ISBN 978-85-85905-19-4
Área
Materiais
Autores
Silva, L. (UFPA) ; Freitas, K. (UFPA) ; Rocha, J. (UFPA) ; Cunha, E. (UFPA)
Resumo
O objetivo deste trabalho consiste em utilizar a casca do Bacuri(Platonia insignis Mart.) como fonte geradora de um novo material aglomerado sustentável. Os painéis de aglomerados são os mais largamente consumidos no mundo dentre os diferentes painéis de madeira reconstruídas existentes. A coleta dos frutos foram realizadas em associações de moradores que utilizam o despolpamento do bacuri como subsistência na Região do Salgado e Ilha do Marajó. A densidade da placa seguiu-se conforme estabelecido pela ASTM D1037-99. Para o colchão utilizamos madeira convencional produzida em um gerador de partícula com dimensões e granulometria definida das cascas do bacuri, onde utilizamos a uréia-formaldeido como resina e a parafina.O objetivo de estudar o comportamento físico-mecânico foi alcançado.
Palavras chaves
Platonia insignis Mart; Painel aglomerado; Sustentabilidade
Introdução
Um bacurizeiro pode produzir anualmente 2.000 frutos. 50 árvores por hectares podem produzir aproximadamente 9,5 toneladas de fruto, sendo que 1 tonelada de polpa de bacuri equivalem a 6 toneladas de casca (resinosa) e 2,5 toneladas de semente (SHANLEY e MEDINA 2005). Segundo o censo agropecuário do IBGE (2005), o último a fornecer dados sobre o bacuri, indica que a produção brasileira concentra-se na região Norte com 80,85% e no Nordeste com 18,72%. O maior produtor desse fruto em nível nacional é o estado do Pará, seguido pelo Maranhão, que respondem á 80,73% e 16,89% da produção nacional, respectivamente. A maior parte do bacuri é constituída pelo epicarpo e mesocarpo, os quais, em conjunto, constituem a casca do fruto, que é de consistência rígido-coriácea e com espessura variando entre 0,7 cm e 2,0 cm (GUIMARÃES et al., 1992; CAVALCANTE, 1996). Em média, a casca representa 64% a 70% do peso do fruto, vindo a seguir as sementes, cuja participação varia de 13% a 26%. Uma forma de minimizar este desperdício é estudar a aplicação deste rejeito na elaboração de novos materiais. Partindo do pressuposto de sua alta resistência ao impacto somada ao teor de resina contida em sua casca, esta pesquisa tem por objetivo estudar o comportamento físico e mecânico da casca do bacurí (Platonia insignis Mart.) para a obtenção de um novo material aglomerado sustentável. O qual poderá representar em uma alternativa de aproveitamento de resíduo, além da possibilidade de geração de renda para pequenos produtores e agroindústrias.A distribuição de resina de acordo com o tamanho das partículas é de fundamental importância, logo a influência do pH deve ser levado em consideração em escolher o tipo de resina apropriado para o colchão (EUSÉBIO E GENERALLA,1983).
Material e métodos
Para obtermos melhores resultados e melhor composição das chapas, utilizamos o processo de confecção das chapas de aglomerado partículas de madeira do tipo convencional, que foram produzidas em um gerador de partículas, com comprimento de 3 cm, espessura de 0,5 mm e largura variável entre 1 e 5 cm. Estas partículas passaram por moinho de martelo, com peneira de 8 mm. As cascas de bacuri após lavagem em água corrente foram cortadas e em seguida picadas transversalmente, atingindo um comprimento aproximado de 10 cm, posteriormente desidratadas em estufa a 50ºC a três dias, para que não houvesse degradação das cascas, logo em seguida processados em moinho de martelo do mesmo modo que as partículas de madeira. Os experimentos foram realizados na Usina de Materiais da Faculdade de Engenharia Química da UFPA – Campus Belém. As partículas foram classificadas de acordo com sua granulometria, por uma peneira automática de agitação mecânica com diferentes malhas. No miolo utilizamos partículas de maior granulometria, aquelas que passaram na peneira de 4,01 mm e ficaram retidas na peneira de 2,01 mm; enquanto que na capa utilizamos partículas de menor granulometria, aquelas que passaram na peneira de 2,01 mm e ficaram retidas na peneira de 0,60 mm. As partículas de casca foram classificadas somente nas peneiras de malha 2,01 e 0,60 mm, com o objetivo único de se retirar a fração dos finos. Deste modo, utilizamos o mesmo tipo de partícula de casca em todos os tratamentos. As dimensões das chapas sustentáveis são de 40 x 40x 1,27 cm, onde por meio de uma prensa hidráulica de pratos planos e horizontais com aquecimento elétrico com temperatura de prensagem de 115ºC e sob temperatura base de 95ºC até o miolo. Nos ensaios de MOR, MOE e LI serão apresentados em outro trabalho.
