ELIMINANDO ODORES: O USO DA BORRA DE CAFÉ COMO FERRAMENTA NO ENSINO DE ADSORÇÃO PARA ALUNOS DA EEEFM DEODORO DE MENDONÇA

ISBN 978-85-85905-19-4

Área

Ensino de Química

Autores

Sarraf, M.H.S. (UFPA) ; Corrêa, M.P. (UFPA) ; Silva, E. (SEDUC) ; Dantas, K.G.F. (UFPA) ; Marinho, P.S.B. (UFPA)

Resumo

Para facilitar a concepção sobre fenômenos de adsorção que ocorrem no cotidiano foram propostas práticas aos alunos da EEEFM Deodoro de Mendonça, em Belém-PA, com o objetivo de eliminar o odor através da borra de café. Um peixe que possuía um pitiú forte e uma “máscara de gás” foram usados nos experimentos. Os alunos responderam 3 questões sobre os experimentos. Trinta e duas respostas foram obtidas, sendo 8 respostas sobre a questão 1 e 24, sobre as questões 2 e 3. Os problemas apresentados, nas respostas, foram consequentes à dificuldade não apenas na Química, mas sim na interpretação de palavras que ocasionaram equívocos e dificuldades no entendimento sobre o assunto. A prática foi importante, pois os mostrou que a Química e a aprendizagem em sala de aula estão ligadas ao seu cotidiano.

Palavras chaves

adsorção; borra de café; Ensino de Química

Introdução

Segundo Delizoicov (2001), o uso de metodologias tradicionais de ensino apenas transmite e exercita conceitos com os alunos, mas no processo de aprendizagem pode não estimular a aplicabilidade do assunto no que se refere a matéria estudada com seu cotidiano. Sendo assim, neste trabalho será empregado algumas dessas metodologias de experimentação problematizadora propostas por Delizoicov (2001) e Francisco Jr. (2008), com a finalidade de facilitar a compreensão do aluno sobre o processo de adsorção de odores a partir da reutilização da borra de café, algo que está presente no seu dia a dia. A adsorção é um fenômeno onde partículas de gases ou líquidos se ligam numa superfície. A substância que é adsorvida é chamada de adsorvatos e o material que adsorve é o adsorvente. (ATKINS, 2008). Nesse trabalho, também, procura-se englobar a ciência no que está presente no cotidiano - como a borra de café-, na cultura do aluno (GONDIM; MÓL, 2008), próximo a ele, para que haja um escape da "abstração" e teoria, cuja química proporciona. Complementando, assim, para um aprendizado científico eficaz, tanto do estudante quanto para o professor.

Material e métodos

Como problematização da aula foi questionado “Como a borra do café consegue retirar o pitiú, ou seja, o odor do peixe?” (Questão 1) para 8 grupos com 4 alunos cada.A questão 1, aborda o conhecimento dos alunos sobre o assunto junto aos seus conhecimentos populares. Nas aulas teóricas ministradas foram utilizados Datashow, quadro branco, pincel, computador e programas multidisciplinares para as ilustrações durante as aulas. No experimento 1 para a retirada do pitiú do peixe foi utilizado 1kg de borra de café reaproveitada, um peixe Mapará, (Hypophthalmus marginatus) e água. Por outro lado, no Experimento 2 foi usado uma “máscara de gás”. Para fazer a “máscara de gás foi usado 6 garrafas pets, 500g de borra de café, uma faca, vela, fósforo, prego e fita adesiva. Após realizar os experimentos foi proposto mais duas questões para 24 alunos relacionados às atividades. As questões foram as seguintes: Questão 2) No experimento 1, o que você observou no processo? Como ocorreu esse processo? Explique detalhadamente; Questão 3) No experimento 2, o que você observou no processo? Como ocorreu esse processo? Explique detalhadamente. As questões 2 e 3 estavam de acordo com o caráter adsortivo da borra de café para eliminar o odor do peixe (experimento 1) e das misturas de alho e cebola na “máscara de gás” (experimento 2).

Resultado e discussão

Trinta e duas respostasforam obtidas sobre o assunto dos experimentos, onde 8 foram sobre a Questão 1 e 24 respostas dos alunos sobre as Questões 2 e 3. Ao analisarmos as respostas foi observado que houveram alunos que responderam as questões de forma que fugia do objetivo do que foi perguntado, ou seja, apresentaram dificuldades em interpretação, mesmo com a explicação durante as aulas. Outros alunos também apresentaram esta mesma dificuldade, mas na pergunta e nas trocas de palavras. A Figura 1 apresenta as respostas dos alunos sobre a Questão 1. Pode ser observado que parte dos alunos (62,5%) acha que o pitiú do peixe é “anulada” pela borra de café, o qual teria um cheiro forte e que iria sobrepor ao odor do peixe. Por outro lado, alguns alunos confundiram cafeína com café e outros alunos disseram que o café seria responsável por quebrar ligações químicas liberadas pelo odor do peixe. Na Figura 2 mostras as palavras chaves utilizadas nas respostas dos alunos nos dois experimentos de forma comparativa. O cheiro do café, por exemplo, ainda continua como explicação do processo de eliminação do odor como foi exposta na questão 1. Isso reflete no fato que os alunos ainda não compreenderam a teoria ministrada, na qual foi falado sobre o uso do café como material adsortivo, como apresentado na prática. A absorção foi uma das respostas majoritárias nos dois experimentos. Podemos perceber que eles conseguiram explicar o processo, entretanto, confundiram os termos, os quais são parecidos. Quatro alunos falaram sobre a adsorção na prática do peixe, não citando o termo, mas dizendo que os odores eram retidos nos poros e, que se esses fossem divididos em mais partes, seriam melhores eliminadores do odor do peixe.

Figura 1

Porcentagem das respostas da Questão 1.

Figura 2

Comparações das respostas sobre os experimentos 2 e 3.

Conclusões

Os problemas apresentados no trabalho foram consequentes à dificuldade não apenas na Química, mas sim na educação básica. Isto é, em interpretações de palavras de modo equivocados que ocasionaram em confusão na compreensão do assunto. Apesar disso, o uso de práticas problematizadoras foi um modo de mostrar aos alunos que a Química e as definições aprendidas em sala de aula estão ligadas ao seu cotidiano, proporcionando um tipo de metodologia diferente da forma como os alunos estão acostumados. Isto ficou claro na atenção e envolvimento dos alunos com a atividade envolvendo a experimentação.

Agradecimentos

Os autores agradecem a CAPES (PIBID-QUÍMICA/UFPA). E a Ayda Pimentel pelo incentivo e ajuda durante o trabalho.

Referências

ATKINS, P.; DE PAULA, J. Físico-Química. 8. ed. 2 v. 427 p. Rio de Janeiro: LTC, 2008.
DELIZOICOV, D. Problemas e problematizações. Ensino de Física: conteúdo, metodologia e epistemologia numa concepção integradora. Florianópolis: ED. da UFSC, 2001.
FRANCISCO JR., W.E; FERREIRA, L.H; HARTEWIG, D.R. Experimentação problematizadora: fundamentos teóricos e práticos para a aplicação em salas de aula de ciências. Química Nova na Escola, n. 30, p. 34-41, 2008.
GONDIM, M.S.C; MÓL, G.S. Saberes populares e ensino de ciências: possibilidades para um trabalho interdisciplinar. Química Nova na Escola, n. 30, p. 3-9, 2008.

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