ISBN 978-85-85905-19-4
Área
Alimentos
Autores
Teixeira, B. (UFPA) ; Dias, A. (UFPA) ; Rogez, H. (UFPA)
Resumo
O maracujá amarelo é o fruto do maracujazeiro (Passiflora edulis), uma planta trepadeira, lenhosa. A semente deste fruto é rica em lipídeos (± 25,0%), fibras dietéticas e piceatannol (3,4', 3',5 trans - trihydroxystilbene), um composto fenólico da classe dos estilbenos, muito associado aos seus potenciais benefícios para a saúde humana, que incluem capacidade antioxidante, anti-inflamatória e at¬ividades antitumorais. Desta forma, o objetivo deste trabalho é otimizar a extração de piceatannol por solução hidroalcoólica em banho-maria através de sua quantificação por HPLC-DAD. Os resultados do método otimizado mostram um extrato alcançando 22,765 mg/g de resíduo seco e desengordurado.
Palavras chaves
Piceatannol; sementes de maracujá; HPLC
Introdução
O maracujá amarelo é um fruto amplamente consumido e produzido no Brasil. Entretanto, no processamento, somente 40% do peso do maracujá é aproveitado, que é a polpa utilizada para a extração do suco; o restante é resíduo orgânico (ITAL, 1994). Resultados mostram que o óleo extraído das sementes de maracujá possui elevado teor de ácidos graxos insaturados (87,54%) (Ferrari et al., 2004). Além disso, nas sementes de maracujá amarelo há a presença de estilbenos como o piceatannol, composto majoritário nesta matriz e que apresenta alta capacidade antioxidante (PIOTROWSKA , 2012). Deste modo, este estudo buscou extrair o piceatannol presente em sementes de maracujá (passiflora edulis) por meio de solução hidroalcoólica(etanol 78.8%), utilizando processo em banho maria, e por fim buscou- se avaliar a aplicabilidade do método usado quantificando o piceatannol extraído por cromatografia liquida.
Material e métodos
A umidade e percentual de lipídeos das sementes do lote recebido foram determinados pelo método 012/IV do Instituto Adolfo Lutz (2005). Depois, o lote foi tratado à 80°C em estufa para secagem até peso constante. Em seguida o lote foi moído e passou por desengorduramento em Soxhlet. Em seguida a granulometria foi padronizada abaixo de 1mm. A otimização da extração de piceatannol a partir do resíduo foi feita através da MSR, através de plano compósito central rotacional para avaliar a influência do efeito que variáveis independentes de extração (isoladas e/ou combinadas) tem sobre as variáveis de resposta, com um planejamento 2^2 correspondendo a 4 corridas do planejamento fatorial em níveis máximos e mínimos, 4 corridas em pontos axiais e mais 3 corridas no ponto central, totalizando 11 corridas experimentais, tendo como variáveis independentes: temperatura (ºC) e tempo de extração (min) e resposta a concentração em mg de piceatannol por grama de semente pré tratada, com planejamento mostrado na tabela 1. As corridas foram realizadas em meio 78,8% EtOH, teor otimizado por Lai et al. (2014), em proporção sólido-líquido de 1:10 (m:v) e pré-tratamento de resíduo a 80ºC, com aquecimento em banho-maria com agitação, e os ensaios foram feitos em tubo de ensaio com tampa rosqueada e septo de teflon. A quantificação do composto foi realizada em HPLC Thermo Scientific série Ultimate 3000 equipado com detector DAD (DAD-3000). A fase móvel usada foi água ultrapura (Solução A) e acetonitrila (Solução B), ambas acidificadas com ácido fórmico (1%), filtradas com membrana de nylon de porosidade 0,22 µm. A coluna utilizada foi uma Kinetex 2,6µ C18 100 x 4,60 mm (Phenomenex).
