ENSINANDO PESQUISA POR MEIO DA INICIAÇÃO CIENTÍFICA INFANTO-JUVENIL EM UM CLUBE DE CIÊNCIAS

ISBN 978-85-85905-19-4

Área

Iniciação Científica

Autores

Rosa, R. (UFPA) ; Portilho, E. (UFPA) ; Cajueiro, D. (UFPA)

Resumo

É um relato de uma aula de iniciação cientifica desenvolvida em um clube de Ciências com alunos de 8ª e 9º ano. O intuito era simular os passos de um projeto de pesquisa (problemática, hipóteses, metodologia (utilizamos um experimento de fermentação), selecionar as suposições e chegar ou não a resposta do problema. O experimento consistia na elaboração de um pão. Foram feitas quatro amostras de massa de pão, sendo duas (uma com fermento e a outra sem fermento) submetidas a temperatura ambiente, e as outras duas (uma com fermento e a outa sem fermento) expostas ao sol em cima do papel alumínio. Analisamos a aula e verificamos alguns erros que acabaram por refletir no comportamento dos alunos, observamos também que a aula substancialmente resultou na observação pela simples observação.

Palavras chaves

iniciação científica; projeto de pesquisa; experimento

Introdução

Criamos uma situação estimulando o contato com o passo a passo de um projeto de pesquisa. Segundo o nosso planejamento de aula levaríamos uma situação para que os alunos levantassem hipóteses acerca dessa problemática, após isto ofereceríamos ferramentas para que eles pudessem testar se a hipótese que foi levantada por eles estaria coerente a situação exposta, e por fim, os alunos poderiam ou não chegar a resposta. Segundo Carvalho (2012) é fundamental levarmos um problema para dá início a construção de um conhecimento, na qual o professor cria condições favoráveis para que o aluno possam raciocinar e construir o seu conhecimento no ambiente da sala de aula. Desse modo faríamos também com que os mesmos percebam por meio dessa atividade a necessidade de se utilizar o diário de bordo, de modo que o diário seria uma ferramenta importante para que os alunos organizarem as suas observações ao longo da atividade, pois concordamos com Bertoni (2004) quando diz que o diário de bordo auxilia na identificação das dificuldades encontradas, dos procedimentos utilizados, as situações inéditas, as situações coincidentes entre outros, sendo que é uma via de decisões e de correções de caminho. Além disso, consideramos o diário essencial para um pesquisador iniciante. Essa atividade foi desenvolvida no âmbito de um clube de Ciências, um projeto que incentiva alunos da educação básica a aprenderem a fazer pesquisa por meio da iniciação científica e, ao mesmo tempo, prepara graduandos das áreas das Ciências a serem professores por meio da prática antecipada a docência. Esse trabalho versa analisar como as atividades que nós professores realizamos contribuiu ou não para a iniciação científica e ainda, nos autoanalisar enquanto futuros professores de Ciências.

Material e métodos

Inicialmente nós mostramos dois pães, um com fermento e o outro sem fermento, então para instiga-los a levantarem hipóteses sobre o motivo de estarem diferente, perguntamos: “o que faz esses dois pães terem aparências diferentes?”. A turma começou espontaneamente a levantar hipóteses para descobrir o que os fazia estar diferentes aparentemente, sendo que eles disseram que o pão com uma aparência melhor e maior tinha trigo, água, fermento, ovo. Logo foi a partir das hipóteses – das ideias– dos alunos que ao testá-las experimentalmente eles tiveram a oportunidade de construírem o conhecimento (CARVALHO, 2012). Nós dividimos a turma em grupos, sendo que cada grupo ficaria com um kit (um pedaço de papel alumínio, trigo, água e fermento) para fazer o experimento, decidimos também que em cada grupo, um professor ficaria responsável em orientá-los, explicando como deveriam prosseguir com o experimento. Foi orientado que cada grupo produzisse quatro amostras, duas amostras com fermento e duas amostras sem fermento, pois uma com fermento e a outra sem fermento seria exposta ao sol e as outras duas (uma com e a outra sem fermento) ficaria exposta na sala. Os grupos não fizeram iguais, de forma que uns colocaram todas as amostras no sol, outro colocou muito trigo e outro pouco trigo. Depois do intervalo todos os grupos analisaram suas amostras e chegaram a suas conclusões. Quando chegou a hora de socializar, todos apontaram o fermento como fator principal para o crescimento do pão, alguns falaram do fator temperatura, uns perceberam que o excesso de trigo não permitiu o crescimento. Em meio a tais reflexões uma pergunta surgiu de um dos grupos: “De que é feito o fermento biológico?”.

