ISBN 978-85-85905-19-4
Área
Alimentos
Autores
Brito, P.A. (UEPA) ; Farias, I.P. (UEPA) ; Aires, G.C.M. (UFPA) ; da Silva, D.A. (UEPA)
Resumo
O município de Cametá sofre uma forte influência do rio Tocantins como fonte de alimentos oriundos da pesca, contudo, a literatura cientifica oferece poucas informações sobre os aspectos nutricionais dos peixes da região amazônica. No presente estudo, identificou-se espécies de pescado mais comercializadas no município de Cametá – PA, correlacionando o valor nutricional e o preço de venda de cinco espécies de peixes sendo eles mapará (Hypophthalmidae marginatus), pescada branca (Cynoscion spp.), piraíba (Brachyplatystoma filamentosum), tucunaré (Cichla monoculus Spix e Agassiz) e curimatã (Prochilodus spp.). Os peixes estavam dentro do padrão de qualidade e não há uma relação entre a quantidade nutricional e preço de venda, ou seja, há um acesso desse alimento rico nutricionalmente.
Palavras chaves
Pescado; Valor Nutricional; fisico-quimica
Introdução
O pescado é uma das principais fontes de proteínas na alimentação humana. Além de ser um bom alimento, pois também proporciona óleos, rações e produtos de valor para indústria. (ORDÓÑEZ, 2007). O pescado é um alimento onde encontramos um excelente composto em aminoácidos, gerando proteínas de alto valor biológico, minerais essenciais, vitaminas e gorduras (DOTTO, 1999; RODRIGUES et al., 2012). A região Amazônica possui cerca de 40 espécies de peixes sendo exploradas e comercializadas diariamente nos principais mercados e feiras. A pesca na região é basicamente artesanal, direcionada a um número diminuto de espécies, causando uma sobre exploração em determinados estoques pesqueiros (COSTA, 2006). A demanda e o consumo de peixe de água doce e salgada vêm crescendo pelos seus benefícios nutricionais, proteínas de boa qualidade e seu baixo teor de colesterol. A sua gordura é considerada de melhor qualidade que a da carne, por ser rica em ácidos graxos insaturados e conter baixa proporção de ácidos graxos saturados. Esses benefícios resultam em uma participação dos mesmos no mercado de alimentos (WIDJAJA et al., 2009). Levando-se em consideração as diferenças encontradas para um mesmo produto entre as várias tabelas de composição de alimentos, este trabalho objetivou avaliar relação entre o valor nutricional e o preço de venda de cinco espécies de peixes sendo eles mapará (Hypophthalmidae marginatus), pescada branca (Cynoscion spp.), piraíba (Brachyplatystoma filamentosum), tucunaré (Cichla monoculus Spix e Agassiz) e curimatã (Prochilodus spp.). Analisar a composição centesimal de cinco espécies de peixes. Avaliar a qualidade do frescor dos peixes comercializados no mercado municipal de Cametá.
Material e métodos
MATERIAL E MÉTODOS As cincos espécies de peixes foram coletados no mercado municipal de Cametá- PA no período de março de 2014 e acondicionados em caixas isotérmicas com gelo para o transporte até o laboratório de alimentos da Universidade do estado do Pará, os peixes tinham tamanho médio de 30 cm e pesando aproximadamente 400 g, cada amostra foi individualmente pesada e eviscerada, sendo a pele, o tecido e os espinhos separados do tecido muscular. Pesquisa de preços dos peixes Foi efetuada a coleta dos dados de cotação de cinco espécies de pescado por meio de consulta a administração do mercado municipal de Cametá-PA, que disponibilizou o valor das diferentes espécies comercializadas no mercado. Análises físico-químicas As analises físico-químicas das amostras de pescado foram feitas em triplicata seguindo metodologias adequadas para cada processo conforme estão descritas abaixo. Foram realizadas as análises de umidade, cinzas, proteínas (INSTITUTO ADOLFO LUTZ, 1985), lipídeos Bligh e Dyer (1959), BVT e fósforo BRASIL, 1981). Análise Estatística Aos dados de composição centesimal, foi aplicado o teste de TUKEY (α= 0,05) utilizando o programa computacional Statistica 7.0. Para os dados de correlação entre preço e valor nutricional foi utilizado a correlação linear de Pearson e calculado o Teste t a nível de (p<0,05).
Resultado e discussão
BVT e Fósforo
Os valores de BVT estão abaixo do limite máximo de 30mg N/100g, estipulado
para peixes frescos e não elasmobrânquios, pela Portaria N° 185 do
Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) (BRASIL, 1997).
Logo, todos os peixes analisados encontram-se abaixo deste valor e,
portanto, em condições de consumo.
COMPOSIÇÃO CENTESIMAL
Teores de umidade foram encontrados em faixa próxima por Ramos Filho, et al.
(2008), 59,85% no pacu a 77,26% no pintado e por Souza (2008), que variou de
69,61% no mapará a 80,58% no bagre.
Pescada branca e tucunaré são semelhantes ao encontrado por Ramos Filho, et
al. (2008), encontrou teor de proteína na faixa de 17,90% e 21,12%,
O maior nível de lipídeo foi encontrado na amostra de mapará. Semelhante com
Souza (2008) 14,53% e por Ribeiro (2005) que obteve 17,85% de lipídeos no
mapará. A amostra de tucunaré foi a que obteve o maior teor de cinzas.
CORRELAÇÃO DO PREÇO COM OS NUTRIENTES
A comparação dos valores demonstrou que as quatro espécies de pescado
consideradas de preço médio apresentaram quantidades de proteína semelhantes
umas das outras. Estatisticamente falando pode-se dizer que elas não
obtiveram diferença significativa (p<0,05) Observou-se que as variáveis
referentes ao valor nutricional não apresentaram correlação com o preço do
peixe para as diversas espécies estudadas, supondo-se que, possivelmente, os
fatores sensoriais, mercadológicos e culturais foram responsáveis pelas
variações de preço.
Martins & Oetterer (2010) explica que o valor do pescado nem sempre é
diretamente proporcional ao seu valor no mercado, sendo assim, muitas vezes
o preço está mais relacionado a questões mercadológicas e sensoriais do que
a sua qualidade nutricional.
*: Brasil, 1997 **: Brasil, 1988
Letras diferentes nas coluna indicam diferença significativa entre as amostra (p<0,05).
Figura 1: Comparação entre preço e teor de proteína e lipídeo em 5 espécies de pescado
Conclusões
Os moradores do município de Cametá apresentam o hábito de consumir peixes frequentemente, sendo assim possivelmente o consumo está acima do recomendado pela organização mundial da saúde, os peixes estudados apresentaram bons resultados nutricionais, sendo o custo médio acessível à população de baixa renda. Por outro lado, as espécies que apresentam teores menores de nutrientes não devem ser consideradas menos importantes, pois possuem elevado valor nutricional. As espécies apresentaram BVT e Fósforo dentro da legislação, não representando risco potencial à saúde do consumidor.
Agradecimentos
A UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ
Referências
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