FEIRA DE QUÍMICA APLICADA À NUTRIÇÃO NO CONTEXTO AMAZÔNICO NA ESCOLA ESTADUAL DOM JOSÉ ELIAS CHAVES NO MUNICÍPIO DE PACAJÁ-PA: O ENSINO DE QUÍMICA CONTRIBUINDO PARA A PROMOÇÃO DA SAÚDE.

ISBN 978-85-85905-19-4

Área

Ensino de Química

Autores

Silva, J.A. (UFPA)

Resumo

Este trabalho teve por finalidade relatar a experiência de promover uma feira na qual se relaciona o ensino de química aprendido em sala de aula com a área da nutrição dentro de um contexto amazônico. Essa feira de química e nutrição traz aos educandos a oportunidade de colocar em prática os conceitos químicos, fórmulas, símbolos e também grande parte da química orgânica por meio de uma metodologia simples com aplicação da disciplina, no caso a área da nutrição e, consequentemente, a saúde sempre dentro de um contexto local em que os alunos vivem. Essa atividade foi desenvolvida com todos os estudantes de uma escola pública de ensino médio localizada no coração da floresta amazônica por meio de trinta temas divididos entre eles. Estratégia de ensino que potencializa bons resultados.

Palavras chaves

Ensino de química; nutrição; contextualização

Introdução

Ensinar química em nível de ensino médio tem passado a ser um grande desafio para os professores dessa área. A assimilação do conteúdo talvez seja explicada pela falta de coerência entre o que se ensina em sala e a contextualização do mesmo na vida cotidiana do aluno. É bem verdade que o cenário não é nada animador, segundo Silva (2003). São tantos as limitações para se ensinar essa ciência como a falta de contexto nas aulas, a falta de práticas em espaços pedagógicos como um laboratório, por exemplo, entre outros. Por isso mesmo que aulas por meio de temáticas para o ensino de química surgem como proposta motivadora e investigativa para o ensino aprendizagem. Entre tantas áreas, está a nutricional. Ao se fazer uso desta temática no ensino de química por meio de uma feira, torna-se um tema que possui características ao contexto local dos alunos. Segundo Crispino (1989), é necessário relacionar o ensino de química com a vida cotidiana dos alunos e a importância do diálogo em sala de aula. Sendo assim, trabalhando o ensino de química na temática da nutrição, propicia-se ao desenvolvimento também da interdisciplinaridade na escola, dada às inúmeras possibilidades de abordagem, como a abordagem química, biológica ou fisiológica, desvendando os caminhos dos alimentos através do corpo e a abordagem química ou bioquímica, entendendo as estruturas moleculares e suas transformações químicas. A proposta da feira tem por objetivos apresentar para os alunos e sociedade a importância da disciplina química na área da nutrição para uma qualidade de vida melhor, ressaltando que conhecer as substâncias químicas que estão contidas nos alimentos é saber que “alimentar-se é uma questão de cidadania” (LUCA & SANTOS, 2010, p.46), tornando a escola atrativa (SILVA,2003).

Material e métodos

A feira foi realizada em tempo integral no dia 04 de dezembro de 2015 nas dependências da própria escola com as portas abertas a toda comunidade. Seu começo se deu a partir do mês de agosto de 2015, mês em que foi apresentado aos alunos o projeto da feira, as aulas de química foram ministradas dando sempre ênfase às aplicações na área da nutrição, saúde e biologia. No mês de setembro, os alunos foram divididos em trinta equipes de, no máximo, oito alunos em cada, por série e com os temas já definidos. Entre os temas a serem abordados na feira estavam: “Os grãos e suas colaborações para a saúde”, “O açaí e seus benefícios”, “Vai um pouco de chá da Amazônia?”, “Vai um pouco de café?”, “A energia que vem dos alimentos da Amazônia”. Nas semanas seguintes, os alunos começaram as pesquisas na internet, produção de materiais na escola como panfletos, painéis expositivos, além de pesquisas de campo, como visitas a secretaria de saúde da cidade, farmácias e laboratórios. Houve também aulas práticas de química no laboratório para demonstração científica no dia da feira, passo primordial para incentivar os alunos a desenvolverem suas habilidades dos educandos (ROBSON, 2005). A feira contou ainda com as palestras espontâneas de uma nutricionista e uma odontóloga, ambas do próprio município. Para complementar o projeto da feria foi aplicado um questionário a fim de saber a opinião dos alunos sobre os seus aprendizados antes e depois do evento.

Resultado e discussão

A realização da Feira de Química e Nutrição na EEEM Dom José Elias Chaves foi uma boa oportunidade tanto para os alunos e quanto para a comunidade escolar verem de perto a ação educacional desenvolvida na escola. Grande parte dos presentes pôde compreender a importância da aplicação da disciplina química na área da nutrição, mas especificamente em alimentos da própria região amazônica, valorizando ainda mais a região. Sendo aberta à visita da comunidade escolar, tornou o ambiente escolar mais educativo, mais atrativo, fugindo assim do modelo de ensino tradicional que se prende à sala de aula. É nesse momento em que se pode perceber que cada aluno possui “a capacidade de aprender, não apenas para nos adaptar, mas, sobretudo para transformar a realidade, para nela intervir, recriando-a, fala de nossa educabilidade [...]” (FREIRE, 1996, p. 41). Vários conceitos químicos foram abordados na feira como, por exemplo, alimentos ácidos e bases (funções inorgânicas), as energias envolvidas nos processos de nutrição e deterioração dos alimentos, em que foram aplicados os conceitos de termoquímica e cinética. A química orgânica esteve muito bem representada na questão do açaí – alimento tipicamente amazônico- e nos chás (figura 01). Outro momento muito válido na feira foram as palestras da nutricionista e da dentista (em que teve um direcionamento a substâncias químicas no dia a dia que podem atrapalhar ou contribuir para uma boa nutrição) muito bem recebidas por todos na escola (figura 02). Após a realização da feira de química e nutrição, foi aplicado um questionário para saber quais os aprendizados assimilados pelos estudantes.

Figura 1

Alunos relacionando a química orgânica aos chás (imagem a esquerda) e ao açaí (imagem a direita).

Figura 2

Palestrantes orientando os alunos sobre substâncias químicas presentes na alimentação para um aboa nutrição.

Conclusões

A realização da Feria de Química e Nutrição veio comprovar a possibilidade de se relacionar o conhecimento teórico de química com o local onde o aluno está inserido, por meio de uma temática como a da nutrição, estabelecendo diálogos entre as áreas. Conclui-se também que essa experiência oportuniza a escola de apresentar o que vem sendo desenvolvido no âmbito escolar e que os alunos são participantes ativos e construtores do próprio conhecimento, distando daquela imagem do aluno que costumeiramente só aprende por meio do quadro branco.

Agradecimentos

A Deus, à Nutricionista Dra. Suzane Almeida, à Odontóloga Dra. Stephane Fonseca, à diretora Lázara Reis pelo total apoio para a realização deste trabalho e ao Profess

Referências

CRISPINO, A.; Quimica. Nova 1989, 10, 187
FARIAS, ROBSON FERNANDES DE. Química, Ensino e Cidadania: pequeno manual para professores e estudantes da prática de ensino. 2ª ed. São Paulo, 2005.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996, 1998 e 2009.
LUCA, A. G. de; SANTOS, S. A. dos. Dialogando Ciência entre sabores, odores e aromas: Contextualizando alimentos química e biologicamente. São Paulo: Editora Livraria da Física, 2010.
SILVA, R. M. G. Contextualizando aprendizagens em química na formação escolar. Química Nova na Escola, n. 18, p 26 - 30, 2003.

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