ISBN 978-85-85905-19-4
Área
Alimentos
Autores
Lennon Lameira Silva, O. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ) ; do Socorro Conceição de Lima Nunes, E. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ) ; Barbosa Iguchi, Y. (UNIVERSIDADE FEREAL DO PARÁ) ; Damasceno Pinto, M. (INSTITUTO FEDERAL DO PARÁ) ; Regina Sarkis Peixoto Joele, M. (INSTITUTO FEDERAL DO PARÁ)
Resumo
A ostra é o principal organismo da produção aquícola mundial, e o Brasil é o maior produtor da América Latina. O estado do Pará vem avançando nesta atividade e o consumo de ostras tem aumentado nos últimos anos, talvez devido as suas potencialidades nutritivas. Objetivou-se avaliar a composição físico-química de ostras cultivadas no Pará, através da composição centesimal, pH, atividade de água e cor instrumental. Os valores nutricionais foram compatíveis para ostras, exceto para lipídios. E umidade e atividade de água elevados caracterizaram esse pescado como muito perecível. Assim foi possível observar que as ostras apresentaram vaslores nutricionais bons. E foi considerada perecível, devido os elevados teores de Aw encontrados. Em relação a cor, apresentou-se compatível para a espécie.
Palavras chaves
Amazônia; Composição centesimal; Pescado
Introdução
A ostra Crassostrea gigas é o principal organismo da produção aquícola mundial. Na América Latina, o Brasil destaca-se como o principal produtor de ostras e outros frutos do mar. Estima-se que 97% da ostra consumida no país seja proveniente de fazendas de cultivo (FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION, 2007). No estado do Pará, a ostreicultura configura-se como um ramo da aqüicultura que vem se destacando como um agronegócio viável, o que contribui para o desenvolvimento das comunidades de pescadores artesanais. A espécie de ostra encontrada no estado do Pará é a Crassostrea gasar, e nesta região do norte do país são encontradas comunidades de produtores que participam da atividade há mais de 10 anos, especificamente nos municípios de Maracanã, Augusto Corrêa, Salinópolis, Curuçá e São Caetano de Odivelas (SEDAP, 2015). Com relação a inserção de pescado na alimentação da maioria da população brasileira, o consumo deste alimento de origem animal ainda é considerado relativamente baixo. Tal situação poderia ser diferente, pois o pescado é considerado um alimento de alta digestibilidade e com um excelente valor nutritivo; e especificamente as ostras, o consumo é considerado reduzido (TRAMONTE et al., 2005). As ostras ainda contêm na sua composição ácidos graxos essenciais, como ômega 3 e ômega 6, fundamentais na proteção contra doenças cardiovasculares. Tal como todos os mariscos, também as ostras apresentam um teor de colesterol elevado (MEDEIROS, 2001, LINEHAN et al., 1999; TANAKA et al., 2003; NOGUEIRA, 2015). Sendo assim, o presente trabalho objetivou avaliar as características físico-químicas de ostras cultivadas no município de Augusto Correa no estado do Pará.
Material e métodos
As amostras de ostras foram coletadas no mês de junho de 2016 no cultivo pertencente a Associação Agropesqueira de Nova Olinda, município de Augusto Corrêa, estado do Pará. As ostras foram obtidas em três pontos do cultivo, através de coletas manuais e armazenadas em recipientes térmicos. Em seguida foram transportadas para o Laboratório de Nutrição Animal, do Instituto de Medicina Veterinária, da Universidade Federal do Pará, Campus Castanhal. No laboratório, as ostras foram desconchadas, sendo a parte comestível separada, trituradas e maceras em gral com pistilo, para a realização das análises laboratoriais. As análises físico-químicas (umidade, cinzas, lipídios, proteínas, carboidratos) foram realizadas em triplicata, e seguiram os métodos analíticos oficiais para controle de produtos de origem animal e seus .ingredientes, contidos nos Métodos Físicos e Químicos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (BRASIL, 1981). O pH foi avaliado em phgametro digital marca Tecnal modelo Tec-5, a análise de cor instrumental foi realizada em equipamento Colorímetro MINOLTA, modelo CR 400, representando o espaço de cor CIALAB, obtendo-se o parâmetro L* (Luminosidade) e as coordenadas de cromátide a* (intensidades de cores vermelho e verde) e b* (intensidade de cores amarelo e azul). E a análise de atividade de água foi realizada em Termo Higrômetro digital AQUALAB 4TE da Decagon, na temperatura de 25°C ±0,5. Os resultados foram avaliados através de estatística descritiva, em programa Excel.
Resultado e discussão
Ao avaliar os resultados da
caracterização físico-química das
ostras pode-se observar que as três
amostras de ostras apresentaram uma
média de 76,61% para umidade. Esse
percentual de umidade é considerado
normal entre os pescados, segundo
Ogawa; Maia (1999).
Com relação aos resíduos
minerais fixos a média entre as três
amostras analisadas foi de 4,48%. Em
estudo realizado por Cruz-Romero et
al. (2007) em ostras, o teor de cinzas
encontrado foi de 0,90%, resultado
inferior aos encontrados na presente
pesquisa.
Ao analisar os lipídios foi
possível observar que as ostras dos
diferentes pontos de coleta
apresentaram valores próximos, com
média de 7,46%, resultados diferentes
dos encontrados por Silva (2014), que
determinaram 3,34%.
Ao se tratar do teor de
proteínas foi observada variações
entre as amostras de ostras analisadas
5,11%, 6,05% e 8,21%. Diferentes
também dos valores encontrados por
Pedroso; Cazzolino (2001) que foi de
14% para ostras cultivadas no
nordeste.
Com relação ao percentual de
carboidratos foi possível observar que
a média entre as três amostras
analisadas foi de 4,99%. Bem próximas
ao valor obtido por Caetano et al.
(2009) que foi de 5,28%.
Ao analisar o pH, a média das
três amostras avaliadas foi entorno de
6,14. Silva (2005) descreveu que o pH
de ostras geralmente varia de 4,8 à
6,3.
Os valores de Aw das três
amostras de ostras analisadas na
presente pesquisa foram iguais 0.98,
semelhantes também ao valor de Aw
obtido por Cruz-Romero et al. (2007)
que foi de 0,98. Esses valores segundo
Franco e Landgraf (2003) são um
indicador de que o alimento é
altamente perecível.
Com relação a cor instrumental o
resultados da presente pesquisa
mostraram L tendendo para branco, (a)
para verde e (b) para amarelo,
semelhante aos resultados de SILVA
(2014).
Na Tabela 1 estão apresentados os resultados da caracterização físico-química de ostras cultivadas na comunidade de Nova Olinda.
Conclusões
A partir da presente pesquisa foi possível observar com os valores da composição físico-química que as ostras analisadas apresentam excelentes condições nutricionais. No entanto o elevado valor de umidade e Aw, tornam o alimento altamente propício para o desenvolvimento de microrganismos, o que condiciona sua conservação sob refrigeração e seu consumo cozido. Em relação a cor, o comportamento foi dentro de esperado, semelhante as pesquisas já desenvolvidas com ostras na mesma localidade de cultivo por Silva (2014).
Agradecimentos
A Universidade Federal do Pará, Campus Castanhal Ao Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Pará, Campus Castanhal.
Referências
BRASIL, Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento. Métodos análiticos oficiais para controle de produtos de origem animal e seus ingredientes - II Métodos físicos e químicos. LANARA, Brasília-DF, 1981.
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