ISBN 978-85-85905-19-4
Área
Ambiental
Autores
Neves, P.A. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAPÁ) ; Lima, R.F. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAPÁ) ; Mendes, S.R. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAPÁ) ; Silva, T.M. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAPÁ) ; Xavier, N.S. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAPÁ) ; Morais, S.S.S. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAPÁ)
Resumo
O presente trabalho teve por objetivo investigar o destino final dos resíduos do açaí após a extração de sua polpa, bem como os danos causados ao meio ambiente decorrente do descarte na zona urbana do município de Calçoene ao Norte do Estado do Amapá. A coleta de dados efetivou-se com a aplicação de um questionário padrão que foi entregue aos vendedores locais. Após o levantamento dos resultados observou-se grande parte dos entrevistados não possui consciência crítica sobre os danos causados pelos resíduos, grande parte dos vendedores afirmaram que o adubo é uma excelente forma de reutilização, bem como, rações e materiais para o artesanato na produção de joias. Entretanto, há muitas informações que precisam ser adquiridas à respeito do descarte e reaproveitamento dos resíduos.
Palavras chaves
Açaí; Resíduos; Calçoene-Ap
Introdução
O açaizeiro (Euterpe oleracea) é típico da região amazônica e sua safra ocorre durante os meses de dezembro a janeiro e de junho a julho (QUEIROZ, 2004). O açaí é um importante componente da dieta amapaense e o consumo da sua polpa se dá principalmente acompanhado por farinha de mandioca e pescado (CHELALA, 2012), o que não é diferente na zona urbana do município de Calçoene, localizado ao norte do Estado do Amapá. Segundo Chelala, ([2007?]) o Estado do Amapá é o 2° maior produtor da região Norte, correspondendo a 2,26%, ficando atrás apenas do Pará com 94%. O açaí amapaense movimenta por ano 15 milhões, contribuindo com 2/3 do Produto Interno Bruto do Estado (FEQUEIRA, [2014?]). De acordo com pesquisas realizadas pelo Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá - IEAP o Estado não possui legislação de manejo do fruto açaí tendo como consequência a forma irregular da extração e exportação do fruto. Destaca-se ainda a destinação dos caroços após a retirada da polpa, que em sua maioria é destinado aos lixões a céu aberto. De acordo com FARINAS et al (2009), os resíduos orgânicos dos caroços de açaí descartados em aterros sanitários, cursos d´água, leitos de rios e em lagos provocam proliferação de microrganismos que contribuem para reduzir o oxigênio na água causando a morte dos organismos aquáticos, e muitas vezes do próprio rio ou lago. Diante deste cenário, o presente trabalho objetivou investigar o destino final aos resíduos do açaí após a extração de sua polpa, bem como danos causados ao meio ambiente decorrente do descarte na zona urbana do município de Calçoene-Ap.
Material e métodos
A princípio fez-se necessário à realização de um levantamento de dados através de pesquisas bibliográficas com objetivo de obter maior esclarecimento da temática desenvolvida. A pesquisa desenvolveu-se na área urbana do município de Calçoene-AP, tendo como público alvo 11 vendedores de açaí que se disponibilizaram em participar da pesquisar, dos 18 que trabalham na área. Para a coleta de dados foi utilizado um questionário padrão com 11 perguntas, das quais 4 tiveram maior relevância e serão discutidas neste trabalho. O questionário objetivou investigar os seguintes assuntos: destino dado aos resíduos; danos causados ao meio ambiente; forma a qual é feita a obtenção do fruto e alternativas utilizadas para o reaproveitamento dos desses resíduos. Após a aplicação dos questionários os dados foram analisados, relacionados e tabulados com o auxilio do software Excel, que gerou gráficos para melhor observação dos resultados o que possibilitou uma melhor discussão acerca da temática abordada nesta pesquisa.
Resultado e discussão
Com base nos dados obtidos foi possível observar que os entrevistados não
possuem senso crítico sobre os danos causados pelo descarte inadequado dos
resíduos de açaí, o que mostra a necessidade de desenvolver meios para
conscientiza-los sobre tais danos. Segundo Reis et al (2002) quase não há
estudos relacionados com aos resíduos dos caroços de açaí, pois o que se vê,
são caroços jogados pelas ruas e nos lixões, sem nenhum tratamento.
Assim como mostra a figura 01, em relação ao destino dos resíduos, 46% dos
entrevistados não souberam responderam a pergunta, 36% relataram sua
utilização como adubo, enquanto que o menor quantitativo, que corresponde à
18%, afirmaram fazer o descarte dos resíduos no lixo. Resalta ainda, que
quando questionados sobre as possíveis formas de reaproveitamento, observou-
se que 55% dos participantes não possuem conhecimento do assunto, 27%
afirmaram que uma excelente forma de reutilização é o adubo, 18% relataram
além do adubo, rações e materiais para o artesanato na produção de joias que
são meios alternativos de utilização dos resíduos de açaí. Segundo Gantuss
(2006) o caroço, após decomposição é largamente empregado como matéria
orgânica, sendo considerado ótimo adubo para o cultivo de hortaliças e
plantas ornamentais.
Vale ressaltar que apenas 18% dos entrevistados possuem sua própria
produção, enquanto que 82% compram de produtores da região, o que influência
diretamente no preço e na qualidade do produto, como destaca a figura 02. O
valor do açaí pode variar muito durante a safra, vez que o preço depende da
quantidade de produção e da negociação com os compradores (CONAB, 2015).
Reaproveitamento e destino dos resíduos do açaí
Qual a forma de aquisição do açaí?
Conclusões
Os resultados obtidos a partir da pesquisa mostram que em sua maioria os participantes não possuem conhecimento sobre possíveis formas de estar reaproveitando os resíduos do açaí, destaca-se que parte dos vendedores realiza o descarte dos resíduos no lixo a céu aberto. Desta maneira, torna-se viável que haja um trabalho de cunho social com intuído de informar a sociedade local dos meios alternativos de reaproveitamento do mesmo, visto que o descarte de forma inadequada acarreta danos ao meio ambiente e deixa de gerar renda no município como forma de material alternativo.
Agradecimentos
Aos vendedores de açaí da zona urbana do município de Calçoene-Ap e a Universidade do Estado do Amapá.
Referências
CHELALA, Cláudia. ARRANJO PRODUTIVO LOCAL DO AÇAÍ NOS MUNÍCIPIOS DE MACAPÁ E SANTANA, [2007?]. Disponível em: < http://www.sudam.gov.br/conteudo/menus/referencias/biblioteca/arquivos/Ada-2007/caf_2007_10876_cod_550_apl_do_acai_nos_municipios_de_macapa_e_santana.pdf. Acessado em: 8 ago 2016.
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