ISBN 978-85-85905-19-4
Área
Bioquímica e Biotecnologia
Autores
Jesus, A.M.S. (INSTITUTO FESERAL DO MARANHÃO) ; Cantanhede, J.D. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO) ; Silva, M.R.M. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO) ; Vasconcelos, A.F.F. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO) ; Almeida, H.D. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO) ; Cantanhede Filho, A.J. (INSTITUTO FESERAL DO MARANHÃO)
Resumo
Com o objetivo de determinar os efeitos potencialmente alelopáticos dos extratos aquoso das folhas de babaçu sobre a germinação e desenvolvimento de plantas espontâneas, foi realizado um experimento utilizando sementes de Senna obtusifolia e Euphorbia heterophylla. As folhas coletadas de palmeiras adultas foram selecionadas, lavadas e secas em estufa para trituração em moinho. A avaliação inibitória realizou-se por meio da porcentagem de germinação, índice de velocidade de germinação e desenvolvimento da radícula e do hipocótilo. Ocorreu redução no percentual de germinação e IVG de S. obtusifolia. com efeito no desenvolvimento da radícula e estímulo no crescimento do hipocótilo.
Palavras chaves
Attalea speciosa Mart. Ex; Alelopatia; Plantas Invasoras
Introdução
Com a priorização do uso sustentável do meio ambiente, a identificação e uso de plantas que apresentam substâncias com atividade potencialmente alelopática pode ser eficiente na diminuição da interferência das plantas daninhas no desenvolvimento das atividades agrícolas. Dessa forma, Tokura; Nobrega (2006) consideram indispensável a realização de estudos direcionadas à atividade potencialmente alelopática das plantas, que podem servir como manejo eficiente no controle de plantas daninhas, tendo em vista a diminuição do uso de herbicidas e, consequentemente minimização dos impactos causados ao ambiente. Diversos estudos na literatura mostraram que extratos de plantas podem inibir a germinação de sementes apresentando, por tanto, grande potencial de uso como bioerbicidas, inibindo a germinação de sementes de diferentes espécies de plantas (WARDLE et al. 1992; HAUGLAND; BRANDSAETER 1996). Entre as espécies vegetais existente no Maranhão com potencial alelopático destaca-se a palmeira Attalea speciosa Mart. Ex Spreng (babaçu). Essa espécie é uma planta pertencente à família das palmáceas (Arecaceae), nativa da região Centro-Norte brasileiro, em que apresenta elevada ocorrência, constituindo-se em espécie altamente dominadora, formando grandes matas, às vezes homogêneas, às vezes em concorrência com outras espécies (NASCIMENTO, 2004). Portanto, como teoricamente, todas as espécies de plantas são potencialmente capazes de sintetizar e liberar substâncias alelopáticas para o ambiente faz-se necessário conhecer o potencial alelopático dessa importante espécie dos ecossistemas maranhenses sobre o crescimento e desenvolvimento de plantas espontâneas.
Material e métodos
As folhas de babaçu foram coletadas de palmeiras adultas em área da Fazenda Escola São Luís do Centro de Ciências Agrárias-CCA/UEMA situada no município de São Luís - MA. As amostras foram lavadas em água corrente para retirada de resíduos e em seguida secas em estufa com circulação forçada de ar a 45 °C por 96 h para posterior trituração em moinho tipo Willey. Para o bioensaio de germinação das sementes utilizou-se os extratos aquosos de folhas de babaçu nas concentrações de 5, 10, 25 e 50g/L e água destilada como padrão. Em placas de Petri forradas com papel filtro foram colocadas 50 sementes de cada planta espontânea e adicionados 3ml de extrato nas concentrações determinadas. Para os bioensaios de desenvolvimento das plântulas de S. obtusifolia e E. heterophylla foram utilizadas placas de Petri contendo 10 sementes pré - germinadas (com dois dias de germinação em água destilada) adicionado 3 ml de cada concentração e no final de 10 dias de desenvolvimento foi medido os comprimentos da radícula e do hipocótilo com auxílio de régua graduada. As variáveis avaliadas foram a porcentagem de germinação (%G) e o índice de velocidade de germinação (IVG). Para a germinação aplicou-se a fórmula descrita por Labouriau e Valadares (1976): G = (N/A) x 100. . Os dados do bioensaio de germinação e desenvolvimento das plântulas foram submetido à análise de variância pelo Teste de Tukey a 5% de probabilidade e regressão utilizando o programa Assistat 7.6 beta.
