Exposição profissional ao chumbo correlacionada a processos de soldagem: dosagem de Pb-U por voltametria de pulso diferencial com redissolução anódica e determinação do ALA-U

ISBN 978-85-85905-19-4

Área

Ambiental

Autores

Pereira, T.M. (FACULDADE DINÂMICA DO VALE DO PIRANGA) ; Mayrink, M.I.C.B. (FACULDADE DINÂMICA DO VALE DO PIRANGA) ; Reis, E.L. (UFV) ; Lisardo, A.M. (FACULDADE DINÂMICA DO VALE DO PIRANGA) ; Marques, C.O. (UFV) ; Lopes, N.P.G. (UFV)

Resumo

Considerado problema de saúde pública, não apresentando nenhum significado fisiológico no organismo, os efeitos tóxicos do Pb no organismo de trabalhadores expostos a ambientes insalubres, principalmente em processos de soldagem é de extrema relevância. O presente estudo avaliou através de técnica voltamétrica e espectrofotometria a correlação entre a exposição profissional ao chumbo e os processos de soldagem em três metalúrgicas de uma cidade de Minas Gerais, os resultados demonstraram valores de ALA-U e chumbo nas urinas inferiores ao referencial, uma hipótese é que pacientes expostos aos mesmos níveis de chumbo eliminariam teores diferentes desse metal, conforme função renal distinta, isso implicaria em outras análises para confirmação ou não da retenção de chumbo no organismo.

Palavras chaves

Chumbo; Saúde ocupacional; Voltametria

Introdução

O chumbo (Pb) é considerado um problema de Saúde Pública e ambiental, pois pode causar riscos graves à saúde associados à sua exposição aguda e crônica, gerando problemas graves a saúde de trabalhadores expostos, da população em geral e preocupação decorrente aos danos provocados no organismo relacionado ao aparecimento de patologias diversas (MARTINS, 2014). Considerado altamente tóxico, o íon chumbo tem como um dos principais mecanismos de toxicidade a inibição da enzima ácido delta aminolevulínico desidratase (ALA-D) no sistema hematopoiético. Assim, a determinação do ALA- U é usada como indicador de efeito biológico de exposição ocupacional ao chumbo, pois revela alterações orgânicas causadas pela sua ação direta e indireta na via metabólica do heme, permitindo evidenciar a existência de um efeito crítico de chumbo inorgânico (JUNIOR, 2014). Existem diferentes indicadores de dose interna e de efeito biológico para exposição ocupacional ao chumbo, dentre os quais se destacam o Pb-S, Pb-U, ALA-U e ZPP. A concentração de Pb-S indica uma exposição recente ao metal e a concentração de Pb-U reflete a exposição atual. O ALA-U retorna rapidamente aos níveis normais, uma vez que o trabalhador foi afastado da exposição (JUNIOR, 2014). O objetivo principal que norteou este estudo foi determinar e avaliar os níveis de chumbo por diferentes metodologias como o ALA-U e o Pb-U pela Voltametria de Redissolução Anódica de Pulso Diferencial (DPASV) em trabalhadores expostos ao metal.

Material e métodos

Em um período de dois dias foi coletado 70 mL de urina de 28 trabalhadores em frascos âmbar, após jornada de trabalho nas metalúrgicas classificadas em A, B e C, sendo 19, 2 e 7 o número de amostras para cada empresa respectivamente, esses valores foram padronizados conforme a proporção de trabalhadores em cada empresa, estabelecendo como prioridades os soldadores e mecânicos. Vinte e sete trabalhadores são do sexo masculino e um do sexo feminino, com idade entre 18 a 65 anos. Todas as amostras foram transportadas e mantidas sobre refrigeração para laboratório da Faculdade Dinâmica, a 20 mL de cada amostra foi destinada a determinação do ALA-U que em parceria com Laboratório Lisardo e Cota Medicina Laboratorial preparou as amostras conforme protocolo para coleta e preparo das amostras biológicas para análise do Ácido delta aminolevulínico urinário - ALA-U disponibilizado pelo Instituto Hermes Pardini S.A. no qual foi encaminhada para análise por método Colorimétrico pela técnica de Espectrofotometria UV/Vis. Para a dosagem de Pb-U, 50 mL de urina foi acidulada com 2,5 mL de HNO3 2 mol/L, transportada para Laboratório de Instrumentação e Quimiometria, Departamento de Química da Universidade Federal de Viçosa. A cada 5 mL de urina acrescentou 2 mL de HNO3 e 2 mL H2O2 32 % v/v sob aquecimento, transferiu 100 µL dessa amostra e 2 mL tampão acetato pH 4,75 para balão de 25 mL completando com H2O Milli-Q. Leu-se a curva analítica utilizando solução padrão de chumbo, na sequência, leitura das amostras conforme protocolo padronizado, para análise em polarógrafo Analisador Voltamétrico da Methrom – 797 VA Computrace, com varreduras de potencial na faixa de -0,2 a -0,6 volts.