Resultado e discussão

O experimento apresentou lacunas que foram reflexos do desenvolvimento estrutural da aula e do nosso comportamento (professores estagiários), pois vários erros foram cometidos, como por exemplo, não utilizamos todos os materiais que os alunos sugeriram nas suas hipóteses, sendo utilizados apenas os materiais que foram escolhidos previamente por nós. Cometemos outro erro que foi simplesmente explicarmos o que os alunos deveriam fazer com os materiais que oferecemos explicando a maneira como eles deveriam prosseguir, não demos a chance deles refletirem se queriam ou não utilizar determinado material, e isso de certa forma acometeu a espontaneidade do processo não deixando eles agirem de forma autônoma e a aula por sua vez ficou o experimento pelo experimento. Apesar dos erros, algumas colocações feitas nas análises ainda somente nos grupos nos surpreenderam como: a liberação de gás (por causa da aparição de furo), a expansão da massa pela temperatura (quente expande e frio contrai), a possibilidade do fermento ser constituído de micropartículas de trigo, entre outras. Segundo Carvalho (2012, p. 15) o ensino por investigação é constituído por etapas e deste modo: Não podemos dizer que temos um ‘método científico’, entretanto temos etapas e raciocínios que são imprescindíveis numa experimentação científica e que a faz diferenciar de uma experimentação espontânea. Uma destas etapas é a elaboração e o teste de hipóteses. O problema e os conhecimentos prévios – espontâneos ou já adquiridos – devem dar condições para que os alunos construam suas hipóteses e possam testá-las procurando resolver o problema. Não conseguimos o feedback dos alunos por termos nos perdido na aula, logo não pudemos perceber se eles conseguiram compreender o que é um projeto de pesquisa.

Conclusões

Verificamos que a forma que gerenciamos a aula e como usamos em sala as ferramentas levadas por nós influenciaram os resultados a qual os alunos chegaram durante a atividade proposta e como isso pode dificultar um melhor aproveitamento da aula. Outro ponto foi não detalhado o diário de bordo, ferramenta que consideramos importante para um pesquisador, daí o motivo em aulas posteriores termos tido dificuldades em fazê-los usar essa ferramenta, este fato também evidencia que a maneira que as ferramentas são expostas aos alunos podem influenciar na forma que eles a trataram.

Agradecimentos

Ao Clube de Ciências da UFPA, a todos os professores estagiários e alunos do 8º e 9º ano (2016) e a nossa orientadora Dayanne Dailla da Silva Cajueiro.

Referências

CARVALHO, A. M. P. O ensino de ciências e a proposição de sequências de ensino investigativas. 2012.
DIAS, V. B.; PITOLLI, A. M. S.; PRUDÊNCIO, C. A. V.; OLIVEIRA, M. C. A. O Diário de Bordo como ferramenta de reflexão durante o Estágio Curricular Supervisionado do curso de Ciências Biológicas da Universidade Estadual de Santa Cruz – Bahia. Atas do IX Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências (IX ENPEC). Águas de Lindóia- SP, 2013.
ALBUQUERQUE, K. B.; PAIVA, C. As visões deformadas da ciência por estudantes concluintes do ensino médio: a alfabetização científica como alternativa. IV simpósio Nacional de Ensino de Ciências e Tecnologia. Ponta Grosa- PR, 2014.

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