ISBN 978-85-85905-19-4
Área
Química Analítica
Autores
Santos, L.P. (UFRA) ; Souza, A.M.F. (UFPA) ; Freitas, K.H.G. (UFPA) ; Rocha, R.M. (UFPA) ; Oliveira, A.F.S. (UFPA) ; Pereira, S.F.P. (UFPA)
Resumo
Esta pesquisa teve como objetivo desenvolver um índice de qualidade da água (IQA) específico para os rios da Amazônia com base na avaliação dos parâmetros físico-químicos e metais pesados das águas das UHEs de Tucuruí, Curuá-Una e Samuel. Para isto foram realizadas quatro campanhas divididas em 35 pontos de coletas. As amostras de água foram acondicionadas de acordo com a CETESB, 1988. Em seguida, foram transportadas para Belém sob refrigeração para análise no LAQUANAM/UFPA e LACEN/ELETRONORTE. Para os cálculos do IQA foi utilizada a metodologia empregada por Sahu e Sikdar (2008). As análises de OD, Temperatura e pH foram medidos in situ. Ao analisar os resultados, observou-se que as águas dos três reservatórios foram classificadas de qualidade BOA e EXCELENTE.
Palavras chaves
água; IQA; Amazônia
Introdução
Uma forma de se monitorar a qualidade das águas é por meio de índices denominados Índices de Qualidade da Água (IQA) (CORADI et al., 2009). O IQA é definido como um reflexo dos compostos que mais influenciam os diferentes parâmetros de qualidade das águas e apresenta a vantagem de reunir a determinação destes parâmetros, com diferentes unidades de medida, em um único número, que pode facilmente ser entendido e utilizado pela população. O IQA é decorrente de ensaios em laboratório, que como resultado final do índice permite classificar um determinado manancial em excelente a muito ruim (FRINHANI & CARVALHO, 2010; ARAÚJO et al., 2007). A principal desvantagem consiste na perda de informação das variáveis individuais e da interação entre elas. Em virtude destas limitações é necessária a realização de testes mais específicos que indiquem a presença de outras substâncias consideradas tóxicas como cobre, zinco, cádmio, chumbo, cromo total, mercúrio, níquel, surfactantes, dentre outros (CETESB, 2007). Estes poluentes não são analisados no cálculo do IQA, e sabe-se que a presença destes compostos no ambiente afeta de forma negativa a qualidade da água, daí a necessidade de se desenvolver novos índices utilizando valores mais flexíveis e que sejam adequadas para as condições regionais das águas (ALVES et al., 2012). Diante deste cenário, o objetivo desta pesquisa foi desenvolver um índice de qualidade da água (IQA) específico para os rios da Amazônia com base na avaliação dos parâmetros físico-químicos e metais pesados das águas dos reservatórios das UHEs de Tucuruí, Curuá-Una e Samuel.
Material e métodos
O trabalho foi desenvolvido por pesquisadores do Laboratório de Química Analítica e Ambiental (LAQUANAM) da UFPA, UFRA e LACEN- SESPA (Secretaria de Saúde do Estado do Pará) dentro de um período de 14 meses, nos reservatórios de Tucuruí (Tucuruí-PA), Curuá-Una (Santarém-PA) e Samuel (Candeias do Jamari-RO). As amostras foram coletadas em diversos pontos amostrais sendo planejados da seguinte maneira: 16 em Tucuruí, 8 em Curuá-Una e 11 em Samuel, totalizando 35 estações de coleta. As análises foram realizadas de acordo com a resolução 357/2005 do CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente.A coleta de água foi realizada trimestralmente obedecendo ao período de maior e menor precipitação pluviométrica e dois períodos intermediários para a região Norte. As coletas de água foram efetuadas através de garrafa modelo "Van Dorn" (volume de 5 litros), obedecendo a critérios preconizados pela CETESB (1988). Parâmetros físico-químicos como OD, pH e Temperatura foram medidos in situ. As amostras de água foram levadas resfriadas para o laboratório de Química Analítica e ambiental – LAQUANAM/UFPA, logo após a coleta, as amostras foram acondicionadas em caixa de poliestireno expandido (EPS) contendo gelo, de forma a manter a temperatura de aproximadamente (4ºC). Após o envio das amostras para Belém estas foram acondicionadas em geladeiras no laboratório central da Eletronorte (LACEN-ELETRONORTE) para posterior tratamento, análise e filtração em membranas tipo GFF (Millipore 0,45 mM) utilizando sistema de filtração a vácuo. Os metais foram analisados pelo ICPOES.
