ISBN 978-85-85905-19-4
Área
Ensino de Química
Autores
Menegotto, R. (UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO) ; Bordin, G. (UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO) ; Mistura, C.M. (UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO)
Resumo
O presente trabalho visa relatar o ensino de química em ambiente informal para pintores de indústrias metalúrgicas. As aulas fazem parte de um programa de treinamento oferecido pelo setor técnico da empresa que fornece tinta para estas indústrias empregadoras dos pintores. O ensino se dá através dos métodos para proteção anticorrosiva que as tintas oferecem. Através disso são discutidos alguns conceitos, como reatividade dos metais, eletroquímica, entre outros necessários e envolvidos na prática do profissional de pintura
Palavras chaves
Ensino de Química; Educação Informal; Pintores
Introdução
O preparo de um bolo e a pintura dos portões de ferro são situações que envolvem o controle de reações químicas. Segundo Santos e Schnetzler (2000) a presença da química no dia a dia das pessoas, é mais do que suficiente para justificar a necessidade de o cidadão ser informado sobre Química. Sabe-se da necessidade de relacionar esta ciência com situações de alta vivência dos estudantes. Porém muitos dos pintores de indústrias metalúrgicas, que trabalham diretamente com reações químicas e com a prevenção para que elas não ocorram, as vezes não fazem ideia de que seu trabalho envolve muitos fenômenos químicos. Para poder realizar obras de grande porte, são exigidas capacitações aos profissionais, e é uma dessas atividades que gerou este trabalho. Realizam- se treinamentos para capacitar os pintores, que possuem diversas formações, alguns nem concluíram o ensino fundamental. É necessário partir do senso comum para transformá-lo em conhecimento científico. O termo corrosão tem sido empregado para designar o processo de degradação dos materiais por um ataque eletroquímico, químico ou eletrolítico. Um quinto da produção mundial de aço é destinada a repor perdas causadas pela corrosão e muitos métodos são aplicados visando a sua prevenção. A substituição do metal por outro menos reativo, proteção catódica, revestimentos protetores como a galvanização, e o revestimento com tintas anticorrosivas são alguns deles. Existem inúmeras tecnologias aplicadas às tintas, isso é do âmbito do conhecimento químico. Por que adicionar pigmentos à base de compostos de zinco nas tintas? Assim, são introduzidos os conceitos químicos, desenvolvendo e transformando o senso comum em conhecimento científico.
Material e métodos
Os treinamentos foram oferecidos através de 3 módulos. Não é necessário frequentar aulas de química formais para saber que um portão feito de metal irá “enferrujar” se não for “pintado” e protegido e ficar exposto às condições climáticas, isso é senso comum. Mas, só os cidadãos informados quimicamente sabem que isso é uma reação química de oxirredução, que envolve a transferência de elétrons, e que certos tipos de tinta podem proteger o metal de ser exposto a esta reação de oxidação. Algumas tintas industriais possuem pigmentos contendo compostos de cátions zinco (II), isso oferece proteção catódica ao metal. Se exposto às condições climáticas, o cátion zinco presente na tinta, por ser mais reativo que o metal ferro, irá reagir, corroer-se em seu lugar, não prejudicando a estrutura metálica. Para indicar um produto, é necessário que o profissional conheça a agressividade do ambiente em que o material ficará exposto, qual o tratamento da superfície indicado, espessura de aplicação, cálculos de rendimento. Muitas vezes faz-se necessário o uso de catalisadores para acelerar o processo de secagem. Com isso trabalham-se conceitos envolvendo a cinética das reações químicas. Também muitos desastres ambientais, como derramamento de petróleo no oceano, foram causados por problemas de corrosão. Aí a necessidade de preparar os profissionais para que se evitem acidentes, como esses, que podem causar danos irreversíveis ao meio ambiente. Ao final dos treinamentos é aplicada uma avaliação com questões envolvendo os conceitos aplicados em simulações de situações em que o profissional deve propor um esquema de pintura, desde a preparação da superfície, eliminando contaminantes e sais, até a aplicação e secagem da tinta, visando obter o máximo de rendimento no trabalho.
Resultado e discussão
Através dessas avaliações podem ser analisados os resultados do ensino. São
propostas questões problematizando situações encontradas diariamente no
trabalho do pintor. Ele deve, partindo disso, pensar, analisar e
sistematizar como faria para resolver tal situação, aplicando os conceitos
químicos para elaborar um método de pintura.
As avaliações não exigem definições de conceitos, mas é fundamental que os
profissionais compreendam o fenômeno químico envolvido em cada processo para
que possam resolver problemas ou preveni-los diariamente em seu trabalho. Em
geral as questões trazem duas opções de tintas, as condições climáticas,
agressividade química e mecânica, entre outros fatores. São disponibilizadas
aos pintores boletins técnicos das tintas para que baseiem suas respostas.
Várias turmas compostas por um número grande de pintores já passaram por
esses treinamentos. Os resultados são bastante positivos, mostrando que é
possível alfabetizar cientificamente partindo do senso comum trazido por
cada cidadão, independente do seu nível de estudo.
Momento da aplicação da avaliação com uma das turmas.
Conclusões
O processo de ensino com adultos pode sim trazer bons resultados, formando cidadãos capazes de enxergar a química aplicada em seu dia a dia e principalmente utilizar-se do conhecimento químico para resolver situações e propor melhorias no meio em que vivem. Através do ensino informal, resgata-se o saber popular, neste caso o saber envolvido no processo de corrosão, desmistifica-se ou aprimora-se este saber, transformando-o em conhecimento científico. Os treinamentos são concluídos com êxito uma vez que o profissional sai capacitado para tomar decisões visando obter melhores rendimentos.
Agradecimentos
Referências
Diário do comércio. Os danos da corrosão na economia. Disponível em: http://www.diariodocomercio.com.br/noticia.php?tit=os_danos_da_corrosao_na_economia_&id=101214 Acesso em 07 de agosto de 2016.
MERÇON, Fábio. GUIMARÃES, Pedro I. C. MAINIER, Fernando B. Corrosão: Um exemplo usual do fenômeno químico. Revista Química Nova na Escola. Nº 19, 2004.
SANTOS, Wildson L. P. dos. SCHNETZLER, Roseli Pacheco. Educação em Química: Compromisso com a cidadania. 2 ed. Ijuí: Ijuí, RS.