Resultado e discussão
Notamos que as cascas do fruto possuem alta concentração de umidade devido ao fato da diminuição de massa em comparação ao seu peso de entrada à estufa e o de saída da mesma, pois houve a diferença de 64,28% de umidade do total de 891,4g de casca in natura do bacuri.A determinação de umidade para a composição do painel aglomerado sustentável foi de acordo com o estabelecido pela AOAC(1975)
As placas mostraram-se satisfatórias, haja vista que conseguimos atingir a temperatura do miolo a 95ºC com uma temperatura de prensa a 115ºC. Os testes foram realizados de acordo com as pesquisas realizadas por Kelly (1977), onde evidencia que a transmissão de calor por convecção, é mais rápida no ciclo de prensagem, enquanto que por condução é visivelmente mais lenta.
Nos resultados de imersão em água, confirmamos com o empregado em literatura, onde (KELLY,1977) diz que o inchamento aumenta em painéis menos densos, no entanto, a difusão torna-se lenta em painéis mais densos. Ressaltamos que os ensaios de flexão estática (módulo de ruptura - MOR e módulo de elasticidade - MOE) e ligação interna (LI). Nos ensaios de MOR e MOE foram utilizados dois corpos-de-prova, sendo que seus resultados serão apresentados em outro trabalho.
Conclusões
Percebemos que o aproveitamento da casca de Bacuri é viável e se adapta aos parâmetros estabelecidos para a confecção de painéis aglomerados. Logo, o objetivo de estudar o comportamento físico e mecânico da casca do bacurí (Platonia insignis Mart.) para a obtenção de um novo material aglomerado sustentável foi alcançado, porém ainda encontra-se em fase de testes finais. Obtivemos placas em conformidade, de acordo com os parâmetros NBR 14810-1, NBR14810-2 e NBR 14810-3. Os ensaios mecânicos de flexão estática MOR, MOE e ligação interna (LI) serão apresentados em outro trabalho.
Agradecimentos
Agradecemos a Usina de Materiais do Laboratório de Engenharia Química – UFPA Campus Belém; ao Prof.Dr. Edinaldo Cunha; ao Prof.Msc.André Mileo, e à minha orientadora Prof
Referências
AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS. Standard test methods for evaluating properties of wood-based fiber and particle panel materials, ASTM D 1037-96a. Philadelphia: v.04.10 (Annual book of ASTM standards), 1999.
CAVALCANTE, P.B. Frutas comestíveis da Amazônia. 6. ed. Belém: CNPq/Museu Paraense Emílio Goeldi, 1996. 279 p.
EUSEBIO, G. A., GENERALLA, N. C. Effect of particle size on resin adhesive distribution in particleboard manufacture of kaatoan bangkal (Anthcephalus chinensis (Lam.) Rich, ex Walp.). FPRDI – Journal, Philippines, v.12, n.3-4, p.12-19, 1983.
GUIMARÃES, A.D.G.; MOTA, M.G. da C.; NAZARÉ, R.F.R. de. Coleta de germoplasma de bacuri (Platonia insignis Mart.) na Amazônia. I. Microrregião Campos do Marajó (Soure/Salvaterra). Belém: Embrapa-CPATU, 1992. 23p. (Boletim de Pesquisa, 132).
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. Disponível em: <http://ibge.gov.br/home/estatistica/economia/ppm/2005/default.shtm>. Acessado em: 01 de maio de 2016.
KELLY, M. W. Critical literature review of relationships between processing parameters and physical properties of particleboard. Madison: USDA Forest Service General, 1977. 66p. (Technical Report FPL – 10).
SHANLEY, P.; MEDINA, G. Frutíferas e plantas úteis na vida amazônica. Pará: Belém. 54p. 2005.