Resultado e discussão

A avaliação dos resultados baseou-se na NR-7 Portaria nº 1.892, de 09 de dezembro de 2013, cujos Valores de Referência da Normalidade e Índice Biológico Máximo Permitido estão claramente definidos como Parâmetros para Controle Biológico da Exposição Ocupacional ao chumbo no Brasil. Essa norma preconiza que o chumbo tem o seu teor relacionado com a concentração de creatinina presente na urina do indivíduo. A creatinina está envolvida na filtração glomerular que ocorre nos rins. A presença de metais nos rins influencia na filtração glomerular, portanto, a relação entre esses dois parâmetros leva a correção da concentração do metal presente na urina, minimizando assim efeitos de diluição. Os valores de referência, segundo a legislação brasileira para ALA-U é de 2,6 a 4,5 mg/g creatinina. Das vinte oito amostra, a urina de três trabalhadores apresentaram valores nessa faixa, sendo estes, referentes à Metalúrgica C, os demais apresentaram valores abaixo de 2,6 mg/g creatinina. Estes resultados podem estar relacionados a diferença da função renal de cada indivíduo, pacientes expostos aos mesmos níveis de chumbo poderão ter diferentes capacidades de produção de creatinina, consequentemente, maior ou menor retenção do metal no organismo. Os valores de Pb-U obtidos foram na faixa de 0,001 a 8,25 µg/mL, valores baixos ficando próximo ao limite mínimo da curva analítica. Apesar da sensibilidade da técnica voltamétrica e outras técnicas modernas, a urina é uma matriz complexa que confere efeitos adversos, isso implica concentrações de chumbo com níveis extremamente baixos para detecção, necessitando de técnicas de extração para sua pré-concentração seguida de determinações (Álvarez, et al 2015).

Conclusões

As três metalúrgicas A, B e C, apresentaram resultados de ALA-U dentro dos valores de referência segundo a legislação brasileira vigente, apenas a metalúrgica C apresentou valores de ALA-U na faixa de 2,6 a 4,5 mg/g creatinina. Entretanto, os valores de Pb-U foram considerados muito baixos. Conclui-se que, mesmo dentro do limite de tolerância de chumbo pela NR-7, é de extrema importância uma revisão da situação ocupacional das metalúrgicas envolvidas principalmente para os trabalhadores da metalúrgica C de forma a prevenir em longo prazo futuras intoxicações por chumbo.

Agradecimentos

À FAPEMIG e à Indústria de Forjados São Romão pelo apoio financeiro concedido. Ao Departamento de Química da Universidade Federal de Viçosa pela disponibilização do l

Referências

ÁLVAREZ, J. M. ; , A.; BARCIELA, J. G. ; GARCÍA, S. M.; HERRERO, C. L. Determination of cadmium and lead in urine samples after dispersive solid–liquid extraction on multiwalled carbon nanotubes by slurry sampling electrothermal atomic absorption spectrometry Departamento de Química Analítica, Nutrición y Bromatología, Facultad de Ciencias, Universidad de Santiago de Compostela, Campus de Lugo, 27002 Lugo, Spain, 2015.

BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego: Portaria MTE nº 1.892, de 09 de dezembro de 2013. NR-7 Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional, 2013. Disponível e <http://www.mtps.gov.br/images/Documentos/SST/NR/NR7.pdf>.Acesso em: 01 de jul. 2016.

JUNIOR, A. C. M. “Avaliação dos polimorfismos do Ácido Delta-aminolevulínico desidratase (ALAD) e Glutationa peroxidase (GPx) sobre estresse oxidativo em trabalhadores ocupacionalmente expostos ao chumbo”. Universidade de São Paulo. Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto. Ribeirão Preto, 2014.

MARTINS, R. Z. Contaminação por chumbo no projeto da UHE Tijuco Alto – Estudo de Caso. Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Departamento Acadêmico de Construção Civil. Curitiba, 2014.

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