ISBN 978-85-85905-19-4
Área
Ensino de Química
Autores
Nascimento da Conceição, T. (IFPA- CAMPUS BELÉM) ; Bispo Gomes, E. (UEPA) ; Sousa Maia, M. (UFPA) ; dos Santos Gomes Matos, J.L. (IFPA- CAMPUS BELÉM) ; Silva dos Reis, A. (UEPA) ; de Brito Silva, M.D. (UEPA)
Resumo
Este trabalho apresenta os resultados de uma oficina educacional realizada no Espaço de Química do Centro de Ciências e Planetário do Pará, usando a História da Ciência (HC) como ferramenta de ensino aprendizagem. Foi realizada uma oficina dividida em três etapas: seminário referente ao tema Ligações Intermoleculares com ênfase no trabalho desenvolvido pelo cientista Johannes Diderik van der Waals; um procedimento experimental com o intuito de demonstrar a relação entre teoria e prática do assunto desenvolvido no seminário; aplicação de um questionário subjetivo para coletar as opiniões sobre a oficina. Sobre o levantamento das respostas coletadas, foi notória a posição concordante dos discentes perante o uso da HC no estudo paralelo ao conteúdo de Química.
Palavras chaves
Ensino aprendizagem; História da ciência; Ligações intermoleculares
Introdução
A HC como método ensino aprendizagem não é algo comumente encontrado quando nos referimos à educação formal, embora seja recomendada pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s), sua plena efetivação encontra dificuldades em virtude do despreparo de professores para abordar HC de maneira correta (MARTINS, 2006). Não deixando de destacar o papel de aulas experimentais que promove retirada da abstração do conteúdo ministrado em sala de aula, contextualizando com elementos do cotidiano, a falta de aulas práticas em disciplinas de cunho científico experimental abre lacunas sobre quais metodologias são empregadas no trabalho científico em si (AMARAL, 1996). Especificamente, o resgate histórico explicado no seminário compreende desde o surgimento do primeiro modelo atômico adotado por John Dalton (Eaglesfield, 6 de setembro de 1766 - Manchester, 27 de julho de 1844) até a idéia do conceito de molécula proposta por Amedeo Avogadro (Turim, 9 de agosto de 1776 - Turim, 9 de julho de 1856), um dos primeiros cientistas a distinguir átomos e moléculas, chegando a Ligações Intermoleculares com o cientista em destaque Johannes Diderik van der Waals (Leiden, 23 de novembro de 1837 - Amsterdã, 8 de março de 1923) que formulou a idéia de atração molecular. Através da compreensão clara dessa linha do tempo, de evolução da teoria atômica e molecular, acredita-se na melhora significativa de retenção do assunto pelos discentes, uma vez que a HC permite um aprofundamento sobre o assunto sob um novo panorama de compreensão.
Material e métodos
A oficina foi realizada em duas horas no Espaço de Química do Centro de Ciências e Planetário do Pará, com 12 alunos do curso Licenciatura em Ciências Naturais com habilitação em Química da Universidade do Estado do Pará (UEPA). Em primeira instância houve a apresentação de um seminário com duração em torno de uma hora, enfatizando a vida e obra do cientista Johannes Diderik van der Waals e sua contribuição para o conteúdo Ligações Intermoleculares, também incluindo outros cientistas de acordo com o contexto histórico de van der Walls. Posteriormente os discentes foram divididos em 4 grupos de 3 pessoas para realização de um experimento denominado Fazendo Cristais de naftalina cada grupo recebeu um kit com: Um erlenmeyer de 125 ml, naftalina comercial, tripé, lamparina (substituindo o bico de Bunsen), tela de amianto, um vidro relógio e um recipiente com 50 ml de água gelada. Cada equipe recebeu um roteiro para dar início ao procedimento experimental, com isso os discentes tiveram a oportunidade de presenciar a teoria na prática do tema em questão. Após o término do experimento que durou em torno de 30 minutos, os participantes receberem um questionário com perguntas abertas para sabermos a opinião de cada discente participante da oficina.
Resultado e discussão
Após uma análise dos questionários aproximadamente 85% dos discentes
reconhecem a importância de conhecer o processo histórico de construção
científica e 15% foram incertos, dados coletados da primeira pergunta acerca
da coerência entre HC e o Ensino de Química, os pontos de vistas apontados
pelos discentes mostram a satisfação do contato com a HC junto à prática
experimental, a destacando que a experiência está fortemente ligada ao
cotidiano do aluno (PINHO-ALVES, 2000). Com relação à segunda pergunta a
respeito da prática experimental, 100% dos discentes concorda que a
realização da experiência os ajudou a fixar o conteúdo, como esperado, aulas
experimentais costumam despertar o interesse e a curiosidade dos alunos, o
questionamento provocado pelo experimento permite ao discente avaliar o que
foi observado e confrontar seu conhecimento interno, reorganizando
preconcepções e chegando a novas conclusões bem como os cientistas através
da História (PIAGET e GARCIA, 1983). Referente à terceira pergunta que
questionava se havia surgido um interesse ou um novo olhar sobre a HC,
aproximadamente 65% dos discentes relataram ter uma nova perspectiva sobre a
HC, 35 % se mostraram incertos e fugiram do contexto da pergunta, os dados
da terceira pergunta indicam como os discentes identificam a HC como algo
novo e relevante, porém, grande parte dos discentes não identifica ou não
sabe explicar a proposta dessa metodologia, a qual tem a função de trazer
para os discentes os trabalhos internos desenvolvidos pelos cientistas, não
como fatos lineares que ocorreram sem problemas ou desafios, mas a verdade
das adversidades encontradas por todos ao longo da história (SOLBES
MATARREDONA e TRAVER, 2001).
Conclusões
O teor histórico de uma disciplina científica faz com que o discente crie um senso crítico associando as transformações da sociedade ao meio científico, uma vez que o conhecimento científico é um processo constante e não acabado. É interessante ressaltar como a maioria dos participantes possuía pouco ou nenhum conhecimento de como surgiram os conteúdos no ramo da Química, revelando um potencial não explorado nas escolas brasileiras, assim sendo, algo que poderia gerar uma melhoria no ensino de ciências consideradas difíceis pela maior parte dos alunos.
Agradecimentos
Referências
AMARAL, L. Trabalhos práticos de química. São Paulo, 1996.
MARTINS, Roberto de Andrade. Introdução: a História das Ciências e seus usos na educação. In: SILVA, Cibelle Celestino (Org.). Estudos de história e filosofia das ciências: subsídios para ampliação no ensino. São Paulo: Editora Livraria da Física,p. XVII-XXX,2006.
SOLBES MATARREDONA, Jordi; TRAVER, Manuel Josep. Resultados obtenidos introduciendo Historia de la Ciencia en las clases de Física y Química: mejora de la imagen de la Ciencia y desarrollo de actitudes positivas. Enseñanza de las Ciencias, 19(1), p. 151-162,2001.
PINHO-ALVES, José. Atividades experimentais: do método à prática construtivista. Tese (Doutorado em Educação), Santa Catarina: Universidade Federal de Santa Catarina, 2000.
PIAGET, Jean; GARCIA, Rolando [1983]. Psicogênese e a História da Ciência. Tradução de Giselle Unti. Petrópolis: Vozes, 2011.