ISBN 978-85-85905-19-4
Área
Materiais
Autores
Oliveira, W.V. (UFPI) ; Osajima, J.A. (UFPI) ; Almeida, L.R. (UFPI) ; Morais, A.I.S. (UFPI) ; Filho, E.C.S. (UFPI)
Resumo
A aplicação da fotocatálise em processos oxidativos avançados tornou-se foco de muitos estudos relacionados a técnicas de limpeza e desinfecção de ambientes, águas e ar contaminados por corantes têxteis ou outros agentes tóxicos provenientes de indústrias. A fotocatálise é realizada com o uso de catalisadores metálicos, com seus principais óxidos puros ou através da incorporação destes óxidos em diferentes matrizes entre elas alguns tipos de argilo-minerais. Diante disso foi incorporado pelo método sol-gel o dióxido de titânio (TiO2) à sepiolita da Espanha e feita a caracterização por DRX e FTIR. O compósito sintetizado pode ser aplicado em fotodegradação de resíduos tóxicos.
Palavras chaves
Sepiolita; Dióxido de titânio; Caracterizações
Introdução
Os processos oxidativos avançados (POA’s) têm sido amplamente estudados, especialmente pela capacidade de degradar um grande número de substâncias recalcitrantes através de procedimentos que exigem operação simples e custo relativamente baixo. Estes processos se baseiam na geração in situ do radical hidroxila (OH•), cujo potencial padrão de oxidação é superado apenas pelo o do flúor. Para uma série de compostos, a mineralização total tem sido alcançada (VIANNA; TÔRRES; AZEVEDO, 2008). Os minerais de argila tal como atapulgita e sepiolita, apresentam uma grande área superficial específica de adsorção, assim podem ser utilizadas como materiais de suporte para catalisador, entres eles o TiO2 (ZHANG; WANG; ZHANG, 2011). O TiO2 tem sido utilizado como um fotocatalisador por possui estabilidade química, alto poder oxidante e não ser tóxico (CHEN; DIONYSIOU, 2008). A sepiolita Mg8Si12O30(OH)4(OH2) 4•nH2O; n≤8) é um filossilicato de ocorrência natural com morfologia fibrosa, encontrada numa grande variedade de ambientes geológicos principalmente na Espanha e é extraída há séculos devido às suas propriedades úteis (GIUSTETTO et al., 2011). O presente trabalho teve como objetivo incorporar o dióxido de titânio na sepiolita da Espanha.
Material e métodos
A sepiolita foi cedida pelo grupo de pesquisa do Prof. Dr. César Iborra Viseras da Universidade de Granada, Espanha, e depois de recebida foi triturada em um almofariz com pistilo e peneirada em malha 200 mesh. Para retirada da matéria orgânica a argila foi tratada com água destilada e peróxido de hidrogênio por um período de 24 h, fez-se a lavagem com água destilada e centrifugação, posteriormente o material foi secado em estufa a 75 °C durante 24 h e armazenado em recipiente fechado. Os reagentes utilizados para a síntese do compósito foram isopropóxido de titânio (IV) (97%) da Sigma- Aldrich, água deionizada pelo sistema Milli-Q e álcool etílico da Isofar. A síntese para incorporação do óxido na argila procedeu-se da seguinte maneira: em um béquer foram adicionados 6 mL de Ti[OCH(CH3)2] 4 e 6 mL de H2O e diluídos em 100 mL de C2H6O, depois a mistura foi submetida a agitação magnética por um período de 1 h; em outro béquer adicionou-se 5g de sepiolita e 20 mL de C2H6O e deixou-se sob agitação magnética por 30 min; posteriormente os componentes dos dois béqueres foram misturados em um único recipiente e deixado em repouso por 24 h; após este processo o material obtido foi secado a 75 °C por 12 h em estufa, triturado e finalmente calcinado em mufla à 400 °C por 2h a uma taxa de aquecimento de 10 °C por min. O material obtido foi chamado de Sep-TiO2. Este material foi analisado em DRX e em FTIR. O material foi caracterizado em um Difratômetro de raios-X Shimadzu-XRD- 6000 com radiação Cu-Kα com 5º≤2θ≥75º e em um espectrômetro FT-IR Varian 670IR usando pastilha de KBr (4000 cm-1 a 400cm-1).
