ISBN 978-85-85905-19-4
Área
Alimentos
Autores
Rodrigues, D. (IFMA - CAMPUS SÃO LUIS-MONTE CASTELO) ; Freitas, A.S. (IFMA - CAMPUS SÃO LUIS-MONTE CASTELO) ; Rangel, J.H.G. (IFMA - CAMPUS SÃO LUIS-MONTE CASTELO)
Resumo
O pequizeiro, uma espécie arbórea característico do Bioma do cerrado, produz um fruto amplamente utilizado na culinária brasileira. De polpa amarela e com aroma e sabor intensos, o pequi é caracterizado devido seu expressivo teor de compostos fenólicos que apresentam propriedades antioxidantes e são associados à prevenção de radicais livres. Devido o alto consumo do fruto para fim alimentar e industrial (extração do óleo), há elevada produção de subprodutos, portanto, objetivou-se no presente trabalho, avaliar a composição centesimal, características térmica e espectroscópica no infravermelho com transformada de Fourier (FTIR) da casca de pequi liofilizada (Caryocar spp) para o aproveitamento na elaboração de novos produtos alimentares e industriais.
Palavras chaves
Liofilização; Análise Térmica; Composição Nutricional
Introdução
Segundo Ribeiro, (2000) o pequizeiro é encontrado no cerrado brasileiro, estendendo-se do Amazonas a São Paulo, inserindo-se ainda os estados do Pará, Maranhão, Piauí, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Bahia, Ceará, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Tocantins. O pequi destaca-se pelos aspectos nutricionais com índice de proteína de 2,64%, lipídios 20% (ALMEIDA, 1998). O pequi é considerado uma espécie de interesse econômico devido ao seu uso na culinária, como fonte de vitaminas e na extração de óleos para a fabricação de cosméticos (ALMEIDA e SILVA, 1994), também usado na aplicação terapêutica, onde tem sido usado contra a gripe e doenças pulmonares (SEPTÍMIO, 1994) e na redução de processos inflamatórios e na pressão arterial de corredores (MIRANDA-VILELA, 2009). O presente trabalho foi realizado com o objetivo de estudar as propriedades químicas, físicas e térmicas da casca de pequi gerando informações para elaboração de produtos alimentícios e industriais.
Material e métodos
O fruto adquirido no mercado informal de Codó-MA foi descascado e as cascas passaram pelo processo de liofilização (LIOTOP modelo L101) sob as condições: -53,2 ± 2,0°C de temperatura, pressão de 40 ± 3,0 µHg, por 36 horas. Após, as amostras foram trituradas e envasadas à vácuo e armazenadas em local seco e arejado até o momento das análises. A amostra obtida foi submetida à análise (em triplicata) de umidade, cinzas, proteínas, lipídios, fibra bruta, pH e sólidos solúveis totais (SST) determinada segundo a metodologia da AOAC (1995). Para umidade utilizou-se secagem das amostras em estufa a 105°C, até peso constante; as cinzas por gravimetria em forno mufla a 550°C; proteína pelo método Kjeldahl; lipídios pelo método Soxhlet, utilizando-se o hexano como reagente de extração; fibra bruta utilizando-se o cadinho Gooch com camada de filtração e solução ácida (ácido acético glacial, ácido nítrico, ácido tricloracético e água); carboidrato por diferença [100-(umidade+cinzas+proteínas+lipídios+fibras)]; pH foi feito em extrato aquoso, em potenciômetro de bancada Hanna modelo HI 2221; e SST por refratometria através de refratômetro tipo ABBE marca Quimis e expresso em °Brix. Na análise térmica e espectroscópica no infravermelho, a casca do pequi liofilizada foi previamente calcinada a 200°C durante 2h. Para análise termogravimétrica foi realizada em Thermogravimetric Analyzer TGA-51 Shimadzu acoplado a um computador monitorado pelo software TA-60 WS Collection Monitor com atmosfera de ar sintético e fluxo de gás de 20 mL/min e razão de aquecimento de 10°C/min. A amostra foi caracterizada por espectroscopia no infravermelho com transformada de Fourier (FTIR) na região do IV em um espectrofotômetro Shimadzu modelo IRAffinity-1 na região de 4000 a 400 cm-1.
