A cultura da Orbignya speciosa como espécie vegetal potencial na produção de biodiesel

ISBN 978-85-85905-19-4

Área

Iniciação Científica

Autores

Cardoso, C.M.M. (UNB) ; Oliveira, J.D. (UEMA) ; Cardoso, N.C.V.F.M.C. (CECFUTURO) ; Costa, V.O. (CECFUTURO) ; Correa, A.S. (CECFUTURO) ; Pinho, C.M.F. (CECFUTURO) ; Araujo, J.B. (CECFUTURO) ; Mendonça, A.R.V. (UNB) ; Pedroza, M.M. (IFTO) ; Vieira, G.E.G. (UFT)

Resumo

Dentre os produtos obtidos a partir do babaçu, o biodiesel tem uma importância especial, pois representa alternativa na substituição de combustíveis fósseis oriundos de recursos renováveis. É crescente a busca mundial pela produção de energia a partir de processos ecologicamente equilibrados que utilizam metodologias capazes de reduzir a emissão de gases e subprodutos nocivos ao meio ambiente. O objetivo é determinar a quantidade de óleo na Orbignya speciosa visando à utilização como potencial na produção de biodiesel através da extração por solvente orgânico. Os teores médios de óleo presentes nas amêndoas variaram de 35,0% a 50,0%, e a média geral foi 42,0%. O rendimento se mostrou abaixo ao encontrado por outros autores e em função do tempo o rendimento oleaginoso aumentou

Palavras chaves

Biodiesel; Orbignya speciosa; Recursos renováveis

Introdução

O coco babaçu se divide em quatro componentes principais. O Epicarpo é a camada mais externa do fruto e corresponde a 12% do seu peso, o mesocarpo compõe 23% do peso e é a parte intermediária do fruto, é fibrosa e rica em amido, endocarpo 58% é lenhoso e tem um grande potencial para produção de energia térmica, é onde encontram-se inseridas as sementes ou amêndoas. As amêndoas que correspondem a 7% do peso total do fruto são ricas em ácidos graxos, esta é a parte de maior importância econômica do fruto (LORENZI, 2004). O babaçu é a matéria-prima florestal mais utilizada para extração de óleo voltado ao uso doméstico (LIMA, 2006). O ácido láurico (C 12:0) apresenta considerável quantidade no óleo das amêndoas do coco babaçu, cerca de 44% (MACHADO, CHAVES e ANTONIASSI 2006), segundo Lima et. al. (2007) esse fator facilita a reação de transesterificação, pois o ácido láurico possui cadeia carbônica curta que permite uma interação mais efetiva com o agente transesterificante, obtendo-se ao final um biodiesel com excelentes características físico-químicas. Estas peculiaridades fazem do óleo do babaçu uma matéria prima com grande potencial para utilização na indústria do biodiesel. O estudo da quantificação do extrato lipídico da Orbignya speciosa do Cerrado Sudoeste Maranhense servira para gerar um maior entendimento dessa feição

Material e métodos

A determinação gravimétrica do extrato foi obtida por meio da extração da matéria graxa por solvente através do método Soxhlet. Utilizou-se três amostras das amêndoas do babaçu em triplicata. Inicialmente fez-se a granulometria (trituração) da amostra a fim de torna-la homogênea, secou-se por aproximadamente 24 horas ao ar, foram utilizadas 20g de amostra em cada cartucho, que logo após a pesagem foram transferidos para o aparelho de extração Soxhlet. Quantificou-se o volume do solvente Hexano p.a. em 160mL com o auxílio de uma proveta 250mL, transferindo para o balão de fundo chato, foi ligada a manta aquecedora (mod.52E Fisatom Equipamentos Científicos Ltda) em potência de 94°C. O extrator é ligado a temperatura de ebulição do solvente utilizado, ficando em funcionamento pelo tempo de extração pré-determinado. Após o período de extração, o Soxhlet foi desligado e esperou-se o seu resfriamento. Em seguida, o balão é retirado e conduzido para que o solvente utilizado na extração possa ser recuperado. No final do processo, o balão é pesado sendo possível a determinação da sua massa final e o rendimento do óleo conforme equação. %Óleo = (Massa final do balão – Massa inicial do balão) x 100/Massa inicial da amostra (AOAC, 1995).

