Avaliação prévia do grau de poluição do Rio Itapecuru, na cidade de Codó - MA

ISBN 978-85-85905-19-4

Área

Ambiental

Autores

Rangel, J.H.G. (IFMA) ; Freitas, A.S. (IFMA) ; da Silva, M.R. (IFMA) ; Fonseca, N.N. (IFMA) ; Silva, L.K. (IFMA)

Resumo

O Rio Itapecuru localizado no Maranhão, com uma a extensão de 1.050 km, vem sofrendo degradação ambiental. Ele passa por 20 cidades, entre elas Codó, que apresenta vários tipos de atividades antropogênicas. Na etapa inicial da pesquisa, foram coletadas amostras da água do rio e realizadas análises físico-química no local e microbiológica, ânions e cátions em laboratório. Os resultados apresentados estão dentro dos parâmetros estabelecidos pelo CONAMA, apresentando alteração apenas na quantidade de nitrito, que estava acima do limite permitido. O uso de resíduos de fertilizantes agrícolas e falta de saneamento básico na região podem ser a causa desse excesso de nitrito. Esses resultados prévios serviram de base para estudos mais aprofundadas sobre poluentes

Palavras chaves

Rio Itapecuru; Análise físico-quimica; Análise Microbiologica

Introdução

O rio Itapecuru, genuinamente maranhense, percorre cerca de 16% das terras do Maranhão, passando por dentro de 20 municípios, com 1.050 quilômetros de extensão, desembocando na baía do Arraial, ao sul da ilha de São Luís. (Brasil, 2014). É utilizado para navegação, pesca artesanal, irrigação de pequenas plantações e também para o abastecimento de água da capital São Luís – MA. Estudos recentes mostram uma intensa degradação ambiental nesse rio, em diversos pontos (Conrrado, 2012), por isso a necessidade de se fazer um diagnóstico da situação de suas águas. Uma das principais causas de degradação dos rios é a poluição química, física ou biológica, sendo que em geral a adição de um tipo destes poluentes altera também as outras características importantes da água (Pereira, 2004). As análises físico-químicas e microbiológicas servem para avaliar o grau e o tipo de poluição que o rio vem sofrendo, seja tanto de natureza microbiológica como coliformes totais ou química como o excesso de nitrito, causados principalmente por uso abusivo ou inadequado de pesticidas, fertilizantes e falta de saneamento básico. Esse trabalho faz parte de um levantamento prévio sobre a contaminação do Rio Itapecuru, e que servirá como base para um trabalho mais aprofundado e direcionado sobre poluentes orgânicos.

Material e métodos

A coleta foi realizada no município de Codó (MA), (S 04°27'17.1''e W 043°52'51.2''), em três níveis de profundidade: Superfície, 0,75 metros e 1,5 metros, ás 15:00hs. A metodologia utilizada para análise dos parâmetros físico-químicos (CONAMA Resolução n° 357/2005) medidos in loco sendo realizada transparência (Disco de Secchi), pH (medidor de pH portátil modelo HI9126, HANNA), Condutividade (Condutivímetro portátil COM-500-Ion), O2 dissolvido (Oxímetro Instrutherm MO-900), Temperatura (°C) e Umidade relativa (%) (Medidor de estresse térmico marca Checker modelo 8778). Em laboratório foram realizadas análises de ânions e cátions em um Sistema de Cromatografia Iônica (DIONEX ICS-5000- DUAL, Thermo Scientific). As análises microbiológicas para a determinação de coliformes totais (CT) foi o de número mais provável (NMP), a técnica foi a de tubos múltiplos baseados nos recomendados na metodologia descrita nas normas internacionais (Apha, 1998).

Resultado e discussão

Os parâmetros físico-químicos e microbiológicos analisados nesse ponto do Rio Itapecuru estão listados na Tabela 1. A transparência do rio (Disco de Secchi) foi de 50 cm. A baixa transparência, que segundo Nascimento (2001) possivelmente é devido à maior concentração de material em suspensão. Segundo Maier (1987) O2 dissolvido, é um elemento principal para o metabolismo dos seres aquáticos aeróbicos. A média de O2 obtido no experimento foi de 16,9mg/L, ficou dentro do limite aceitável pelo CONAMA (6mg/L). A temperatura e umidade relativa do ar foram de 35,4°C e 33,8%, respectivamente. Elevações destes fatores extrínsecos promovem uma diminuição na disponibilidade do teor de oxigênio presente. Os valores de pH apresentaram-se compatíveis para a maioria dos organismos aquáticos, segundo Vieira (2010) valores acima ou abaixo destes limites podem ser nocivos ou letais, especialmente aos peixes. A condutividade de 496,33 uS/cm, devido a quantidade íons presentes, principalmente o Na+1. A condutibilidade pode indicar o grau de contaminação, por compostos orgânicos que não se dissociam em água, e tem sua condutividade elétrica severamente reduzida. Para rios de água doce as faixas de condutividade elétrica variam entre 0 e 800 uS/cm (Villas & Banderali, 2013). A quantidade de coliformes totais encontra-se muito acima do limite aceitável pelo CONAMA, indicando um risco potencial da presença de organismos patogênicos, possivelmente devido à contaminação de efluentes domésticos. A quantidade de Fluoreto, Nitrato e Sulfato, encontram-se no limite aceitável, no entanto, a concentração de nitrito (1,139mg/L) apresentou teores acima do permitido pela legislação, isso pode estar relacionado ao uso abusivo de fertilizantes e/ou pesticidas utilizados para agricultura.

TABELA 1

Análises físico-químicas e microbiológicas da água do Rio Itapecuru.

Conclusões

A realização do levantamento prévio no Rio Itapecuru aponta vários indícios de contaminação, sendo a concentração de nitrito um determinante preocupante. O monitoramento do rio se faz necessário com acompanhamento dos níveis (nitrito, coliformes, oxigênio dissolvido e pH) analisados para manutenção e controle, podendo centralizar em novos estudos direcionados para poluentes orgânicos persistentes (POPs).

Agradecimentos

Ao Programa de Pós-graduação em Química do IFMA. Agradeço a FAPEMA pela concessão da bolsa.

Referências

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