ISBN 978-85-85905-19-4
Área
Iniciação Científica
Autores
Vasconcelos Maia, S.S. (UECE UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Almeida Matos, D.M. (UECE UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARA) ; do Vale Abreu, K. (UECE UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARA) ; Felix Oliveira, M.R. (UECE UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARA) ; Freitas Soares, D.W. (UECE UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARA) ; Mendes do Nascimento, T. (UECE UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARA) ; Ferreira Maciel, J.R. (UECE UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARA) ; Barbosa Davi, D.M. (UECE UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARA) ; Ladislau de Abreu, K. (UECE UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARA) ; Roberto Alves, C. (UECE UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARA)
Resumo
A cajucultura é responsável por grande parte da agroindústria do nordeste, possuindo grande impacto na economia dos estados que mais a produzem. Porém essa agroindústria é bastante afetada por pragas, como fungos, que necrosam os galhos do cajueiro, podendo levá-lo a morte. A finalidade desse trabalho foi realizar uma síntese a partir do constituinte majoritário do LCC bruto: o ácido anarcádico, com o intuito de atuar na produção de biocidas. A reação foi realizada a partir da diazotização do ácido sulfanílico e caracterizada por ressonância magnética nuclear de 13C e 1H. Para comprovar sua funcionalidade, foi realizada a atividade antifúngica frente ao fungo Lasiodiplodia theobromae e a toxicidade frente A. salina.
Palavras chaves
LCC; Ácido Anarcádico; Lasiodiploia Theobromae
Introdução
O cajueiro (Anacardium occidentale L) é uma espécie de planta de presença exótica, com folhas sem pelos, troncos tortuosos, flores masculinas e hermafroditas e frutos uniformes. Seus frutos são o caju e a castanha. Na castanha há um óleo denominado Liquido da Castanha de Caju, que vem sendo muito usado em pesquisas para produção de fármacos. (MAZETTO,2009). Para extração do LCC bruto ou natural, usamos solvente, nele seu constituinte mais encontrado é o ácido anarcádico, com cerca de 60%. Já para extração de LCC técnico, utilizamos o cozimento das castanhas em altas temperaturas, dessa maneira o LCC sofre descaboxilação e todo o ácido anarcádico passa a ser cardanol, desta forma ele possui mais cardanol em sua composição do que ácido anarcádico (MAZETTO,2009). O fungo usado nesse trabalho, L. theobromae, ataca o cajueiro deixando-o com exsudação, passar pelos poros da planta adiquirindo consistência viscosa, de coloração amarronzada com aspecto gelatinoso no caule necrosado, matando a espécie quando se espalha. Sua disseminação se dá através de insetos, materiais de poda e pela ação dos ventos, onde ataca ferimentos e aberturas da própria planta. (OLIVERIA, 2014) A A. Salina é um microcrustáceo, que vive em água salgada. Os ovos de A. Salina são fáceis de serem encontrados, pois ela é usa como alimento para peixes e crustáceos. Sua utilização se dá devido a isso e ao fato, da mesma, ser de fácil manuseio em laboratórios e baixo valor econômico. Ela é usada como bioindicador a fim de se obter a toxicidade, com ensaios de DL50 (dose média letal) (Oliveira, 2012).
Material e métodos
O ácido anarcádico foi obtido a partir de uma reação com LCC natural solubilizado em metanol. Posteriormente adicionou-se hidróxido de sódio até pH 10, submetido a agitação e temperatura de 50oC por 3 horas. Após o termino desse tratamento o precipitado foi filtrado, em funil simples, onde o anarcadato de cálcio ficou retido. O precipitado foi misturado com água e ácido clorídrico até alcançar pH 1 e mantido por agitação por cerca de 1 hora. Após esse tratamento, foi submetido a sucessivas lavagens com água e acetato de etila. Depois foi filtrado em sulfato de sódio anidro, para reter a água restante, sobrando assim somente o ácido anarcádico (NUNES,2014). Após obtenção do mesmo, ele foi adaptado para reagir com o ácido sulfanílico diazotizado. Para teste de potencial fungicida utilizou-se o meio ágar sabouraud dextrose com o produto nas concentrações de 200, 500, 800, 1100 e 1400 µg/ml. Além disso, foi feito o teste apenas com ágar. Todas as placas foram feitas em triplicatas e medidas nos períodos de 24, 48 e 72 horas. Através da formula: PIC=CRTE-CRT/CRTE, onde o PIC é o crescimento micelial em %, CRTE é o crescimento radial da testemunha em centímetros e CRT é o crescimento radial de tratamento em cm, obteve-se a porcentagem do crescimento micelial. A toxicidade do produto foi feita nas concentrações de 1, 10, 100 e 1000 µg/ml (Oliveira, 2012). Os testes foram feitos em triplicata. Foi utilizado tween, 2 gotas em cada amostra para solubilizar. As artemias foram mantidas por 24 horas e recontadas. A DL50 foi obtida a partir de equações de regressão linear.