Resultado e discussão
Os resultados das análises de DRX para a argila tratada e para o compósito
sintetizado estão presentes sequencialmente nas figuras 1(A) e 1(B) e os dados
obtidos de FTIR para a argila tratada e para o material sintetizado são
apresentados nas figuras 2(A) e 2(B) respectivamente. O DRX foi útil para
verificar as incorporações do dióxido de titânio no argilo-mineral e o FTIR
para confirmar a síntese. Na figura 1(A) temos um difratograma com reflexões em
aproximadamente 2θ = 7,44º; 12,06º; 13,38º; 17,86°; 19,90°; 20,76º; 23,72º;
26,74°; 28,12°; 35,16°; 36,84° e 40,14º atribuídos aos planos (110), (130),
(200), (150), (060), (131), (260), (400), (331), (191), (291) e (541)
correspondentes a sepiolita purificada (FERNANDES; MANJUBALA; HITZKY, 2011).
Através da síntese conforme o difratograma presente na figura 1(B), o titânio
foi incorporado à sepiolita sob a forma anatase e teve reflexões em
aproximadamente 2θ = 25,3º; 37,9º; 47,6º e 55º atribuídos aos planos (101),
(004), (200) e (105). De acordo com os resultados de DRX observa-se que houve
um pequeno deslocamento nos picos de difração dos materiais, mas nota-se que
foi possível a incorporação do dióxido de titânio, pois ocorreu pouca
sobreposição dos picos. Na análise do material por FTIR observou-se para a
sepiolita purificada, figura 2(A), a presença de bandas entre 3700 e 3570
cm-1 que são atribuídas à presença de grupo OH na folha octaédrica e
às vibrações de alongamento na superfície da sepiolita. A banda em torno de
1669 cm-1 é referente à presença de água zeolítica nos canais
nanoestruturados do argilo-mineral. As bandas compreendidas entre 1200
cm-1 e 200 cm-1 são características de silicatos e
aparecem devido à vibração de ligações Si-O-Si. (JUNIOR, et al. 2015). O
surgimento das bandas em 3421 e 1639 cm-1, figura 2(B), em
comparação com a sepiolita purificada, é causado por vibrações de alongamento
provocado pela interação de moléculas de água intercaladas sobre a superfície
do catalisador. Na figura 2(B), o desaparecimento das bandas em 3618 e 3557
cm-1 pode ser provocada por imobilização das partículas de TiO2 nas
intercamadas da argila ou pela presença de átomos de Ti nestes locais,
conduzindo a uma redução de grupos OH (ZHANG; WANG; ZHANG, 2011). A banda em
1031 cm-1 presente na figura 4 é devido ao alongamento de Si-O nos
grupos Si-O-Si da folha tetraédrica do mineral, indicando que a estrutura
básica de sepiolita não foi alterada, pois a banda permaneceu. Os resultados
para a análise de infravermelho confirmam os de DRX.
Fig. 1(A) difratograma da sepiolita tratada e fig. 1(B) difratograma do compósito sintetizado.
Fig. 2(A) espectro de FTIR da sepiolita tratada e fig. 2(B) espectro de FTIR para o compósito sintetizado.
Conclusões
O método sol-gel in situ empregado para a síntese do material apresentou eficiência sendo possível a verificação e comprovação através das análises de DRX e FTIR. O dióxido de titânio foi incorporado na forma anatase. Observa-se que o material sintetizado é adequado para aplicação em processos oxidativos avançados para degradação de resíduos tóxicos.
Agradecimentos
Agradecimentos ao CNPq, FAPEPI e LIMAV.
Referências
CHEN, Y.J.; DIONYSIOU, D. D. Bimodal mesoporous TiO2–P25 composite thick films with high photocatalytic activity and improved structural integrity. Appl. Catal, v. 80, 147-155, 2008.
FERNANDES, F. M.; MANJUBALA, I; HITZKY, E. R. 2011. Gelatin renaturation and the interfacial role of fillers in bionanocomposites. Phys. Chem. Chem. Phys. , v. 13, 4901-4910, 2011.
GIUSTETTO, R. et al. Chemical stability and dehydration behavior of a sepiolite/indigo Maya Blue pigment. Applied Clay Science, v. 52, 41–50, 2011.
JUNIOR, et al. Organofuncionalização da argila fibrosa sepiolita com 3-cloropropiltrietroxisilano via método sol-gel. Disponível em: <https://jornada.ifsuldeminas.edu.br/index.php/jcpcs/jcpcs/paper/viewFile/1064/981> Acesso em. 10 de jul. de 2017.
VIANNA, V. B.; TÔRRES, A. R; AZEVEDO, E. B. Degradação de corantes ácidos por processos oxidativos avançados usando um reator com disco rotatório de baixa velocidade. Quim. Nova, vol. 31, n°. 6, 1353-1358, 2008.
ZHANG, Y.; WANG, D.; ZHANG, G. Photocatalytic degradation of organic contaminants by TiO2/sepiolite composites prepared at low temperature. Chemical Engineering Journal, v. 173, 1-10. 2011.