AVALIAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS BIOMÉTRICAS E FÍSICO-QUÍMICAS DOS FRUTOS DE OITI (Licania tomentosa) NATIVO DO BIOMA CERRADO

ISBN 978-85-85905-19-4

Área

Alimentos

Autores

Oliveira, G.P. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ (UEPA)) ; Santos Filho, W.L.G. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ (UEPA)) ; Lima, J.L.S. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ (UEPA)) ; Santos, R.P. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ (UEPA)) ; Macambira, L.C. (UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA (UFRA)) ; Sousa, F.B. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ (UEPA)) ; Souza, S.L.C. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ (UEPA)) ; Santana, A.L. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ (UEPA)) ; Lima, J.M.P. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ (UEPA)) ; Rodrigues, M.R.A. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ (UEPA))

Resumo

O presente trabalho teve como objetivo avaliar as características biométricas e físico-químicas dos frutos de oiti (nativo do bioma cerrado). Os frutos foram caracterizados quanto ao peso total, peso do endocarpo e peso de polpa, rendimentos de polpa (%) e endocarpo (%), diâmetro longitudinal e transversal e índices de formato. A polpa dos frutos foi obtida manualmente e caracterizada quanto aos parâmetros físico-químicos de pH, acidez (% ácido cítrico), umidade (%) e sólidos totais (%). Os resultados mais expressivos foram 9,56g; 57,16%; 6,36 e 0,12% para às características de peso total, rendimento de polpa, pH e acidez respectivamente. Conclui – se, que os frutos de oiti, nativo do bioma cerrado estudados na presente pesquisa apresentaram ótimos rendimentos de polpa e baixa acidez.

Palavras chaves

Características; Frutos; Oiti

Introdução

O Brasil é privilegiado pela biodiversidade de sua flora, onde as condições edafoclimáticas (fatores relacionados ao clima, relevo, litologia, temperatura, umidade do ar, radiação, tipo de solo, vento, composição atmosférica e precipitação pluvial), favorecem o cultivo de diversas frutíferas nativas, entretanto, poucos trabalhos têm sido conduzidos no intuito de caracterizar estas espécies (GUEDES, 2009). Dentre essas frutas nativas podemos citar o oiti. O oiti (Licania tomentosa) é o fruto do oitizeiro, uma árvore da família Chrysobalanaceae que pode atingir cerca de 25 metros de altura. Típico da vegetação brasileira, também chamado de oiticica, esta árvore se desenvolve em condições de clima ameno e quente, solos com boa drenagem, não sujeitos à inundação e boa disponibilidade de água (MELO et al., 2010). Quanto ao estudo de frutos, podemos citar o estudo das características físicas dos mesmos, pois segundo Souto et al. (2008), ao avaliar as características biométricas de frutos e sementes de uma determinada espécie se têm informações importantes sobre variabilidade dessas características entre indivíduos numa determinada área. Também de acordo com Fagundes e Yamanishi (2001) para estudo das qualidades do fruto, podem ser adotados vários parâmetros, físicos como peso, comprimento, diâmetro, forma, cor e firmeza, dentre outros. Diante dessas informações, o presente trabalho teve como objetivo avaliar as características biométricas e físico-químicas dos frutos de oiti (nativo do bioma cerrado) oriundos do município de Conceição do Araguaia – Pará.

Material e métodos

O presente trabalho foi desenvolvido no laboratório de alimentos da Universidade do Estado do Pará (UEPA), Campus, XV, Redenção - Pará. Os frutos de oiti (nativo do bioma cerrado) foram coletados na zona rural do município de Conceição do Araguaia – Pará. Em seguida, transportados para o referido laboratório, escolhidos aleatoriamente 50 frutos e realizadas as pesagens e medidas dos frutos e endocarpos. Os frutos de oiti, apresentados na figura (1), foram caracterizados individualmente quanto ao peso total, peso do endocarpo e peso de polpa utilizando balança analítica de precisão 0,01 g e os resultados expressos em (g). Devido ao exocarpo dos frutos se apresentarem em forma de película envolvendo o mesocarpo, foi considerada polpa o conjunto (exocarpo + mesocarpo). O rendimento de polpa (%) foi calculado usando a equação matemática (peso da polpa x 100/peso total dos frutos). O rendimento de endocarpo (%) foi usado o mesmo princípio dessa equação (peso do endocarpo x 100/peso total dos frutos). Os frutos também foram medidos com auxílio de paquímetro digital de precisão 0,01 mm, as medidas consistiam em diâmetro longitudinal e transversal. Os índices de formato dos mesmos foram calculados seguindo metodologia descrita por Farias et al. (2011) que consiste na relação dos valores de diâmetro longitudinal e diâmetro transversal (DL/DT). A polpa dos frutos foi obtida manualmente e caracterizada conforme o Instituto Adolfo Lutz (2008) quanto aos parâmetros físico-químicos de pH, acidez (% ácido cítrico), umidade (%) e sólidos totais (%).

