Viscosidade de líquidos puros em altas pressões - A equação de Andrade-Guzmán

ISBN 978-85-85905-19-4

Área

Físico-Química

Autores

Trintim, N. (Universidade Federal Fluminense) ; Martins, R.J. (UFF) ; Lamego, L.S.R. (UFF)

Resumo

Investigou-se a aplicabilidade da equação de Andrade-Guzmán na descrição da viscosidade de líquidos puros em pressões superiores à atmosférica. O comportamento viscoso de alguns álcoois (C1OH - C10OH) foi analisado em diferentes intervalos de temperatura e pressão. A equação, originalmente proposta para descrever o efeito da temperatura na viscosidade de líquidos à pressão ambiente, mostrou-se adequada para as altas pressões. Buscou-se, também, analisar a dependência dos coeficientes dos parâmetros das equações obtidas com o número de carbonos dos compostos estudados. O tratamento permitiu identificar uma dependência quadrática dos parâmetros para com a pressão, além de um tendência no comportamento dos coeficientes ai e bi dos parâmetros com o número de carbonos.

Palavras chaves

viscosidade; pressão; temperatura

Introdução

Uma das propriedades mais importantes dos fluidos para a indústria é a viscosidade, que é uma propriedade que caracteriza o seu comportamento durante o regime de fluxo. Devido à escassez de valores de viscosidade em condições de pressão de operação industrial, faz-se necessário estimá-los. A aplicabilidade da equação de Andrade-Guzmán foi estudada, na correlação de dados de viscosidade de álcoois puros lineares, encontrados na literatura, especialmente em pressões superiores a 101,325 kPa.

Material e métodos

Dados experimentais dos compostos metanol, etanol, propanol, butanol, pentanol, hexanol, heptanol, octanol, nonanol e decanol puros foram correlacionados com a equação de Andrade-Guzmán linearizada (ln η = A + B/T) através do método dos mínimos quadrados para conjuntos de dados isobáricos. Para cada composto o efeito da pressão sobre os parâmetros A e B foi analisado e, para descrever a dependência desses parâmetros com a pressão, utilizou-se novamente o método dos mínimos quadrados e um conjunto de equações pré-definidas. Verificou-se que, tanto A como B obedecem a uma equação de 2o grau na pressão: A=ao+a1p+a2p2 e B=bo+b1p+b2p2. Analisou-se, também, a dependência dos coeficientes ai e bi com o número de carbonos dos álcoois estudados. O programa utilizado para fazer as correlações foi escrito em Pascal, em ambiente Lazarus, sob sistema Linux - Ubuntu.

Resultado e discussão

Apesar de, originalmente, a equação de Andrade-Guzmán ter sido elaborada para previsão da viscosidade de líquidos à pressão ambiente, ela foi capaz de descrever o comportamento viscoso, dos líquidos investigados, em pressões elevadas (~100 MPa) [1-22]. A figura 1 mostra o bom acordo entre os valores experimentais e os calculados com a equação para o etanol às pressões de 0,1; 20; 40; 60; 80 e 100 MPa. Os desvios relativos médios percentuais observados foram menores que 3,5 % para todos os compostos investigados. Analisando-se o comportamento dos parâmetros A e B com a pressão, verificou se que os mesmos satisfazem equações de 2° grau, cujos coeficientes de ordem zero, um e dois, mostram um perfil de dependência com o número de carbonos presentes na cadeia. A figura 2 mostra o comportamento dos parâmetros A e B da equação de Andrade-Guzmán com a pressão. A análise preliminar dos parâmetros a0, a1 e a2 mostrou um comportamento linear entre o ln do parâmetro e o número de carbonos dos alcoóis e um comportamento polinomial entre os parâmetros b0, b1 e b2, e o número de carbonos para a faixa de pressão de 0,1-100 MPa. Na figura 2 estão locados os valores dos parâmetros A e B calculados para os diversos conjuntos de dados experimentais utilizados neste trabalho, onde cada ponto representa um diferente conjunto de dados isobáricos.

Figura 1

Resultados da modelagem da viscosidade do etanol em altas pressõescom a equação de Andrade-Guzmán

Figura 2

Dependência dos parâmetros A e B com a pressão.

Conclusões

A equação de Andrade-Guzmán é apropriada para descrever o efeito da temperatura sobre a viscosidade dos líquidos investigados neste trabalho em pressões diferentes da atmosférica. Para os compostos investigados, os resultados são considerados bons pois os desvios encontrados são menores que 3,5 %. E, percebeu-se não só a dependência dos parãmetros A e B da equação com a pressão do sistema, como também foi possível identificar uma dependência quadrática dos parâmetros com a pressão, viabilizando assim a utilização dessa equação a sistemas com pressões elevadas, e uma dependência dos coeficiente

Agradecimentos

Os autores agradeçem à FAPERJ e ao PIBIC/UFF pelo apoio financeiro.

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