ISBN 978-85-85905-19-4
Área
Alimentos
Autores
Gomes, V.V. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO OESTE DO PARÁ) ; Bandeira, A.M.P. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO OESTE DO PARÁ) ; Costa, S.C. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO OESTE DO PARÁ) ; Dourado, G.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO OESTE DO PARÁ) ; Lima, A.K.O. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO OESTE DO PARÁ) ; Silva, D.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO OESTE DO PARÁ) ; Vasconcelos, A.A. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO OESTE DO PARÁ) ; Taube Júnior, P.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO OESTE DO PARÁ)
Resumo
O mel é um dos produtos naturais mais completos, uma vez que sua composição possui alto valor nutricional e grandes benefícios a saúde, dependendo da sua origem floral. Nesse contexto, esta pesquisa objetiva-se em avaliar as características físico-químicas (cinzas, umidade, açúcares redutores, pH e cor) e potencial antioxidante (pelo radical DPPH) de méis de M. compressipes manaosensis (Jandaíra) produzido em Mojuí dos Campos, PA. Os resultados obtidos mostraram teores de umidade acima do permitido pela legislação, pH baixos, teor de açúcares redutores satisfatórios e corroborou-se a relação entre cinzas e cor. Para a atividade antioxidante, duas amostras apresentaram inibição significativa. Assim, necessitam-se mais estudos sobre as características e bioatividades do mel de Jandaíra.
Palavras chaves
mel; Jandaíra; atividade antioxidante
Introdução
O mel é um produto fabricado por abelhas a partir do néctar das flores ou ainda por excrementos de insetos que se alimentam de partes vivas da planta, aos quais as abelhas coletam, transformam e combinam com substâncias próprias, acumulando e maturando em favos para a alimentação deste animal (CARVALHO et al., 2005). O mesmo possui grande concentração de açúcares, principalmente glicose e frutose, além de substâncias como ácidos orgânicos, minerais, aminoácidos e compostos fenólicos, características às quais variam conforme a origem geográfica, climática e floral (SILICI et al., 2010). Pesquisas sobre os méis provenientes de abelhas sem ferrão (Meliponinae spp) são cada vez mais intensificadas, visto que suas composições conferem propriedades terapêuticas, tais como a atividade antioxidante (ALVAREZ-SUAREZ et al., 2012), além de possuírem características físico-químicas distintas ao preconizado pela legislação, que se baseia em méis de Apis meíifera (CARVALHO et al., 2005). Dentre os méis com valor agregado, tem-se o da Melipona compressipes manaosensis, espécie popularmente conhecida como Jandaíra e produzida com destaque em Santarém, Pará, Brasil (SEAB, 2008), região metropolitana que apresenta grande potencial para a meliponicultura (RAYOL & MAIA, 2013). Com isso, o objetivo deste trabalho foi determinar as características físico- químicas e avaliar a atividade antioxidante pelo radical 2,2-Difenil-1- picrilhidrazilal (DPPH) do mel de M. compressipes manaosensis originário do município de Mojuí dos Campos, Pará, Brasil.
Material e métodos
Três amostras de mel da espécie M. c. manaosensis foram coletadas em um meliponário localizado no município de Mojuí dos Campos, região metropolitana de Santarém, Pará (2°37'12.1"S 54°40'27.3"W) e foram levadas à Universidade Federal do Oeste do Pará para a realização das análises em triplicata. A umidade foi medida a partir do aquecimento em estufa de 3g de mel a 60°C até a obtenção de massa constante (AOAC, 2006). O teor de cinzas foi avaliado por incineração a 600°C de 3g de mel (AOAC, 2006). Para a determinação do pH, diluiu-se 2mL de cada amostra em água deionizada (1:10, v/v) e leitura feita em pHmetro. A cor do mel foi determinada a partir da diluição deste em água deionizada (1:1, v/v), a qual foi lida em espectrofotômetro UV/Vis à 635nm e posteriormente a absorbância foi transformada para a escala de Pfund (BIANCHI, 1981). Determinou-se o teor de açúcares redutores utilizando como reagente de cor glicose liquiform e usando a curva da calibração com solução padrão de glicose. Avaliou-se a atividade antioxidante das amostras por meio da atividade Scavenger do radical DPPH, usando α-Tocoferol como padrão (ZHANG e HAMAUZU, 2004). Em ambas as análises fez-se a leitura em espectrofotômetro UV/Vis à 555nm após 30 minutos do preparo das soluções. Todos os resultados foram expressos por média e desvio padrão.
Resultado e discussão
Os parâmetros físico-químicos estão expostos na Tabela 1. A importância do
teor de umidade no mel está na interferência sobre a viscosidade, peso
específico, maturidade, cristalização e sabor (MENDES et al., 2009). Neste
estudo, os valores de umidade variaram de 22,37±0,83 a 24,44±0,26%, acima do
permitido pela legislação (BRASIL, 2000). O conteúdo de cinzas variou de
0,01±0,01 a 0,04±0,00%, o que determina a quantidade de minerais presentes
nas amostras. Souza et al. (2004) ao analisar méis da espécie M. c.
manaosensis do estado do Amazonas, encontrou valores maiores para umidade
(25,3±0,7 à 34,6±0,5%) e para conteúdo mineral (exceto a amostra J02)
(0,03±0,0 a 0,4±0,0%). As amostras apresentaram pH ácido, ideal para inibir
o crescimento de microrganismos (BERTONCELJ et al., 2011). Os açúcares
redutores, que são responsáveis pela cristalização, doçura e
higroscopicidade (CARVALHO et al, 2005), obtiveram variação de 61,35±2,62 a
79,78±6,25%. Almeida-Muradian et al. (2007) caracterizou méis de abelhas sem
ferrão amazônico, obtendo valores médios para pH de 3,41±0,02 a 4,06±0,04,
que são superiores às amostras J02 e J03, e 66,00 – 66,20% para açúcares
redutores, sendo porcentagens inferiores ao mel J03 (79,78±6,25%). O
parâmetro cor apresentou-se distinto entre as amostras, sendo observada uma
proporcionalidade direta com o conteúdo de cinzas, fato que corrobora com o
descrito por Almeida-Silva et al. (2011). As atividades de sequestro do
radical DPPH dos méis analisados estão disponíveis na Tabela 2. Segundo
Alvarez-Suarez et al. (2012), os ácidos fenólicos e flavonoides são os
compostos responsáveis pela atividade antioxidante do mel e também
influenciam na cor. Neste estudo, as amostra J01 (64,63±1,01%) e J03
(58,85±1,83%) expressaram maiores porcentagens de inibição.
Características físico-químicas de amostras do mel de abelha M. c. manaosensis produzido em Mojuí dos Campos, Pará.
Atividade antioxidante pelo radical DPPH de amostras do mel de abelha M. c. manaosensis produzidos em Mojuí dos Campos, Pará.
Conclusões
Todas as amostras apresentaram teores de umidade maiores que o máximo estipulado pele legislação brasileira para méis de Apis mellifera. Além disso, o pH das amostras J02 e J03 apresentaram-se muito baixos. A atividade antioxidante das amostras J01 e J03 foram muito superiores a da amostra J02. Como a atividade antioxidante tem relação com a quantidade de compostos fenólicos e a coloração das amostras tem relação com o teor de cinzas e também com o teor fenólico, faz-se necessário analisar o teor de compostos fenólicos destas e ampliar o número de amostras analisadas.
Agradecimentos
A UFOPA, ao CNPq e ao LEBIQ
Referências
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