ISBN 978-85-85905-19-4
Área
Alimentos
Autores
Santiago, L. (LABORATORIO ANALYTICAL CENTER) ; Silva, M. (LABORATORIO ANALYTICAL CENTER) ; Saraiva, D. (FACULDADE METROPOLITANA DE MANAUS) ; Sousa, D. (UFAM) ; Machado, I. (UFAM) ; Silva, S. (IESAM) ; Oliveira, M. (UFPA) ; Saraiva, A. (LABORATORIO ANALYTICAL CENTER)
Resumo
O mel, assim como os demais produtos das abelhas, está associado a uma imagem de produto natural, saudável e limpo, sendo atribuídas a ele propriedades medicinais associadas ao seu consumo e atividade antimicrobiana, geralmente relacionada às suas características físicas e químicas. O presente trabalho teve como objetivo verificar a qualidade físico-química do mel Apis mellifera produzido em municípios do Nordeste do estado do Pará, por meio das análises dos parâmetros umidade, acidez total e hidrometilfurfural (HMF). Os valores individuais de cada parâmetro analisado, comparados com os padrões estabelecidos pela l.N. n.°11/2000 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) apresentaram resultados satisfatórios, exceto para a acidez total em 25% das amostras.
Palavras chaves
mel; controle de qualidade; apis mellifera
Introdução
Como produto alimentício das abelhas melliferas tem se o mel, que é produzido a partir do néctar das flores ou das secreções procedentes de partes vivas das plantas ou de excreções de insetos sugadores de plantas. Em relação a sua composição considera-se como uma solução concentrada de açúcares com predominância de glicose e frutose. Contém, ainda, uma mistura complexa de outros hidratos de carbono, enzimas, aminoácidos, ácidos orgânicos, minerais, substâncias aromáticas, pigmentos, cera e grãos de pólen (BRASIL, 2000). De acordo com Welke (2009) a qualidade do mel produzido em diferentes regiões do Brasil têm sido avaliada por diferentes autores com o objetivo de caracterizar o produto pela análise de parâmetros físico-químicos, entre eles umidade, acidez total e hidroximetilfurfural (HMF). A maioria destes estudos mostram alguma inconformidade em relação à legislação, o que compromete a qualidade do mel produzido e comercializado no Brasil. Nesse sentido, o presente trabalho teve como objetivo verificar a qualidade físico-química do mel Apis mellifera produzido na região Nordeste do estado do Pará comparando os resultados com a legislação vigente.
Material e métodos
Os méis utilizados nos ensaios foram provenientes da região nordeste do Pará, dos municípios de Garrafão do Norte, Capitão Poço, Santa Izabel, Tracuateua, Bujaru, Primavera, Viseu, Colares, Vigia, Igarapé-Açú, Maracanã e São Caetano De Odivelas coletadas por apicultores durante os meses de julho e agosto de 2015. Para as análises físico-químicas utilizaram-se as metodologias recomendadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, por meio da Instrução Normativa n°11/2000.
Resultado e discussão
Na tabela 1 são apresentados os valores provenientes das análises físico-
químicas em triplicata de amostras de doze municípios da região Nordeste do
estado de Pará.
Acidez Total
A acidez total do mel variou de 22,58 a 61,37 meq.Kg-1 (Tabela 1), contudo
em nove municípios os valores estão dentro dos padrões de qualidade
recomendados pela legislação, que determinada o limite de 50 meq.Kg-1
(Brasil, 2000). Resultados semelhantes foram encontrados no trabalho
realizado por Aroucha (2008), com valores médios de acidez total das
amostras de méis entre 31,25 a 86,75 meq.kg-1. A grande variação encontrada
confirma as afirmações de Gonnet (1982) e Silva (2004) que relata, para
acidez, um intervalo de 10 a 60 meq.Kg-1 de mel. De acordo com Root (1985),
os tipos de florada explicariam essa flutuação nos resultados, uma vez que a
origem dos ácidos orgânicos contidos no néctar coletado pelas abelhas é que
determinam a acidez, que pela ação da glicose-oxidase, originam o ácido
glutônico (White Junior, 1989).
Hidroximetilfurfural (HMF)
O teor médio de HMF nas amostras de méis (Tabela 1) foi de 13,37 mg.kg-1
para uma variação de 6,55 a 18,94 mg.kg-1. Os resultados se encontram dentro
dos padrões exigidos pela legislação brasileira, uma vez que o MAPA
estabelece um máximo de 40mg.Kg-1 (Brasil,2000). O HMF é utilizado como
indicador de qualidade, originando na degradação de enzimas presentes nos
méis e apenas uma quantidade de enzima é encontrada em méis maduros.
Pequenas quantidades de HMF são encontradas em méis recém-colhidos, mas
valores mais significativos podem indicar alterações importantes provocadas
por armazenamento prolongado em temperatura alta e/ou superaquecimento
(Vilhena & Almeida-Muradian, 1999) ou adulterados com açúcar invertido.
Umidade
O teor de umidade das amostras apresentaram valores médios de 19,09% para um
intervalo de variação de 18,37 a 20,00% estando dentro dos padrões
estabelecidos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(MAPA), estando próximo ao encontrado por Ramalho et al., (1987). De acordo
com Noronha (1997), é provável que os méis produzidos na época de chuvas
apresentem maior umidade em razão da saturação do ar e do fluxo de néctar
que ocorre após as chuvas, confirmando a ideia de que méis produzidos no
primeiro semestre do ano são menos viscosos.
Tabela 1. Localização dos Apiários, Média e Desvio Padrão para as análise físico-químicas do mel produzido no Nordeste do Estado do Pará.
Conclusões
As amostras de méis estudados para os municípios da região do Nordeste do estado do Pará, apresentaram-se compatíveis com os valores referenciados na literatura e se enquadram dentro dos padrões de qualidade exigidos pelo MAPA, para comercialização, no âmbito do mercado brasileiro. Com exceção de amostras que apresentam acidez acima do permitido, indicando possíveis alteração na florada que podem refletir diferentes tipos de composição de ácidos orgânicos.
Agradecimentos
Laboratório Analytical Center
Referências
AROUCHA, E. M.M. et al. Qualidade do mel de abelha produzidos pelos incubados da Iagram e comercializado no município de Mossoró/RN. Rev. Caatinga, v. 21, n. 1, p. 211-217,( 2008).
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