Resultado e discussão
Tem-se na Tabela 1 os resultados da composição de umidade, proteínas,
cinzas, lipídios, carboidratos, fibra bruta, pH e sólidos solúveis da casca
de pequi em submetida à liofilização. Os valores obtidos apresentou valores
de proteína, lipídios, cinzas e fibra bruta similares aos encontrados por
Pessoa et al. (2013), sendo que os autores utilizaram a secagem natural
(solar) por 24h conjugada à secagem em estufa por 55°C por 72h. Couto (2007)
afirma que o teor elevado de fibra da casca de pequi o torna uma fonte
alternativa a ser adicionada na alimentação humana em função da importância
nutricional. O resultado de TG, Figura 1 e Tabela 2, revela que ocorreu
perda de massa em três etapas, a primeira relacionada à perda de água e
carboidratos que se decompõe nesse intervalo de temperatura (28°-218,33°C),
a segunda (218°-366°C) relacionada à oxidação, decomposição das substâncias
orgânicas (proteínas e lipídios) e na última etapa, observa-se ainda uma
pequena transição correspondente as fibras residuais e as cinzas. Observa-se
na Figura 2 o resultado da análise espectroscópica no I.V FTIR da casca de
pequi. Os resultados de FTIR (Figura 2) permitem observar bandas de absorção
entre 3200 e 3500 cm-1, que pode ser relacionadas à deformação axial do
grupamento hidroxila, que participa de ligações intermoleculares através de
ligações de hidrogênio. Na região entre 750 e 1300 cm-1 existem algumas
bandas de absorção característica dos polissacarídeos, onde a maior parte
das bandas são provenientes de vibrações de deformação de C-O e C-C. No
entanto, podemos relacionar o maior pico presente nesta região, à deformação
axial de C-O-C dos anéis presentes nas moléculas do amido, que segundo a
Tabela 1, apresenta-se na composição dos carboidratos (65,34%) presentes na
amostra.
Análise da composição nutricional e química da casca de pequi (Caryocar spp)
Figura 1. Análise termogravimétrica da farinha da casca do pequi Figura 2. FTIR da farinha da casca do pequi
Conclusões
A casca de pequi é um alimento rico em carboidratos, fibra alimentar total e cinzas, podendo, desta forma ser adicionada aos alimentos para enriquecimento destes nutrientes. A análise termogravimétrica (ATG) permitiu determinar um perfil de degradação dos nutrientes presentes na casca do pequi, podendo-se trabalhar com os nutrientes dentro dos intervalos adequados de temperatura.
Agradecimentos
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO MARANHÃO
Referências
ALMEIDA, S. P. Cerrado: ambiente e flora. Planaltina: Embrapa, p. 87-166, 1998.
ALMEIDA, S. P.; SILVA, J. A. Pequi e Buriti. Importância alimentar para a população dos cerrados. Platina: Embrapa - CPAC, 1994. 38 p.
COUTO, E. M. Utilização da farinha de casca de pequi (Caryocar brasiliense Camb.) na elaboração de pão de forma. 2007. 121 f.. Dissertação (Mestrado em Ciência dos Alimentos) – Universidade Federal de Lavras, Minas Gerais, 2007.
MIRANDA-VILELA, A. L. Avaliação dos efeitos antigenotóxicos, antioxiadntes e farmacológicos de extratos da polpa do fruto do pequi (Caryocar brasiliense CAMB). Tese de Doutorado. Universidade de Brasília (UNB), Brasília, 2009.
PESSOA, M.S.; AVELAR, J.C.S.; NASCIMENTO, A. L. H.; SILVA, K. L.; SOARES, A. C. M.; CAMARGO, A. C. S.; FARIA FILHO, D. E. Desempenho de tilápias-do-nilo alimentadas com farelo da casca de pequi. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v.65, n.2, p.547-552, 2013.
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SEPTÍMIO, L. R. A Fitoterapia baseada em ervas medicinais do cerrado. São Paulo: SIPE, 1994. p.49.