ISBN 978-85-85905-19-4
Área
Iniciação Científica
Autores
Vasconcelos Maia, S.S. (UECE UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARA) ; Almeida Matos, D.M. (UECE UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARA) ; do Vale Abreu, K. (UECE UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARA) ; Felix Oliveira, M.R. (UECE UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARA) ; Freitas Soares, D.W. (UECE UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARA) ; Mendes do Nascimento, T. (UECE UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARA) ; Barbosa Davi, D.M. (UECE UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARA) ; Ladislau de Abreu, K. (UECE UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARA) ; Roberto Alves, C. (UECE UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARA) ; Ribeiro Alves, D. (UECE UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARA)
Resumo
O objetivo desse trabalho foi realizar uma síntese a partir da mistura de cardóis constituinte do líquido da castanha de caju (LCC), e analisar seu potencial de inibição frente ao fungo Lasiodiplodia theobromae e sua toxicidade utilizando A. Salina como bioindicador. Esse procedimento foi feito tendo em vista pesquisas inovadoras para produção de biocidas. Para identificar a caracterização utilizamos ressonância magnética nuclear de 13C e 1H. Já para o desenvolvimento do teste fungicida usamos como meio de cultura o ágar sabouraud dextrose com o produto de reação. O crescimento médio do halo, com apenas ágar, foi de 7,6 cm. Os testes demonstraram resultados para o análogo de 28,57, 35, 29,52, 39,04 e 39,76%, com 24 horas.
Palavras chaves
LCC; Mistura de Cardóis; Fungicida
Introdução
O cajueiro é uma planta tropical ou subtropical, que possui nome cientifico Anarcadium Occidentali L, possui origem e pode ser cultivada em toda extensão brasileira. O cajueiro produz o caju e a castanha. O mesocarpo da castanha de caju é repleto de um óleo escuro, que corrói tecidos orgânicos e também é inflamável, esse óleo é denominado líquido da castanha de caju (LCC). O LCC pode ser obtido através de dois métodos sendo eles, extração a frio através de solvente, sendo chamado de LCC natural, e através de aquecimento com temperaturas de 190oC onde a castanha é cozida no próprio LCC, gerando o que chamamos de LCC técnico (MAZETTO,2009). O fungo L. theobromae, característico das regiões tropicais e subtropicais é favorecido por temperaturas de em média 28oC, umidade próxima de 60% e precipitações chuvosas em média 15 milímetros (Tavares, 2002). É um fungo oportunista, que sobrevive na atmosfera e nos tecidos, vivos ou mortos, de vegetais. Ele se dissemina através de insetos, ventos e materiais de poda, ataca a planta em ferimentos causados por pássaros, insetos e pelo próprio homem, e também em aberturas naturais da própria planta (OLIVERIA, 2014). A Artemia Salina é um tipo de minicrustáceo filtrador que consegue sobreviver em ambientes aquaticos salinos. Ela se alimenta basicamente de bactérias, algas unicelulares, protozoários de pequeno porte e alguns detritos presentes no meio em que se encontra. A taxa de filtração dela está relacionada de acordo com a concentração de partículas, ou seja, quanto maior a concentração menor a filtragem. O uso desse crustáceo se dá devido ao seu fácil manuseio e seu baixo custo. Em diversas literaturas tentam correlacionar toxicidade da Artemia Salina com atividade antifúngica, viruscida e antimicrobiana (MACRAE,1988).
Material e métodos
Uma solução de mistura de cardóis e cardanol foi obtida reagindo-se LCC natural com metanol e hidróxido de sódio, mantido sob agitação constante e temperatura de 50°C. Ao final desse processo foi separado o precipitado, anarcadato de sódio, da mistura de cardóis e cardanol (NUNES,2014). A mistura de cardóis e cardanol obtiveram tratamento em coluna cromatográfica separando assim mistura de cardóis do cardanol. A mistura de cardóis obtida foi adaptada para a reação com o ácido sulfanílico diazotizado (Allinger, 1976). A solução de ágar sabouraud dextrose com o análogo foram distribuídos, em triplicata, nas concentrações de 200, 500, 800, 1100 e 1400 ppm,. As placas são medidas em períodos de 24, 48 e 72 horas. Para observar o crescimento micelial do fungo, é inoculada uma placa apenas com ágar, a mesma também é feita em triplicata. Com base no crescimento micelal do fungo, a porcentagem de inibição do fungo foi calculada usando a equação, PIC=CRTE-CRT/CRTE, onde o PIC é o crescimento micelial em %, CRTE é o crescimento radial da testemunha em centímetros e CRT é o crescimento radial de tratamento em cm. O teste de toxicidade foi feito nas concentrações de 1000, 100, 10 e 1 mg/L. Em seguida as soluções foram distribuídas em triplicata, com 2 gotas de Tween para melhor solubilização. A recontagem foi feita após 24 horas de contato com o análogo. A dose letal de 50% foi determinada a partir de equações adquiridas por regressão linear (Oliveira, 2012).