Resultado e discussão

De acordo com os dados que estão expressos na tabela (1), percebe - se que esses valores das características peso total, diâmetro Longitudinal, diâmetro transversal, são inferiores quando comparados com os dados encontrados por Melo et al. (2010) os quais obtiveram resultados médios de 74,26 g; 39,32 mm e 74,16 mm para as características físicas peso total, diâmetro Longitudinal e diâmetro transversal, respectivamente. Quanto ao peso do endocarpo (4,05g) percebe-se que esse valor se apresenta inferior aos encontrados por Monteiro et al. (2011) os quais obtiveram valores situando entre 7,0 a 21,0g. Quantos aos percentuais de endocarpos, peso da polpa (g) e sólidos totais (%) não foram encontrados dados na literatura científica pesquisada. Também em trabalhos com oiti, Sousa et al. (2013) obtiveram valores médios de 0,32%; 4,86 e 72,85% nas análises de acidez, pH e umidade na polpa de oiti. Resultados esses de acidez e umidade superiores e valor de pH inferior quando comparados com os dados da tabela (1). Outra observação de grande relevância, constatada no presente estudo foi que de acordo com o rendimento percentual de polpa, os frutos de oiti foram enquadrados na categoria de rendimento médio, devido apresentar valores médios entre 41 e 60% (CARVALHO E MÜLLER, 2005). Quanto ao índice de formato (1,80) dos frutos estudados, cabe ressaltar que segundo Lopes (1982) caracterizaram em frutos de formato cilíndricos, pois apresentaram índices de formatos superiores a (1,7). Em relação às características físico-químicas, observa - se que os mesmos foram classificados em frutas de baixa acidez, pois segundo Gava, Silva e Frias (2008) alimentos com pH > 4,5, são alimentos pouco ácidos.

Características biométricas e físico-químicas dos frutos de oiti (nativo do bioma cerrado) oriundos do município de Conceição do Araguaia – Pará.


Nota: Fruto de oiti (a); endocarpo de oiti (b); conjunto de endocarpos de oiti (c); conjunto de polpa de oiti (d).

Conclusões

Conclui – se, que os frutos de oiti, nativo do bioma cerrado estudados na presente pesquisa apresentaram ótimos rendimentos de polpa e baixa acidez. Portanto, podendo ser mais uma alternativa para o desenvolvimento de novos produtos alimentícios com sabores exóticos.

Agradecimentos

À UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ (UEPA)

Referências

CARVALHO, J. E. U.; MÜLLER, C. H. Biometria e rendimento percentual de polpa de frutas nativas da Amazônia. Comunicado Técnico 139 (Embrapa Amazônia Oriental), Belém. 3 p. 2005.

FAGUNDES, G. R.; YAMANISHI, O. K. Características físicas e químicas de frutos de mamoeiro do grupo 'solo' comercializados em 4 estabelecimentos de Brasília-DF. Revista Brasileira de Fruticultura, 2001, vol.23, n.3, p. 541-545.

FARIAS, J. F.; ARAÚJO NETO, S. E; ÁLVARES, V. S.; FERRAZ, P. A.; FURTADO, D. T.; SOUZA, M. L. Maturação e determinação do ponto de colheita de frutos de envira-caju. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v. 33, n. 3, p.730-736, Set. 2011. Disponível em:<http://www.scielo.br/pdf/rbf/v33n3/aop010211.pdf>. Acesso em: 26 out. 2015.

GAVA. A. J.; SILVA, C. A. B.; FRIAS, J. R. G. Tecnologia de alimentos: Princípios e aplicações. São Paulo. Nobel. 2008. 301p.

GUEDES, M.N.S. Diversidade de acessos de jabuticabeira Sabará em Diamantina/MG por meio da caracterização biométrica e físico-química dos frutos e fisiológica das sementes. 70p. Dissertação (mestrado em Produção Vegetal) – Faculdade de Ciências Agrárias, Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Diamantina, 2009.

INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Normas analíticas do Instituto Adolfo Lutz: métodos químicos e físicos para análise de alimentos. 4ª Ed. 1ª Ed. digital, São Paulo: Instituto Adolfo Lutz, 2008.

LOPES, J.F. Melhoramento genético (chuchu, melancia, melão e pepino). Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v.8, n.85, p.61-65, 1982.

MELO, P. C. B.; BARROSO, A. P. S.; LIMA, A. M.; SILVA, I. M.; ALMEIDA, E. C. B. Caracterização física e físico-química de frutos do Oiti (Licania Tomentosa) cultivado no vale do São Francisco. 2010. Disponível em: <http://connepi.ifal.edu.br/ocs/index.php/connepi/CONNEPI2010/paper/viewFile/1241/35>. Acesso em: 10 nov. 2015.

MONTEIRO, K. L.; OLIVEIRA, C.; SILVA, B. M. S.; MÔRO, F. V.; CARVALHO, D. A. 2011. Caracterização morfológica de frutos, de sementes e do desenvolvimento pós-seminal de Licania tomentosa (Benth.) Fritsch. Ciência Rural; 42(1):90-97, 2011.

SOUSA, E. P.; SILVA, L. M. M.; SOUSA, F. C.; MARTINS, J. J. A.; GOMES, J. P. Características físicas e físico-química dos frutos de oiti. Revista Tecnologia & Ciência Agropecuária, João Pessoa, v.7, Número Especial, p.39-43, dez. 2013.

SOUTO, P. C.; SALES, F. C. V.; SOUTO, J. S.; SANTOS, R. V.; SOUSA, A. A. Biometria de número Calotropis procera (Ait.) R. Br. no semiárido da Paraíba. Revista Verde, v.3, n.1, p.108 113, 2008.