Resultado e discussão

Os teores médios de óleo presentes nas amêndoas de babaçu, Figura 1, analisadas variaram de 35,0% a 50,0%, e a média geral foi 42,0%, Tabela 1, essa variação deve-se especialmente a diferenças genotípicas entre as palmeiras que originaram cada tratamento, já que as condições de solo e clima se mantinham basicamente inalteradas entre cada indivíduo. A média encontrada de 42,0% de óleo na amêndoa de babaçu mostra-se mediano, Serrano Filho et al. (2011) encontraram 59,12 % de óleo na castanha de babaçu coletada no norte do Estado do Tocantins. Segundo SOLER et al., (2007) em condições favoráveis de clima e solo o teor de óleo pode ultrapassar 70%. Outro fator que contribuiu com a elevação do teor de óleo obtido foi a escolha da extração por solvente como tecnologia, já que esse método quando bem executado possibilita menores perdas de massa de óleo durante a extração, elevando a porcentagem de óleo extraída e a confiabilidade dos dados

partes da Orbignya speciosa

componentes principais da Orbignya speciosa

Extração, com solvente, do óleo da Orbignya speciosa utilizando soxhle

Tabela com quantificaçao do extrato do óleo da Orbignya speciosa utilizando soxhlet

Conclusões

A variedade de produtos obtidos a partir do babaçu é extensa, sendo evidente a capacidade dessa palmeira trazer benefícios econômicos quem a explora, sociais as comunidades que vivem em regiões produtoras, já que sua cadeia produtiva gera uma demanda considerável de mão-de-obra e benefícios ambientais, por tratar-se de uma espécie que pode ser explorada comercialmente sem ser desmatada a vegetação nativa. A implantação de projetos e iniciativas de produção de biodiesel com o babaçu mostra-se como uma alternativa eficiente na proteção e na valoração das florestas nativas

Agradecimentos

FAPEMA; UnB, CECFUTURO; UEMA, UFT, IFTO e ABQ.

Referências

ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTS. Fat (crude) or ether extract in animal feed – Direct method. AOAC Official method 920.39 – Final Action 1995. In:_. Official Methods of analysis of the AOAC. 16 Ed. Arlington, 1995. Cap. 4, seção 4.5.01, p17.

LIMA, A. M. et. al. Utilização de Fibras (epicarpo) de Babaçu como Matéria-Prima Alternativa na Produção de Chapas de Madeira Aglomerada. Revista Árvore, Viçosa-MG, v.30, n.4, p.645-650, 2006.

LIMA, J. R. O; SILVA, R. B.; SILVA, C. M. Biodiesel de babaçu (Orbignya sp.) obtido por via etanólica. Química Nova, 30: 600, 2007.

LORENZI, H. et al. (org.). Palmeiras brasileiras e exóticas cultivadas. Nova Odessa – SP: Instituto Plantarum, 2004.

MACHADO, G. C.; CHAVES, J.B.P.; ANTONIASSI, R. Composição em ácidos graxos e caracterização física e química de óleos hidrogenados de coco babaçu. Revista Ceres, v. 53, p. 463-470, 2006.

SERRANO FILHO, R. P. S.; VIEIRA, G. E. G.; REINA, E.; PELUZIO, J. M.; Teor de óleo da amêndoa de babaçu (Orbignya Sp.) da Região Norte do Estado do Tocantins extraído por solvente (Hexano) em diferentes tempos de funcionamento do Extrator de Soxhlet. In: I Seminário de Agroenergia da UFT. Palmas. 2011.

SOLER, M. P.; MUTO, E. F.; VITALI, A. A. Tecnologia de quebra do coco babaçu (Orbignya speciosa). Ciência Tecnologia e Alimento, Campinas, 27: 717, 2007.

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