PADRÃO FÍSICO-QUÍMICO DO MEL DE Apis sp. PRODUZIDO EM COLMEIAS LOCALIZADAS EM MANGUEZAIS

ISBN 978-85-85905-19-4

Área

Alimentos

Autores

Gomes, P.W.P. (UFPA) ; Souza, R.F. (UEPA) ; Muribeca, A.J.B. (UEPA) ; Malato, B.V. (UEPA) ; Alves, A.P.C. (UEPA) ; Gomes, P.W.P. (UEPA) ; Câmara, D.S.S. (UEPA) ; Reis, J.D.E. (UEPA)

Resumo

O mel de abelha é um produto natural que possui em sua composição cerca de 75% de glicídios. O presente trabalho teve por objetivo traçar um perfil físico-químico do mel de abelhas do gênero Apis sp. que possuem colmeias em área de várzea denominada de manguezal. Para isso, fez-se estudo da umidade, cor, pH, acidez livre e resíduos minerais fixos (cinzas) em 06 amostras de mel, posteriormente, traçou-se um perfil padrão para méis de manguezal. Os resultados obtidos apontam que mel de manguezal apresenta uma particularidade significativa e relevante em seus parâmetros físico-químicos quando comparados a méis de florestas primárias, sendo ainda um estudo inédito, nunca estabelecido na literatura nacional e internacional.

Palavras chaves

Manguezal; Mel de abelha; Apis sp.

Introdução

O mel é um alimento de sabor doce produzido pelas abelhas, é constituído de aproximadamente 75% de hidratos de carbono, chamados de açúcares simples (glicose e frutose). Atualmente vem se tornando um importante auxiliador na alimentação humana, devido suas atividades bioativas como anti-inflamatória, cicatrizante e antioxidante. O mel produzido pelas abelhas no manguezal possui características particulares e diferenciadas do mel ordinário de floresta primária, logo é influenciado pelas propriedades do solo que envia nutrientes para as plantas onde são coletados os néctares das flores. O manguezal é um ecossistema costeiro que ocorre na transição entre a terra e o mar em regiões tropicais e subtropicais do mundo, ocupando ambientes inundados por marés, tais como: estuários, lagoas costeiras, baías e deltas. Esses ambientes são caracterizados, não obrigatoriamente, pela mistura entre as águas doce e salgada. As plantas que compõem o manguezal e dominam a paisagem desse ecossistema são os mangues. Logo este trabalho teve por objetivo traçar um perfil físico-químico não descrito anteriormente na literatura para méis de origem manguezal produzidos por abelhas do gênero Apis sp. nos municípios de Soure e Salvaterra, localizados no arquipélago do Marajó.

Material e métodos

Coletou-se aproximadamente 200g de mel de cada amostra e posteriormente foram armazenados em recipientes esterilizados. Ressalta-se que todas as análises foram realizadas em triplicata, atendendo os protocolos científicos. Para a determinação de umidade fez-se adaptação do método refratométrico de Chataway, revisado por Wedmore, onde utiliza a medida de índice de refração da amostra para ser convertida em porcentagem de umidade. As determinações de cor para os ensaios foram realizadas de acordo com o método descrito por Bianchi (1981), onde usa-se uma solução de água e mel 1:1 (m/v), após a diluição a mesma manteve-se em repouso durante 15 minutos, posteriormente fez-se a leitura à 635nm no espectrofotômetro (Bel Protonics-v-M5®). Bogdanov; Martin; Lüllmann (1997). O pH foi determinado com auxílio de um pHmetrô da marca (NOVA-instruments®), previamente calibrado. A acidez livre foi determinada de acordo com o método nº 962.19 da AOAC (1995), cujo é recomendado pelo Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade do Mel (BRASIL, 2000). Os resíduos minerais fixos (cinzas) nas amostras de méis foram determinados com auxílio de um forno mufla (Zezimaq®), princípio baseado na calcinação de toda matéria orgânica em temperatura elevada. Fez-se desidratação dos cadinhos de porcelana em estufa à 105ºC (1 h) até atingir peso constante, posteriormente incinerou-se uma massa aproximadamente de 5g de mel em chapa aquecedora e levou ao forno mufla à 550ºC por 5 horas utilizando programação linear de 2 ºC/min (AOAC Método Oficial nº 920.181, 1995).