Resultado e discussão
Para identificação do piceatannol, amostras de extrato das sementes de maracujá
foram eluídas, e o pico cromatográfico do composto de interesse foi identificado a
partir da eluição do composto padrão e comparação dos tempos de retenção e do
espectro por DAD. Com gradiente exploratório variando a concentração de solução B
(acetonitrila acidificada com ácido fórmico 1%) de 10% a 100% em 33 min, sendo 0-3
min, 10% de B; 3-10 min, 10% a 20% de B; 10-20 min, 20% a 35% de B, 20-25 min, 35% a
100% de B; 25-28 min, 100% de B; 28-28,5 min, 100% a 10% de B; 28,5-33 min, 10% de
B. Foram eluídos nesse método exploratório o padrão de piceatannol e o extrato das
sementes de maracujá. A partir de amostras do padrão em diferentes concentrações
construiu-se a curva de calibração.
A otimização do processo de extração foi avaliada por “Função de Desejabilidade”. O
item a, da figura 2, sumariza a programação estabelecida no software Statistica.TM
7.0 para a entrada dos valores numéricos necessários à otimização da extração de
piceatannol. São especificados os valores numéricos para o limite mínimo (LI), o
valor mediano (M) e o limite superior (LS) que determinam a importância da função
para encontrar o valor médio desejado.
A condição ótima para a concentração máxima de piceatannol, dentro do domínio
experimental avaliado, corresponde a 24,507 mg/g de resíduo seco e desengordurado,
com um desvio médio de ± 5 mg( figura 2, item b), em temperatura de 96,4ºC e tempo
de 120,4 min. Com o intuito de verificar a validade do modelo, efetuou-se uma
extração em triplicata sob estas condições, obtendo um valor médio de 22,765 ±
0,0935mg/g de resíduo seco e desengordurado, dentro do esperado, confirmando a
previsibilidade do modelo e a viabilidade deste para quantificar o piceata
No item a, estão representadas as variáveis originais e codificadas e no item b as corridas experimentais aleatórias.
No item a, tem-se os parâmetros utilizados na otimização de respostas do processo, e em b perfis para os valores preditos e a função da desejabilidade
Conclusões
Os resultados em mg/g de piceatannol perante o processo mostram que o aproveitamento da fração de sementes para estudos de extração de compostos como o piceatannol é uma forma de uso de resíduos industriais pode ser para diminuição do desperdício e acúmulo de lixo orgânico. Tendo em vista as propriedades nutricionais e biológicas dos resíduos gerados pela agroindústria, podendo ser uma nova forma de gerar lucros, pelo beneficiamento de compostos fenólicos, além de redução residual.
Agradecimentos
Agradecemos a Cooperativa Agrícola Mista de Tome-Açu (CAMTA) por conceder as amostras de sementes de Passiflora edulis, ao Fundo da Amazônia e ao CNPq.
Referências
PIOTROWSKA H., KUCINSKA M., MURIAS M. Biological activity of piceatannol: Leaving the shadow of resveratrol. Mutation Research v. 750, p. 60–82, 2012
Lai T. et al. Piceatannol, a potent bioactive stilbene, as major phenolic component in Rhodomyrtus tomentosa. Food Chemistry 138 p.1421–1430, 2014.
ITAL. Instituto de Tecnologia de Alimentos. Maracujá: cultura, matéria-prima, processamento e aspectos econômicos. Campinas, 1994.
FERRARI, R. A.; COLUSSI, F.; AYUB, R. A. Caracterização de subprodutos de industrialização do maracujá-Aproveitamento das sementes. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v.26, n.1, p.101-102, 2004.
INSTITUTO ADOLFO LUTZ (São Paulo). Métodos físico-químicos para análise de alimentos/coordenadores Odair Zenebon, NeusSadoccoPascuet e Paulo Tiglea - São Paulo:Instituto Adolfo Lutz, 2008 p. 1020 IV edição 2005 versão eletrônica 1. Análise de alimentos 2. Alimentos / métodos 3. Serviços laboratoriais de saúde pública.