Resultado e discussão
Os cálculos de IQA (Índice de Qualidade das Águas) foram realizados através da metodologia empregada por Sahu e Sikdar (2008) e análise multivariada utilizando o Software MINITAB 14. Na Tabela 1 estão apresentados a classificação segundo Sahu e Sikdar (2008).
Foram obtidos valores de IQA variando de 45,6413 a 72,9858 sendo, portanto, classificada em água EXCELENTE (IQA ≤ 50) e BOA (50 ≤ IQA ≤ 100) para os três reservatórios segundo Sahu e Sikdar (2008).
Nas Figuras 2a, 2b e 2c está mostrado o comportamento da qualidade das águas superficiais dos reservatórios de Tucuruí, Curuá-una e Samuel em 2015 conforme a qualidade das águas. Observou-se que houve certa regularidade na variação da qualidade das águas para o modelo proposto com apenas 02 (dois) pontos fora dessa regularidade (MP e MJ) na UHE de Tucuruí.
Diante dos resultados, pode-se considerar que os cursos de água avaliados apresentaram características satisfatórias quanto à qualidade das águas superficiais dos reservatórios de Tucuruí, Curuá-una e Samuel.
Classificação de Qualidade para IQA.
(a) IQA UHE Tucuruí. (b) IQA UHE Curuá-Una. (c) IQA UHE Samuel.
Conclusões
Os resultados observados nas coletas das amostras de água de forma geral, todos os parâmetros estiveram de acordo com os valores estabelecidos pela resolução 357/2005 do CONAMA, podemos considerar que os resultados obtidos são de classe 2. Os resultados observados apresentaram valores para os Índices de Qualidade das águas variando entre 41,3298 a 96,9707 classificando as águas em ‘Boa’ e ‘Excelente’ para o IQA.
Agradecimentos
Ao LAQUANAN/UFPA e LACEN/ELETRONORTE, assim como todos da equipe.
Referências
ALVES, I. C. C.; EL-ROBRINI, M.; SANTOS, M. L. S.; MONTEIRO, S. M.; BARBOSA, L. P. F.; GUIMARÃES, J. T. F. Qualidade das águas superficiais e avaliação do estado trófico do Rio Arari (Ilha de Marajó, norte do Brasil). Acta Amazônica, vol. 42(1) 2012: 115 – 124.
ARAÚJO, V. S.; ARAÚJO, A. L. C.; SANTOS, J. P. Monitoramento das águas do rio Mossoró∕RN, no período de abril∕2005 a julho/2006. Holos, ano 23, maio/2007.
CETESB - COMPANHIA DE TECNOLOGIA DE SANEAMENTO AMBIENTAL. Amostragem e monitoramento das águas subterrâneas – Norma CETESB, 1988.
CETESB – COMPANHIA DE TECNOLOGIA DE SANEAMENTO AMBIENTAL. Relatório de qualidade das águas subterrâneas no Estado de São Paulo: 1995-2000. São Paulo: CETESB, 96 p. 2007.
CONAMA (CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE). RESOLUÇÃO No. 357. Ministério do Meio, 2005.
CORADI, P. C.; FIA, R.; PEREIRA-RAMIREZ, O. Avaliação da qualidade da água superficial dos cursos de água do município de Pelotas-RS, Brasil. RevistaAmbiente&Água – An Interdisciplinary Journal of Applied Science: v. 4, n. 2, 2009.
FRINHANI, E. M. D.; CARVALHO, E. F. Monitoramento da qualidade das águas do Rio do Tigre, Joaçaba, SC. Unoesc&Ciência – ACET, Joaçaba, v. 1, n. 1, p. 49-58, jan/jun. 2010.
SAHU, P.; SIKDAR, P. K. Hydrochemical framework of the aquifer in anda round East Kolkata Wetlands, West Bengal, India.EnviromentalGeology (55): 823-835, 2008.