Resultado e discussão
No bioensaio de germinação das sementes ocorreu maior percentual de
germinação na concentração de 5g/L, enquanto na concentração de 50g/L
ocorreu redução da germinação. No entanto não é possível considerar efeito
inibitório, pois na concentração de 50g/L foram germinadas 70% das sementes
e, segundo DUDAI et al. (1999) é considerado como padrão satisfatório para
avaliar as potencialidade de um extrato a inibição mínima de 50% de
germinação (Figura 1). O mesmo ocorreu para o IVG que, na concentração de
5g/L apresentou indução e na maior concentração, redução no índice de
velocidade de germinação (Figura 1). Isso indica que o aumento na
concentração do extrato das folhas inibe a germinação e o IVG de S.
obtusifolia. Os extratos aquosos das folhas de babaçu nas maiores
concentrações inibiram o desenvolvimento das radículas das plântulas (Figura
2) e favoreceram o crescimento do hipocótilo das plântulas de Senna
obtusifolia (Figura 2). Pesquisa realizada por Rodrigues et al (2010)
mostraram que entre as espécies de plantas espontâneas utilizadas em ensaios
de alelopatia, S. obtusifolia apresentou maior porcentagem de redução no
crescimento da radícula com o aumento da concentração do extrato de S.
alata. Entretanto, para o hipocótilo, o mesmo autor não verificou
interferência significativa entre os tratamentos com diferentes
concentrações do extrato. A atividade biológica de um aleloquímico depende
tanto da concentração deste aleloquímico como do limite da resposta da
espécie afetada (REIGOSA et al., 1999; ABRAHIM et al., 2000; KATO-NAGUCHI et
al., 1994). Quando em baixas concentrações, as substâncias podem apresentar
efeitos favoráveis, estimulando a germinação ou não ser inibitórias para
determinadas espécies (RICE, 1984).
Na germinação mostrou que não é possível considerar efeito inibitório, tanto no Bioensaio quanto no IVG.
Há inibição do desenvolvimento das radículas das plântulas e o favorecimento o crescimento do hipocótilo das plântulas de Senna obtusifolia.
Conclusões
Os resultados obtidos com os testes alelopáticos sugerem a prospecção do potencial da atividade alelopática das folhas da palmeira babaçu apresentam componentes ativos com potencialidade para serem utilizados como precursores de produtos naturais e, possivelmente para o desenvolvimento de produtos herbicidas podendo servir como forma de manejo da planta espontânea S. obtusifolia, pois afeta, principalmente o desenvolvimento do sistema radicular desta.
Agradecimentos
a Universidade estadual do maranhão UEMA e ao Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia do maranhão - IFMA
Referências
DUDAI, N. et al. Essential oils as allelochemicals and their potential use as bioerbicides. J. Chem. Ecol., v. 25, n. 5, p. 1079-1089, 1999.
NASCIMENTO, U. S.; BELTRAN, J. I. L. Carvão de Babaçu como Fonte Térmica para Sistema de Refrigeração por Absorção no Estado do Maranhão. Trabalho Final de Mestrado Profissional. Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP. Faculdade de Engenharia Mecânica – FEM. Campinas – SP. Fevereiro/2004.
REIGOSA, M. J.; SÁNCHEZ-MOREIRA, A.; GONZÁLES, L. Ecophysiological approach in allelopathy. Crit. Rev. Plant Sci., v. 18, n. 5, p. 577-608, 1999.
TOKURA, L. K.; NÓBREGA, L. H. P. Alelopatia de Cultivos de Cobertura Vegetal sobre Plantas Infestantes. Acta Sci. Agron.Maringá, v. 28, n. 3, p. 379-384, July/Sept., 2006.
WARDLE, D.A., NICHOLSON, K.S.; AHMED, M. Comparison of osmotic and allelopathic effects of grass leaf extracts on grass seed-germination and radicle elongation. Plant and Soil 140:315-319, 1992.