Libras. Isto ocasiona uma série de dificuldades ao professor, ao intérprete e, principalmente, ao aluno. Diante desta problemática, o trabalho tem como objetivo analisar e conhecer artigos e teses publicados em revistas nacionais e em portais eletrônicos que apresentam como a escassez de termos químicos pode dificultar a educação dos alunos surdos.
Palavras chaves
alunos surdos; ensino de química; terminologia química
Introdução
A Química é a disciplina que estuda os diversos fenômenos que ocorrem no ambiente, a exemplo de transformações que podem ser observadas cotidianamente. Porém, fenômenos tão próximos a nós podem ter explicações complexas, e torna-se mais instigante quando o professor depara-se com alunos surdos. Os processos de ensino e de aprendizagem de uma criança surda tende a se tornar mais complicado e lento do que o de uma criança ouvinte, devido as barreiras linguísticas. Diante disso, é importante que o professor, em parceria com o intérprete, desenvolva metodologias inovadoras voltadas para as limitações do aluno surdo. Uma das dificuldades por quais professores, alunos e intérpretes enfrentam, corresponde à escassez de terminologias químicas em Libras, a exemplo de fórmulas, nomes de elementos químicos e palavras utilizadas por tal ciência, tais como: densidade, átomo, volume, massa, dentre outras. Tal questão ocasiona diversos problemas ao desenvolvimento escolar do aluno, por isto, o trabalho tem como objetivo analisar e conhecer os artigos científicos, revistas e teses que tratam da problemática citada.
Material e métodos
Trata-se de uma pesquisa de cunho bibliográfico. Para coleta de dados foi utilizado levantamento eletrônico de trabalhos publicados em revistas nacionais e em portais eletrônicos que abordassem o ensino de química aos deficientes auditivos e, especificamente, a escassez de termos químicos em Libras, além das principais metodologias de inclusão desses alunos. Dentre os trabalhos, 7 (sete) artigos: A educação inclusiva no ensino de química: a elaboração e utilização de materiais didáticos no processo de ensino- aprendizagem de surdos e ouvintes; LIBRAS: a língua de sinais dos surdos brasileiros; O ensino de química e a aprendizagem de alunos surdos: uma interação mediada pela visão; Química e sociedade; A inclusão do surdo na educação brasileira; Análise da produção escrita dos surdos: a interferência da língua brasileira de sinais; Impacto do congresso de Milão sobre a língua de sinais; Terminologias químicas em Libras: a utilização de sinais na aprendizagem de alunos surdos; e 2 (duas) teses: A inclusão do surdo na educação brasileira; O ensino de química em língua brasileira de sinais. Estes totalizaram 9 (nove) trabalhos, para análise foi considerado a relevância da pesquisa e metodologias utilizadas.
Resultado e discussão
Dentre os trabalhos analisados, todos demonstraram a especificidade do
ensino de Química. Os autores comprovaram que os alunos possuem grandes
dificuldades na apropriação do conhecimento relacionado à disciplina, e isto
ocorre devido à falta de metodologias inovadoras e da ausência de materiais
didáticos. Além disto, os autores frisaram o fato de que professores e
intérpretes lidam com a escassez de termos químicos específicos em Libras,
isto inibe ainda mais o processo de ensino-aprendizagem, pois a carência de
sinais dificulta a comunicação e a construção do conhecimento do aluno surdo
que tem a Libras como língua materna (SALDANHA, 2011). Sempre que uma
palavra que não tem sinal é utilizada, o professor, ou o intérprete precisa
fazer a datilologia, ou seja, soletrar a palavra utilizando o alfabeto
manual. Porém, de acordo com os autores, tal processo demanda tempo e pode
ocasionar um desconforto em sala de aula. Sousa e Silveira (2011), em
pesquisa realizada em uma escola, perceberam que a mesma possuía intérpretes
que se reuniam, e criavam sinais inexistentes em dicionários, tal ação tinha
o intuito de melhorar a aprendizagem dos alunos. Os intérpretes de tal
escola criaram vários outros sinais que não tinham correspondência em
libras, este é um exemplo de comprometimento dos profissionais para com os
alunos, sendo esta uma tentativa de tornar o processo ensino-aprendizagem
eficiente. O objetivo dos artigos e teses eram diversos, todavia, observamos
nesta revisão bibliográfica que a maioria destes tratavam da falta de termos
químicos específicos em Libras, e que tal problema pode ser solucionado se
professor, intérprete e aluno surdo trabalharem juntos, sendo na criação de
novos sinais ou na utilização de metodologias inovadoras (FLEURY, 2006).
Conclusões
A ausência de termos químicos é um agravante que pode causar muitas dificuldades ao aprendizado do aluno surdo, assim como dificulta o ensino de professores e o trabalho dos intérpretes. Este profissional no cenário inclusivo apresenta um importante papel, pois em diálogo com o aluno, cria os próprios sinais a serem utilizados nas aulas. A química é uma ciência complexa, e expor esta complexidade ao aluno surdo é, de fato, um grande desafio, porém, pode ser vencido com muito esforço e trabalho em equipe.
Agradecimentos
Ao nosso orientador Professor Mestre Walber Christiano Lima da Costa.
Referências
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