Resultado e discussão
O espectro de 13C apresentou picos de aromáticos em δ = 128.4 e 123.4 ppm
referente ao anel do sal diazônio e picos de δ = 106.6; 112; 135.5 e 154 ppm
referentes ao anel aromático da mistura de cardóis. Os picos δ = 132 e 156.5 ppm
são alusivos para o carbono ligado ao nitrogênio. O pico de δ = 152 representa o
carbono ligado ao enxofre. Os picos de δ = 154 e 159.6 ppm pertencem aos carbono
ligados as hidroxilas. As múltiplas extremidades entre δ= 27.5 á 37.9 ppm
pertencem à cadeias ramificadas ligadas a mistura de cardóis, e possuem
insturações nos picos de δ = 132.2 e 127.3; 128.8 e 134.8 e 117.2 ppm.
Já os espectros de RMN 1H revelou sinais para aromáticos em δ =8,13 e 8,21 ppm
alusivo ao anel aromático do sal diazônio e δ = 6.23ppm referente ao anel da
mistura de cardóis. A extremidade δ = 5 ppm é referente aos prótons ligados a
hidroxila. Já a extremidade δ = 2.35 ppm é alusiva aos prótons do metil. Os
picos entre δ = 1.29 a 2.63 ppm pertencem aos prótons da cadeia ramificada e as
insaturações são apresentadas pelos picos de δ = 5.40 e 5.49; 5.41 e 5.71, 4.92
e 4.95 ppm.
Os resultados apresentados foram propostos a partir das observações na
testemunha que possui PIC de 100%, desta maneira obtivemos os seguintes dados
presentes na figura 2.
Teoricamente quando aumentamos a concentração aumentamos também o potencial
fungicida do análogo. Sendo assim vimos que na tabela acima o análogo apresentou
melhor resultado na concentração de 200 mg/L, com 24 horas, de 28,57%, de 500
mg/L, com 48 horas, de 40,21%, de 800 mg/L, com 24 horas e de 1400 mg/L, com 48
horas, de 56,08%.
Para o teste de toxicidade, tomando como base, que a D50 foi menos que
10 mg/ml o análogo é altamente toxico para a A. salina.
Mostra os picos de rmn para carbono 13 e protóns.
Tabela referente ao PIC da atividade antifungica.
Conclusões
Podemos perceber que a técnica de Ressonância Magnética Nucelar de 1H e 13C caracterizou o análogo produzido pela reação do ácido sulfanílico diazotizado com a mistura de cardóis. Tendo em vista os dados apresentados para o fungicida, percebemos que a síntese com o constituinte do LCC é promissor no controle de inibição. Sendo assim, podemos concluir que na concentração de 1400 mg/L com resultado de 56,08%, no período de 48 horas, o análogo apresentou melhor resultado. O análogo mostrou- se muito tóxico.
Agradecimentos
Agradeço a UECE, ao SISNABIO, ao NUGEM, a PRAE e a CAPES.
Referências
• Abreu, K. V. Síntese e Caracterização de um Antioxidante Organofosforado Derivado do Líquido da Casca da Castanha de Caju (LCC), pg 12-17 e 20-25 e 30-32
• Allinger, N. L. Livro de Química Orgânica, 2° edição, ano 2009. Pg 529 – 533.
• FREIRE, F.C.O. Desenvolvimento e Eficiência de um Fungicida Triazol a partir do Líquido da Casca da Castanha (LCC) do Cajueiro,COMUNICADO TECNICO. pg 1-2, 2011.
• MAZETTO, S.E. Óleo da castanha de caju: oportunidades e desafios no contexto do desenvolvimento e sustentabilidade industrial, Quim. Nova,Vol. 32, No. 3, 732-741, 2009. pg 732-735.
• NUNES, G. A. UTILIZAÇÃO DO ÁCIDO ANACÁRDICO E DO CARDANOL COMO SUBSTRATOS PARA A REAÇÃO DE METÁTESE E PREPARAÇÃO DE XANTONAS E TIOXANTONAS. pg 77, 2014.
•
• Oliveira, M.R.F ESTUDO SAZONAL, ABORDAGEM FITOQUÍMICA E ATIVIDADES BIOLOGICAS DOS EXTRATOS ETANÓLICOS E DOS ÓLEOS ESSENCIAIS DA ESPÉCIE HYPTIS SUAVEOLENS L. POIT, pg 56-59 e 71-72, 2012.
• Oliveira, M.R.F ATIVIDADE INSETICIDA DE DERIVADOS DO CARDANOL SOBRE LIRIOMYZA SP. (DIPTERA: AGROMYZIDAE) E BEMISIA TABACI BIÓTIPO B (HEMIPTERA: ALEYRODIDAE), pg 14-20, 2015.
• OLIVERIA, M. Z. A, Fungo Lasiodiplodia theobromae um problema para a agricultura baiana. pg 24-29.