O USO DA ENZIMA DIASTÁSE COMO DESCRITOR DA QUALIDADE DO MEL DE ABELHA PRODUZIDOS EM SOURE E SALVATERRA, MARAJÓ - PA.

ISBN 978-85-85905-19-4

Área

Bioquímica e Biotecnologia

Autores

Gomes, P.W.P. (UFPA) ; Malato, B.V. (UEPA) ; Muribeca, A.J.B. (UEPA) ; Costa, A.P.A. (UEPA) ; Souza, R.F. (UEPA) ; Gomes, P.W.P. (UEPA) ; Silva, D.S.C. (UEPA) ; Reis, J.D.E. (UEPA)

Resumo

A diastase (a-amilase) é uma das enzimas presentes no mel, formada principalmente pelas glândulas hipofaringeanas das abelhas. O presente trabalho descreve a quantificação da enzima diástase em 07 amostras de méis de abelhas dos gêneros Meliona sp. e Apis sp. como descritora da qualidade do mel comercializado no arquipélago do Marajó. Do total, 05 (cinco) amostras apresentaram teores acima do mínimo permitido pela legislação brasileira, e duas amostras apresentaram índice abaixo do padrão, podendo está diretamente relacionado com o aquecimento/armazenamento ou ainda com o gênero da abelha (Meliona sp.).

Palavras chaves

Enzima diástase; Mel; Marajó

Introdução

A diastase (a-amilase) é uma das enzimas presentes no mel, formada principalmente pelas glândulas hipofaringeanas das abelhas, sendo encontrada também, em baixa proporção, nos grãos de pólen (Pamplona, 1989). Sua função é digerir a molécula de amido, estando, possivelmente, envolvida na digestão do pólen. Segundo Vansell et al. (1926) existe uma perfeita correlação entre a quantidade de pólen no mel e a atividade da diastase. Sua relevância principal para o mel é que essa enzima apresenta maior sensibilidade ao calor que a enzima invertase (responsável pela transformação da sacarose em glicose e frutose), sendo recomendada para avaliar a qualidade do mel. Sua atividade serve de indicativo do grau de conservação e superaquecimento do mel, o que comprometeria seriamente o produto (Soloveve, 1971). De acordo com a legislação vigente estabelecida pelo Ministério da Agricultura e do Abastecimento (BRASIL, 2000) o valor mínimo da atividade diastásica no mel é de 8 na escala de Göthe e os méis com baixo conteúdo enzimático deverão ter no mínimo uma atividade diastásica correspondente a 3 da escala de Göthe. Portanto este trabalho objetivou quantificar o teor de diástase em 07 amostras de mel, como indicativo da qualidade deste produto comercializado no Marajó.

Material e métodos

O presente estudo foi desenvolvido com 07 amostras de meis de abelhas Apis sp. e Melipona sp. de origem do arquipélago do Marajó. A atividade da enzima diástase foi determinada pelo método adaptado por Santos, Malaspina, Palma (2003), que utiliza a leitura em espectrofotômetro, através da descoloração de uma solução de amido, iodo e mel em condições controladas. Na determinação da atividade diastásica, em tubos de ensaio, misturou-se 5 mL de solução de mel a 10% mais 0,5 mL de solução tampão de AcONa (Acetato de Sódio, pH 5,3) 1,59M, 0,5 mL de solução NaCl 0,1M, 0,15 mL de solução de Iodo 0,17M, 9,6 mL de água destilada e 0,25 mL de solução de amido 1%. Incubou-se em banho-maria a (40ºC±1) por tempo suficiente para que a absorbância registrasse abaixo de 0,235 e acima de 0,200. Foram feitas leituras periódicas à 660nm no espectrofotômetro (Bel Protonics-v-M5®) com auxílio da tabela 1 elaborada por Bogdanov (2002).

Resultado e discussão

Os valores encontrados para diástase nos méis analisados (Figura 1) variam de 5,31 a 21,1 na escala Gothe com média de 12,6. A legislação brasileira (BRASIL, 2000), exige que o índice de diastase seja superior a 8 ou a 3 unidades Gothe. Através da Figura 1, é perceptível verificar que as amostras 03 e 06 apresentaram índice de diástase abaixo do mínimo permitido pela legislação em vigor, porém destaca-se que tal fenômeno deve-se ao tempo de armazenamento, temperatura, acréscimo de xaropes, conservantes etc. Desta forma o mel acaba perdendo em sua qualidade original, porém destaca-se que as amostras 03 e 06 são de abelhas do gênero Melipona sp. logo com base na literatura Souza et al. (2009) analisaram amostras de méis de espécies do mesmo gênero provenientes do Estado da Bahia e não encontraram valores para (ID), assim como Pereira (2007) não registrou valores para diastase em seu estudo com mel de Melipona fasciculata. Para as amostras que apresentaram teor acima de 8 na escala gothe, 05 (cinco) amostras se encontram dentro do padrão exigido, mantendo desta forma suas características físicas, químicas e biológicas.

Figura 1

Discriminação do teor de diástase nas 07 amostras de mel.

Conclusões

A quantificação da enzima diástase no mel serviu como descritora da qualidade do mesmo. Das amostras analisadas, 05 (cinco) apresentaram índice de diastase dentro do padrão exigido pela legislação brasileira, 8 na escala Gothe, porém as amostras 03 e 06 tiveram índice abaixo do permitido, comprovando seu armazenamento/processamento em condições de temperatura elevada ou ainda podendo ser uma característica do próprio gênero da abelha (Melipona sp.).

Agradecimentos

Referências

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Defesa Animal. Legislações. Legislação por Assunto. Legislação de Produtos Apícolas e Derivados. Instrução Normativa n. 11, de 20 de outubro de 2000. Regulamento técnico de identidade e qualidade do mel. Disponível em: <http://extranet.agricultura.gov.br/sislegis-consulta/servlet/VisualizarAnexo?id=1690>. Acesso em: 15 jun. 2016.

BOGDANOV, S. Physical properties of honey. Bee Product Science, maio, 2009.
PAMPLONA, B. C. Exame dos elementos químicos inorgânicos encontrados em méis brasileiros de Apis mellifera e suas relações físico-biológicas. São Paulo, 1989. 131p. Dissertação (Mestrado) - Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo.

PEREIRA, E. O. L. Adaptação de métodos fisico, químico e bioquímicos no controle de qualidade de méis de abelha sem ferrão produzidas no Nordeste paraense. 2007. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos). 96f. Instituto de Tecnologia. Universidade Federal do Pará, 2007.

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VANSELL, G.H.; FREEBORN, S.B. Preliminary report on the investigations of the source of diastase in honey. Journal of Economic Entomology. v. 22, p.922-926. 1926.

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