CARACTERIZAÇÃO FISICO-QUIMICA E EXTRAÇÃO DE ÓLEO DA POLPA DE BACABI (Oenocarpus mapora H. Karsten) LIOFILIZADA PROVENIENTE DO MUNICÍPIO DE SANTA IZABEL NO ESTADO DO PARÁ

ISBN 978-85-85905-19-4

Área

Alimentos

Autores

Ramos Lisboa, C. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Silva Raiol, L. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Otávio Brochado Campos, H. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Henrique Brabo de Sousa, S. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ)

Resumo

As palmeiras nativas pertencem ao gênero Oenocarpus encontram-se entre os recursos vegetais mais úteis para o homem amazônico. Apesar da grande diversidade e de utilidades, poucas espécies são exploradas de forma comercial, sendo necessária a realização de estudos mais abrangentes sobre qualidade nutricional de espécies ainda pouco exploradas. Este estudo teve como objetivo avaliar os parâmetros físico-químicos da polpa de bacabi e seu potencial. Os frutos apresentaram ser uma excelente fonte de compostos fenólicos e alto valor energético, excelentes características de qualidade nutricional e funcional.

Palavras chaves

Composição; Funcionalidade; Nutrição

Introdução

A crescente preocupação do consumidor com a relação entre dieta e saúde é um dos fatores que têm aumentado a exploração econômica de produtos e subprodutos de algumas frutíferas (DOMINGUES, CARVALHOS E BARROS, 2014). Medeiros (2005) considera a Amazônia como a maior floresta tropical existente e rica em biodiversidade, abrigando árvores nativas como as bacabeiras (Oenocarpus bacaba). Dentre as palmeiras da família Arecaceae, do gênero Oenocarpus a bacabi (Oenocarpus mapora H. Karsten) é uma palmeira perene nativa da Amazônia de excelente qualidade nutricional e de grande potencialidade para a agroindústria de polpa (OLIVEIRA, MOURA, 2010). De acordo com Clement et al (2005), seus frutos são mencionados como oleaginosas e utilizados como alimento devido à presença do amido, proteínas e vitaminas, além do conteúdo de óleo. O manejo de espécies oleaginosas para produção de frutos, com extração tanto da polpa como do óleo para fins alimentícios, está incluída entre as atividades apontadas como economicamente viáveis (QUEIROZ et al., 2008). A caracterização físico-química e de compostos com propriedades funcionais é importante para o conhecimento da matéria prima e/ou produtos derivados em termos de qualidade, composição nutricional e valor nutricional, e do ponto de vista comercial para agregar valor ao produto final (DOMINGUES, CARVALHO E BARROS, 2014). Dessa forma estudos têm sido realizados para avaliar as potencialidades de aproveitamento das palmeiras nativas como fonte de matéria prima de interesse comercial. E estudos mais profundos e sistemáticos são necessários, logo o presente trabalho teve como objetivo realizar a caracterização físico-química dos frutos de Bacabi e avaliar seus parâmetros físico-químicos e nutricional da espécie.

Material e métodos

Inicialmente frutos inteiros de bacabi (Oenocarpus mapora H. Karsten) foram coletados de plantas estabelecidas na área rural do município de Santa Izabel do Pará. Os frutos foram transportados ao laboratório de Ciência e Tecnologia de Alimentos da Universidade do Estado do Pará (UEPA), onde foram selecionados. Após a seleção, os frutos foram lavados em água corrente e em seguida imersos em água a temperatura de 60ºC por 15 minutos, para amolecimento do epicarpo e mesocarpo. A seguir os frutos foram para despolpadeira artesanal de aço inoxidável. As polpas obtidas foram embaladas em sacos plásticos de polietileno e submetidas ao congelamento à temperatura de -18ºC em freezer (CONSUL CVT 10/Congelador-vertical), as sementes foram descartas. Após o congelamento, o material foi liofilizado (L108- FORLAB) e armazenado a temperatura de refrigeração ao abrigo da luz até o momento das análises. As análises de pH, acidez total titulável, sólidos solúveis totais, umidade foram determinados segundo ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTRY (1997). Para a extração de óleo utilizou-se dois métodos, o método de Soxhlet segundo o método 963.15 (AOAC, 2011) e o método Am 5-04 de acordo com American Oil Chemists’ Society (ANKOM, 2014), usando o sistema de extração Ankom XT-15 (Ankom Technology, EUA) (CAMPOS et al, 2016). A análise quantitativa das antocianinas totais foi determinada por Giusti e Wrolstad (2001) e compostos fenólicos totais por Singleton e Rossi (1965). A quantificação de carboidratos foi calculada por diferença entre 100 e a soma dos teores de umidade, cinzas, lipídios totais e proteínas. O valor energético total da polpa foi estimado baseado nos valores de conversão para proteínas, carboidratos e lipídios segundo a RDC nª 360 (BRASIL,2001).

Resultado e discussão

Na Tabela 1, estão os resultados das análises de caracterização físico- química da polpa liofilizada. O número de artigos disponíveis na literatura referentes à composição química dos frutos de Oenocarpus mapora H. Karsten são escassos (DOMINGUES, CARVALHO, BARROS, 2014). Devido a isso os parâmetros analisados serão também comparados aos frutos pertencente a mesma família botânica a bacaba (Oenocarpus bacaba). A polpa de bacabi liofilizada apresentou valores superiores ao resultado de Domingues, Carvalho e Barros (2014) que utilizaram material úmido para análise dos parâmetros: SST em grau Brixº (0,93±0,06), proteína (6,64±0,13),fibra bruta (16,61±0,21), e calculo de carboidratos (16,31±0,15) com valor energético de (70,22). Outros parâmetros obtidos como resultado neste estudo observou-se valores inferiores em comparação com a polpa de frutos de bacaba. No entanto, este estudo obteve valores superiores aos reportados por Canuto et al (2010) para pH (5,3 ± 0,1), acidez total titulável (0,1 ± 0,0), teor de lipídios (7,4±1,8) e compostos fenólicos (0,3±0,1), porém em SST em ºBrix de (2,0±0,7), umidade (87,6±0,4). Em comparação ao teor proteico da polpa de bacaba (16,35) em Amasifén (2001), o valor de carboidratos (6,60) na polpa de bacaba em Franco (1992) e o teor de antocianinas totais (34,69 mg/100 g b.u.) na polpa de bacaba em Finco et al. (2012) a polpa de bacabi liofilizada apresentou valores superiores. Comparando os dois métodos para se obter o melhor rendimento (Tabela 2), o método de Soxhlet obteve melhor resultado, porém de acordo com Campos et al (2016) a utilização do método Am 5-04 poderá proporcionar a análise de extração de óleos menores gastos com o uso de solvente e menor tempo de extração.







Conclusões

Conclui-se que a polpa de bacabi liofilizada apresenta parâmetros físico- químicos e nutricionais adequados ao seu processamento, além de apresentar elevados teores e compostos fenólicos de 1446,36mg AGE/100g e podem contribuir de maneira importante na ingestão de fitoquímicos antioxidantes na dieta, além de apresentar potencial para extração de óleo.

Agradecimentos

Referências

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