ISBN 978-85-85905-19-4
Área
Ensino de Química
Autores
Nunes Maciel, E. (IFMT) ; Sousa Rabelo, M. (IFMT) ; Tamiosso Wesz, R.I. (IFMT) ; Hoeltgebaum de Almeida Correa, E. (IFMT) ; Ribeiro Nascimento, J. (IFMT) ; Franco Duarte, M. (IFMT) ; Alberto Willkomm, R. (IFMT) ; Dutra Mantovani, T. (IFMT) ; Burghardt Silva, F. (IFMT)
Resumo
A reciclagem de papel é uma técnica viável pela inclusão social e também pela minimização do impacto ambiental. No campus IFMT Rondonópolis geram-se grandes quantidades de papel usado. Desta forma este trabalho tem como objetivo reciclar esses papéis visando a elaboração de materiais didáticos à serem utilizados nas aulas de química. Os papéis foram reciclados e transformados em folhas, esferas e blocos de papel. A partir desses, foram produzidos cadernos de papel reciclado, modelos atômicos e produzida uma tabela periódica grande com os blocos de papel reciclado. Tais materiais estão sendo utilizados em sala de aula para explicar diversos conceitos relacionados à disciplina de química.
Palavras chaves
Reciclagem de Papel; Conscientização Ambiental; Modelos Atômicos
Introdução
A reciclagem consiste num processo em que determinados tipos de materiais, cotidianamente reconhecidos como lixo, são reutilizados como matéria-prima para a fabricação de novos produtos. É uma prática que gera uma série de vantagens econômicas, ecológicas e sociais para o ser humano [1,2]. Os benefícios incluem a redução no consumo de água e energia utilizadas na produção do papel além de evitar o corte de árvores. Calcula-se que a cada tonelada aparas de papel utilizadas na reciclagem deixa-se de cortar de 15 a 20 árvores [3]. Os tipos de papéis que podem ser reciclados são os seguintes: papelão, jornal, revistas, papel de fax, papel-cartão, envelopes, fotocópias e impressos em geral. Os não recicláveis são: papel higiênico, papel toalha, fotografias, papel carbono, etiquetas e adesivos [4]. O Campus Rondonópolis gera uma quantidade muito grande de papel que, normalmente, é descartado no lixo sem ser reciclado ou destinado a algum tipo de cooperativa para ter um destino melhor. A reciclagem de papel do campus visa trazer uma maior conscientização por parte da comunidade no que diz respeito à prática ambiental. Não obstante a produção de materiais didáticos voltados para o Ensino de Química auxilia o professor na sua aula e o discente na compreensão de fenômenos estudados pelas Ciências Naturais. Esse trabalho teve como objetivo a coleta de papel usado do campus Rondonópolis, sua separação, limpeza, reciclagem e produção de materiais didáticos para o ensino de química.
Material e métodos
O material foi coletado, separado por cor e tipo, retirado impurezas, recortado e colocado na água por cerca de 24 horas. A separação das fibras foi realizada em liquidificador com hélices sem corte, obtendo-se a polpa de celulose. A polpa de celulose foi diluída em água e posteriormente colocada em uma forma retangular. Uma moldura de madeira com tela de nylon foi emergida nessa mistura e retirada em seguida. Obtendo-se uma fina camada de celulose que ficou retida na moldura. O excesso de água foi retirado com uma esponja pela parte inferior da tela. Essa camada foi transferida para um saco alvejado, prensada com rolo e colocada para secar ao ar livre para a formação das folhas de papel. Para a produção das esferas e dos blocos de papel, a polpa de celulose foi colocada em moldes plásticos apropriados para cada formato. Preencheu-se os moldes com uma primeira camada fina de polpa e sendo essa camada comprimida com um pano seco, para fixar melhor a polpa e retirar a água. Após essa camada foi aplicada então uma fina camada de cola, e em seguida novamente outra camada da polpa de celulose. O processo foi repetido até se preencher por completo o molde. As meia esferas foram unidas com cola, lixadas com lixa para madeira e pintadas com tinta guache. Sendo cada cor simbolizando um elemento químico diferente. Posteriormente essas esferas foram furadas e unidas para se formar as moléculas de interesse utilizando varas de bambu. Nos blocos os símbolos dos elementos foram pintados com o auxílio de moldes de letras sendo cada bloco representando um elemento químico da tabela periódica.
Resultado e discussão
A maior parte dos materiais obtidos na instituição foram papéis sem algum
tipo de pigmento de forma que alterasse a sua coloração branca. Portanto as
etapas de branqueamento da polpa de celulose não foram necessárias,
economizando na compra de diversos reagentes. Conseguiu-se, portanto, a
obtenção da polpa de celulose de forma satisfatória e sem muito custo.
As folhas de papel obtidas foram utilizadas no próprio laboratório e também
distribuídas no campus para serem utilizadas como blocos de anotações.
Algumas dessas folhas foram furadas e encadernadas, obtendo-se um caderno de
papel reciclado que serviu para anotações dos dados do projeto. Outras
folhas foram reservadas para serem utilizadas em amostras para a
apresentação do trabalho em eventos científicos.
As esferas e blocos obtidos apresentaram boa resistência mecânica para serem
utilizados em seus propósitos.
Os modelos atômicos e moleculares (Figura 1) feitos utilizando as esferas de
papel pintadas, foram utilizados nas aulas de química nesse campus para
demonstrar alguns exemplos de reações químicas, balanceamento e geometria
molecular.
A maior parte dos blocos (Figura 2) utilizados na confecção da tabela
periódica já foram produzidos e alguns já foram pintados com os seus
respectivos símbolos e também utilizados em sala de aula na explicação das
propriedades químicas e físicas dos elementos.
Representação da estrutura molecular da água utilizando os modelos atômicos obtidos com a reciclagem de papel
Blocos obtidos com papel reciclado representando os elementos químicos da tabela periódca
Conclusões
Com esse trabalho conseguiu-se diminuir a quantidade de papel que seria descartado no lixo do campus. Os kits dos modelos atômicos e moleculares, além dos blocos representando os elementos químicos foram utilizados em sala de aula para a demonstração de conceitos químicos. A reciclagem dos papéis mostrou-se eficiente, pois na obtenção da polpa celulósica não foram necessárias utilizações de reagentes para branqueamento e nem antifúngicos ou conservantes. Este projeto trouxe aprendizado, criatividade e inovação pela transformação dos papéis em algo útil para o ensino da química.
Agradecimentos
Ao CNPq e IFMT
Referências
[1] Spangenberg R. J. "Secondary Fiber Recycling," 268p. TAPPI Press, Atlanta, Georgia. (1993)
[2] Andrade A. M.; Barbosa G. S. "Reciclagem de aparas e de papéis usados, para a confecção de cadernos," Floresta e Ambiente, vol. 1, num 4, pp. 21-29. (1997)
[3] Gauto M.; Rosa G. "Química Industrial," 284p. Ed. Bookman, Porto Alegre, Rio Grande do Sul. (2013).
[4] Andrade A. M.; Duarte A. P. C.; Belgacem M. N.; Munaro E. R. "Produção de Papéis Artesanais das Misturas de Aparas com Fibras Virgens de Bambu (Dendrocalamus Giganteus) e de Bagaço de Cana-de-Açúcar (Saccharum Officinarum)," Floresta e Ambiente, vol. 8, num 1, pp. 143-152. (2001)