ISBN 978-85-85905-19-4
Área
Iniciação Científica
Autores
Nunes, E.S. (UFMA) ; Souza, R.M. (UFMA) ; Pinto, L.V. (UFMA) ; Marques, C.V.V.C.O. (UFMA)
Resumo
O presente trabalho teve o objetivo de relatar os processos de ensino- aprendizagem na área de ciências da natureza, implementados em escolas quilombolas da zona rural da cidade de Codó-Maranhão, para diagnosticar e equacionar as relações intrínsecas entre o saber científico e as questões culturais, sociais e ambientais próprias do contexto da região. A metodologia seguiu a abordagem de pesquisa qualitativa, fundamentada na averiguação de um contexto do ensino- aprendizagem de ciências em escolas da Educação Básica. Utilizou-se dois instrumentos para a coleta de dados, um questionário estruturado e uma entrevista. O trabalho permitiu identificar o conjunto de escolas de região remanescentes de quilombos, caracterizar o perfil e as aulas dos professores de ciências.
Palavras chaves
Escolas quilombolas; Ensino de ciências ; Formação de professores.
Introdução
Segundo Cordula (2013) o futuro da sociedade contemporânea está atualmente tomando novos rumos, e é também através da escola, que se pode resgatar e valorizar saberes tradicionais das comunidades utilizando-se inclusive,a intrínseca vinculação entre ciência, tecnologia e sociedade, que ao serem externalizados pelo seu alunado, possibilitam o construir e redescobrir saberes/conhecimentos que se perderiam ao longo do tempo. Segundo os novos paradigmas educacionais,o ensino das ciências naturais para ser significativo deve direcionar-se para uma formação plural e considerar a construção do conhecimento interligada com a cultura, tecnologia e a sociedade (BRASIL, 1997).Portanto, é necessário considerar as estruturas de conhecimento envolvidas neste processo tanto do aluno, como do professor, e da natureza da ciência (BRASIL, 1997). A Escola do Campo necessita ser pensada como parte de um projeto que efetivamente fortaleça os camponeses em suas lutas, ou seja, uma escola que garanta o direito das crianças e jovens do campo ao acesso ao conhecimento universalmente produzido, entendendo-o como um produto histórico-social, e que, simultaneamente, possibilite e promova a formação de uma visão crítica dessa produção, instrumentalizando- os para seu uso e manuseio (PNLD Campo, 2013). Os saberes tradicionais fazem parte de uma importante cultura vivida pelos povos e que são repassados de geração em geração, permitindo uma troca de conhecimentos que facilita a aquisição de novas descobertas, que são atestadas pelos saberes científicos (MIRANDA 2005). O ensino de química, assim como das demais ciências, devem portanto, ajudar no alcance dessas motivações na educação, para ampliar a possibilidade dos estudantes em conhecer e se reconhecerem como parte do processo.
Material e métodos
A metodologia do presente trabalho seguiu a abordagem de pesquisa qualitativa, aplicado a um contexto pontual de amostragem de escolas da zona rural da cidade de Codó – Maranhão. Fez- se o levantamento da quantidade de escolas da zona rural e suas respectivas localidades, em seguida uma triagem das escolas que atendem o ensino fundamental maior, seguido pelo levantamento de comunidades quilombolas certificadas da cidade de Codó, no qual será feito o reconhecimento e seleção da amostragem das escolas da zona rural localizadas em áreas de remanescente de quilombos que foram sitio desta pesquisa. Utilizaram-se questionários e entrevistas como instrumento de coletas de dados. A análise dos dados baseou-se na construção de uma rede sistêmica, buscando identificar o conjunto de professores de ciências do ensino fundamental de escolas municipais e suas concepções sobre o ensino de ciências e os saberes tradicionais.
Resultado e discussão
De acordo com a Secretaria Municipal de
Educação de Codó–SEMED, a maior
concentração de escolas do município está
localizada na zona rural, com 167
escolas e 64 na zona urbana.Das escolas
da zona rural, 28 delas atendem o
Ensino Fundamental (6º ao 9º ano).A atual
pesquisa se restringiu as escolas
localizadas em áreas remanescentes de
quilombolas onde constatou-se apenas
duas escolas de acordo com a lista de
comunidades quilombolas
disponibilizadas no site da Fundação
Palmares.O processo metodológico de
ensino de ciências nestas escolas
apresentou-se da seguinte forma:(i)
tradicional, (ii) de transição e (iii)
construtivista. No entanto, percebeu-
se que o método tradicional é o mais
utilizado pelos professores no decorrer
de todas suas aulas.Notou-se que os
professores falam da contextualização
com a localidade da escola, no entanto
não citam as atividades que podem
possibilitar esta aproximação, tampouco
citam saberes tradicionais nas aulas
de ciências.As aulas dos professores vão
de encontro com o seu perfil que
foi caracterizado como professores
tecnicistas-tradicionais. As aulas são
caracterizadas pelo acúmulo de
conhecimento repassado pelo professor,
através apenas da explanação e utilização
dos conteúdos dos livros.No
entanto, alguns momentos das aulas de
química desses professores passam por
um perfil construtivista e de transição
quando eles buscam através de novas
metodologias passarem o conhecimento para
os alunos.A aula informal é uma
das alternativas que é utilizada por um
dos professores para tornar as aulas
mais interessantes e motivadoras para
alunos.Pode-se observar que o saber
tradicional em si não é trabalhado,uma
vez que estes comentam alguns temas
da cultura popular apenas de forma
superficial,sem correlacionar com
conteúdos do currículo formal.
Conclusões
O perfil dos professores e de suas aulas de ciências apresentou-se em sua maior parte sob o modelo tradicional, utilizando como principal estratégia, as aulas expositivas acompanhados do uso do livro didático como instrumento de trabalho para leituras e debates na sala de aula. Os saberes tradicionais fazem parte de uma importante cultura vivida pelos povos e que são repassadas de geração em geração, que poderiam permitir uma troca de conhecimentos e facilitar na aquisição de outros novos conhecimentos e novas descobertas.
Agradecimentos
A universidade Federal do Maranhão e Secretaria Municipal de Educação de Codó – Semed.
Referências
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ciências Naturais/Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1997.
BRASIL. Guia de livros didáticos: PNLD Campo 2013: Guia de Livros. – Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão, 2012.
CORDULA, E.B.L Etnoconhecimento e a escola para um futuro sustentável. Biólogo, mestrando do Prodema (UFPB), pesquisador do Gepea-Gepec (UFPB).2014
MARQUES, C. V. V. C. O. (2010). Perfil dos Cursos de Formação de Professores dos Programas de Licenciatura em Química das Instituições Públicas de Ensino superior da Região Nordeste do Brasil. 291 flhs. Tese (doutorado) – Universidade Federal de São Carlos, São Carlos.
MIRANDA, C.C.DO. Saberes tradicionais: alternativas para a sustentabilidade das práticas agrícolas na perspectiva dos índios Terena de Mato Grosso do Sul. Tellus, ano 5, n. 8/9, , abr./out. 2005 Campo Grande – MS.
MIRANDA, S. A. de. Educação escolar quilombola em Minas Gerais: entre ausências e emergências. Minas Gerais: Revista Brasileira de Educação. v. 17,n. 50, maio-ago, 2012