ISBN 978-85-85905-19-4
Área
Iniciação Científica
Autores
Paiva Ribeiro, F. (UFPA) ; de Oliveira Feitosa, A. (UFPA) ; Favacho Ribeiro, A. (UFPA) ; Moacir do Rosário Marinho, A. (UFPA) ; Helena de Aguiar Andrade, E. (UFPA) ; Guilherme Soares Maia, J. (UFPA)
Resumo
Plantas do gênero Lippia apresentam potencial antimicrobiano, devido sua composição química. O trabalho avaliou a ação antibacteriana do óleo essencial de Lippia origanoides sobre Escherichia coli e Staphylococcus aureus. O bioensaio foi realizado no LaBQuiM da UFPA. Os constituintes majoritários preliminarmente caracterizados e quantificados no óleo foram 1,8 cineol (10%); (E)-cariofileno (5%) e o (E)-nerolidol (33%). O quimiotipo nerolidol do óleo utilizado no ensaio, apresentou o dobro da CIM contra S. aureus que o quimiotipo carvacrol da mesma espécie. A CBM também foi muito elevada (20µL/mL). Frente a E.coli a CBM foi 5µL/mL. Esses dados demonstram a eficácia desses óleos sobre tais bactérias.
Palavras chaves
Lippia origanoides; Escherichia coli; Staphylococcus aureus
Introdução
Estudos referentes às atividades antimicrobianas de extratos e óleos essenciais de plantas têm sido relatados em muitos países tais como: Brasil, Cuba, Índia, México e Jordânia, que possuem uma flora diversificada e uma rica tradição na utilização de plantas medicinais para uso como antibacteriano ou antifúngico (MARTÍNEZ et al., 1996; NAVARRO et al., 1996; MAHASNEH, 1999; DUARTE, 2005). Óleos essenciais apresentam uma ação antimicrobiana contra diversas bactérias, incluindo espécies resistentes a antibióticos (CARSON, 1995). Espécies de plantas pertencentes à família Verbenaceae, especialmente as do gênero Lippia, apresentam potencial antimicrobiano, devido sua composição química ser de natureza fenólica (LEMOS et al., 1990). A atividade antimicrobiana do óleo e de extratos do gênero Lippia contra fungos, bactérias e outros microrganismos já foi devidamente comprovada (SILVA et al., 2010). A espécie Lippia origanoides Kunth. é uma planta nativa brasileira, popularmente conhecida como salva ¬de marajó (PASCUAL et al., 2001). Seu óleo essencial é rico em timol, carvacrol e γ¬-terpineno, com ação antimicrobiana relatada frente a alguns fungos e bactérias (OLIVEIRA et al., 2007). Ribeiro e colaboradores (2014) verificaram que, a partir da composição química das folhas de Lippia origanoides, constatou-se um novo quimiotipo (E)-nerolidol. Óleos essenciais com quimiotipo carvacrol de L. origanoides foi testado nas bactérias Escherichia coli e Staphylococcus aureus, cuja Concentração Inibitória Mínima (CIM) e Concentração Bactericida Mínima (CBM) não variaram ao longo de um ano (SARRAZI et al., 2015). O S. aureus produz enterotoxinas que podem desencadear choque tóxico, bem como intoxicações alimentares, alergias e doenças autoimunes (BALABAN, 2000). Enquanto a E. coli pode ocasionar quadros gastro-intestinais e meningite (NATARO; KAPER, 1998), tendo, portanto, relevância clínica. Diante do exposto, fez-se necessário o estudo com o novo quimiotipo (E)-nerolidol obtido do óleo de L. origanoides, cujas potencialidades antibacterianas revelaram-se promissoras.
Material e métodos
Uma alíquota da amostra de óleo de Lippia origanoides armazenada no Banco de Amostras de Óleos do Laboratório de Engenharia de Produtos Naturais da UFPA foi selecionada para efetuar os testes. A amostra de óleo testada foi de coletada na Floresta Nacional de Carajás (PA) cujo tipo químico é (E)- nerolidol. Uma exsicata da espécie foi incorporada ao Herbário do Museu Paraense Emílio Goeldi. Estudos da atividade antibacteriana do óleo de L. origanoides foram realizados no Laboratório de Bioensaio e Química de Microrganismo (LaBQuiM) da Universidade Federal do Pará, utilizando cepas para rotina cedidas pelo Instituto Evandro Chagas (IEC). Na avaliação da atividade antibacteriana, in vitro, foram usadas bactérias Escherichia coli (Gram-negativa) e Staphylococcus aureus. Foi usado o protocolo do LaBQuiM, adaptando-se a metodologia indicada por Sarrazin e colaboradores (2015).
Resultado e discussão
As bactérias avaliadas mostraram susceptibilidade variável frente às
respectivas concentrações dos óleos essenciais, conforme Tabela 1. Verifica-
se que óleo essencial apresentou ação bacteriostática frente à bactéria
Staphylococcus aureus entre as concentrações 2,5 μL/mL a 10 μg/mL, além da
ação bactericida a partir da concentração 20 μL/mL. Em relação a Escherichia
coli, o óleo de apresentou ação bactericida nas concentrações a partir da
concentração de 5 μL/mL.
Sarrazi e colaboradores testaram o quimiotipo carvacrol do óleo essencial de
L. origanoides frente a E. coli e S. aureus. O valor da Concentração
Inibitória Mínima (CIM) foi de 1,25 e 0,15 μL/mL para E.coli e S. aureus,
respectivamente. O valor da Concentração Bactericida Mínima (CBM) foi de 2,5
μL/mL frente S. aureus e 1,25 μL/mL frente E. coli.
Neste estudo foi verificado que o valor da CIM para S. aureus foi de 2,5
µL/mL e CBM de 20 µL/mL. A CBM para E.coli foi 5 µL/mL.
Efeito do óleo essencial de Lippia origanoides sobre o crescimento de Staphylococcus aureus e Escherichia coli.
Conclusões
O quimiotipo nerolidol do óleo essencial de Lippia origanoides, usado neste trabalho, apresentou o dobro da Concentração Inibitória Mínima (CIM) contra Staphylococcus aureus que o quimiotipo carvacrol da mesma espécie botânica. A Concentração Bacteriostática Mínima também foi muito maior (20 µL/mL). Frente a Escherichia coli a CBM foi 5 µL/mL. Esses dados demonstram a eficácia desses óleos frente a essas duas bactérias.
Agradecimentos
A primeira autora agradece a Universidade Federal do Pará pela bolsa de Iniciação Científica concedida.
Referências
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