Resultado e discussão

Os valores (média ± desvio padrão) encontrados para os parâmetros físico-químicos analisados 06 amostras estão descritas na tabela 1, onde estabelece um padrão médio para os parâmetros analisados. Ressalta-se que não existe legislação, nem literaturas para méis de colmeias localizadas em manguezais, porém comparou-se os resultados aqui obtidos com os valores destacados na tabela 1 para méis de floresta primária, estudados por (SANTOS et al, 2009) e (RODRIGUES et al, 2005). Através dos resultados físico-químicos descritos, traçou-se um perfil padrão para méis de mangue que está expresso na figura 01. A percentagem de umidade variou de 19,41 a 22,10% (média de 20,38%), com base nestes resultados verifica-se que o mel de manguezal apresenta um teor considerável de água, este pode ser influenciado pelo ambiente de que se trata, devido ser costeiro, caracterizado pela significativa presença de água aumentando a umidade relativa. Para pH obteve-se variância de 3,44 a 4,03 (média de 3,71), já acidez variou de 13,95 a 28,30 (média de 21,04). Através dos resultados para pH e Acidez, é notório que a amostra M05 e M06 são mais acidificadas que as demais, já a amostra M01 apresenta maior alcalinidade quando comparada com o quantitativo estudado, logo é viável afirmar que o parâmetro pH é importante auxiliar na confirmação da acidez e alcalinidade das amostras, estes que apresentam uma forte correlação entre si. As cinzas caracterizaram-se pelo quantitativo de minerais (matéria inorgânica) presente no mel, apresentando variação de 0,25 a 0,46% (média de 0,368%), sendo valores são consideráveis regulares. Por fim obteve-se uma variação de cor desde o branco-água até o branco na escala Pfund, logo destaca-se a predominância das cores claras em todos os méis estudados.

Figura 1

Padrão médio para os parâmetros físico-químicos das 06 amostras de méis analisadas.

Tabela 1

Parâmetros físico-químicos (amédia ± bdesvio padrão) das 06 amostras de méis produzidos em colmeias localizadas em manguezais.

Conclusões

Os resultados obtidos apontam que mel de manguezal apresenta uma particularidade significativa e relevante em seus parâmetros físico-químicos quando comparados a méis de florestas primárias, já que os níveis de pH, Acidez e Cinzas observados, contribuem para uma maior durabilidade do mel, frente ao desenvolvimento de microrganismos e processos oxidantes, mantendo desta forma seu padrão de qualidade para a comercialização, logo chama-se atenção para o padrão estatístico estabelecido neste trabalho, sendo este nunca estabelecido na literatura nacional e internacional.

Agradecimentos

Referências

AOAC. Sugar and sugar products. Official Methods of Analysis. Arlington, VA, USA, p.44.20, 1995.

BRASIL. Ministério da Agricultura. Instrução normativa nº 11, de 20 de outubro de 2000. Estabelece o regulamento técnico de identidade e qualidade do mel. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 23 out. Seção 1, p.16-17, 2000.

BIANCHI, E. M. La miel, características y composición: Análisis y Adulteraciones. Santiago del Estero: UNSE – CEDIA, 1981.

BOGDANOV, S; MARTIN, P. LÜLLMANN, C. Harminised methods of the European Honey Comission. Apidologie, Paris, Extra Issue, p. 1-59, 1997.

RODRIGUES, A.E.; SILVA, E.S.S.; BESERRA, E.M.F.; RODRIGUES, M.L. Análise físico-química dos méis das abelhas Apis mellifera e Melipona scutellaris produzidos em duas regiões no Estado da Paraíba, 2005. Ciência Rural, 35, 1166-1171.

SANTOS, D.C.; NETO, L.G.M.; MARTINS, J.N.; SILVA, K.F.N.L. Avaliação da qualidade físico-química de amostras de méis comercializadas na região do Vale do Jaguaribe-CE, 2009. Revista Verde, 4, 21-26.

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