Resultado e discussão
Os espectros de 13C apresentaram picos múltiplos para aromáticos na região de δ = 113.3; 114 ppm; 129.4 ppm e 133,6 ppm sendo esses do anel do ácido anarcádico e picos de 124.3ppm e 128.5ppm referente ao anel aromático do sal diazônio. Os picos de δ = 156,5 e 143,7ppm representa os carbonos ligados ao nitrogênio. O pico de δ = 169,4 é referente ao carbono ligado uma carbonila e uma hidroxila. Também há outro pico referente a hidroxila sendo ele δ =164.2 ppm. A região de sinais múltiplos entre δ = 20,4 - 37,9 representa a cadeia carbônica ramificada ligada ao anel aromático do ácido anarcádico, e seus carbonos ramificados são representados pelos seguintes picos δ = 132.8 e 127,3 ; 128,8 e 134,8 e 117.2. E por fim o pico δ = 152 é referente ao carbono do anel aromático do sal diazônio ligado ao enxofre.
Os espectros para 1H indicou sinais múltiplos entre δ =8.13 e 8.21ppm e 6.96 e 8.05 ppm referente aos prótons da região de aromáticos do sal diazônio e ácido anarcádico, respectivamente. Revelou também picos δ =5ppm e 11ppm para hidroxila e picos múltiplos entre δ =1.29 a 2.63 ppm para cadeia ramificada e referente a suas insaturações apresentou picos entre δ =4.92 a 5.71ppm.
As amostras feitas apenas com ágar, chamadas de branco, possuem PIC de 100%. A partir dessas amostras usadas como base, obtivemos os seguintes, apresentados na figura 2.
É perceptível que o produto obteve melhor desempenho na seguinte ordem de concentração para 24 horas: 1400<1100<800<500<200 µg/ml. Já para 48 horas a ordem se deu assim: 1400< 1100/800< 500< 200 µg/ml. E para 72 horas a ordem crescente foi: 1400<800<1100<500µg/ml.
O teste de toxicidade apresentou-se altamente toxico para A. salina, esse resultado foi constatado, pois a D50 foi menos de 10 mg/ml.
A figura mostra uma tabela com valores de PIC do resultado da atividade antifungica.
Apresenta os picos de Ressonância Magnética Nuclear de Carbono 13 e Protóns.
Conclusões
A técnica de Ressonância Magnética Nuclear de 13C e 1H demonstrou-se adequada para a caracterização do produto sintetizado a partir do constituinte majoritário do LCC, o ácido anarcádico. O produto sintetizado a partir do ácido anarcádico é promitente na inibição do fungo L. theobromae. E seu melhor resultado foi obtido na concentração de 1400 µg/ml no período de 24 horas, sendo ele um potencial de 65,13% de inibição. Pode-se concluir que o produto é altamente tóxico.
Agradecimentos
Agradeço a UECE,ao SISNABIO,ao NUGEM, a PRAE e a CAPES.
Referências
• Abreu, K. V. Síntese e Caracterização de um Antioxidante Organofosforado Derivado do Líquido da Casca da Castanha de Caju (LCC), pg 12-17 e 20-25 e 30-32
• Allinger, N. L. Livro de Química Orgânica, 2° edição, ano 2009. Pg 529 – 533.
• FREIRE, F.C.O. Desenvolvimento e Eficiência de um Fungicida Triazol a partir do Líquido da Casca da Castanha (LCC) do Cajueiro,COMUNICADO TECNICO. pg 1-2, 2011.
• MAZETTO, S.E. Óleo da castanha de caju: oportunidades e desafios no contexto do desenvolvimento e sustentabilidade industrial, Quim. Nova,Vol. 32, No. 3, 732-741, 2009. pg 732-735.
• NUNES, G. A. UTILIZAÇÃO DO ÁCIDO ANACÁRDICO E DO CARDANOL COMO SUBSTRATOS PARA A REAÇÃO DE METÁTESE E PREPARAÇÃO DE XANTONAS E TIOXANTONAS. pg 77, 2014.
•
• Oliveira, M.R.F ESTUDO SAZONAL, ABORDAGEM FITOQUÍMICA E ATIVIDADES BIOLOGICAS DOS EXTRATOS ETANÓLICOS E DOS ÓLEOS ESSENCIAIS DA ESPÉCIE HYPTIS SUAVEOLENS L. POIT, pg 56-59 e 71-72, 2012.
• Oliveira, M.R.F ATIVIDADE INSETICIDA DE DERIVADOS DO CARDANOL SOBRE LIRIOMYZA SP. (DIPTERA: AGROMYZIDAE) E BEMISIA TABACI BIÓTIPO B (HEMIPTERA: ALEYRODIDAE), pg 14-20, 2015.
• OLIVERIA, M. Z. A, Fungo Lasiodiplodia theobromae um problema para a agricultura baiana. pg 24-29.