APLICAÇÃO DA TÉCNICA MULTIVARIADA PCA E HCA EM DADOS FÍSICOS E QUÍMICOS DE MÉIS PRODUZIDOS EM SOURE E SALVATERRA, MARAJÓ, PA.

ISBN 978-85-85905-19-4

Área

Alimentos

Autores

Gomes, P.W.P. (UFPA) ; Souza, R.F. (UEPA)

Resumo

A técnica multivariada é um dos métodos estatísticos mais empregado quando são feitas várias medições de cada indivíduo ou objeto de uma ou mais amostras, desta forma apresentando um alto grau de compressão, correlação e similaridade. O presente trabalho teve por objetivo traçar um perfil padrão para o mel comercializado no Marajó, através da técnica multivariada PCA e HCA para explicar resultados físico-químicos de 29 amostras de mel de abelhas dos gêneros Apis sp. e Melipona sp.. Através da técnica obteve-se uma explicação clara e objetiva da correlação e variância das amostras quando submetidas ao agrupamento com indivíduos de características similares entre si, portanto, abelhas do gênero Apis sp. se mostraram dominantes quando comparadas ao gênero Melipona sp.

Palavras chaves

Anáslise multivariada; Mel de abelha; Marajó

Introdução

A técnica de (PCA) Main component analysis, é um dos métodos mais comuns empregados na análise de informações, sendo principalmente utilizada pela sua capacidade de compreensão dos dados em função da existência de correlação entre diversas variáveis medidas (SOUZA, 2010). A análise de componentes principais é associada à idéia de redução de massa de dados, com menor perda possível da informação. A análise de agrupamentos (HCA), também conhecida como análise de conglomerados, classificação ou cluster, tem como objetivo dividir os elementos da amostra, ou população, em grupos de forma que os elementos pertencentes a um mesmo grupo sejam similares entre si com respeito ás variáveis (características) que neles foram medidas, e os elementos em grupos diferentes sejam heterogêneos em relação a estas mesmas características (MINGOTI, 2013). A técnica multivariada é de grande valia em caráter cientifico, sendo usada para dar uma eficaz e precisa explicação quando se trabalha com elementos e variáveis. Diante do exposto, este trabalho teve por objetivo traçar um perfil estatístico utilizando a técnica com agrupamentos e correlações entre parâmetros e variáveis, estabelecendo um padrão para os principais fatores que influenciam na qualidade do mel.

Material e métodos

Foram analisadas 29 amostras de mel de abelha dos gêneros Apis sp. e Melipona sp. provenientes dos municípios Soure e Salvaterra, localizados no arquipélago do Marajó, estado do Pará. Os parâmetros físico-químicos estudados foram: Açúcares Redutores, Frutose, Cinzas, pH, Acidez, Umidade, Atividade diastásica e Sólidos Insolúveis em água. Ressalta-se que as metodologias de quantificação destes parâmetros seguiram recomendações da AOAC (1997), e Ministério da Agricultura e do Abastecimento (BRASIL, 2000). Para avaliação dos dados obtidos, utilizou-se a estatística multivariada, empregada a análise de Componentes Principais (PCA) e Análise de Agrupamento (HCA), utilizando os softwares MINITAB 17 e STATISTICA.

Resultado e discussão

A aplicação do estudo multivariado proporcionou uma explicação clara e objetiva da correlação e variância das amostras quando submetidas ao agrupamento com indivíduos de características similares entre si. Nota-se que a componente principal 1 explica 40,61% da variância total dos dados obtidos, a CP2 19,45% e a terceira componente principal 16,72%. A somatória das CP1, CP2 e CP3 correspondem a 76,78% do valor total de variação. Modesto Jr et al, (2014), ao aplicar esta técnica em dados físico-químicos encontrou uma estimativa de variância total dos dados, 49,1% para CP1, 34,1% CP2 e a terceira CP3 11,8%. Souza et al, (2013) ao analisar méis de são miguel do guamá – PA, encontrou para a CP1 55,3% da variância total dos dados, a CP2 17,8% e a CP3 11,5%, logo, os valores encontrados neste trabalho, são proporcionais aos já descritos anteriormente na literatura. De acordo com a análise do gráfico de scores descrito na figura 1, nota-se que a CP1 é a principal responsável por separar os dois maiores agrupamentos entre as amostras, sendo o grupo I (A1, A2, A4, A6, A7, M8, A9, A10, M11, A12, A14 e A26) e grupo II (M3, A17, A18, A19, A21, A23 e A27). A CP2 separa os dois menores grupos, III (A5, A16, M20, M22 e A29) e IV (M13, A15, M24, M25 e M28). Através dos resultados, é perceptível a predominância de abelhas do gênero Apis sp. (abelhas com ferrão) no grupo I e grupo II, logo o caráter dominante das Apis sp. se deve ao fato que este gênero frequenta o mesmo ambiente floral e mesmas espécies vegetais para coletar os nectas das flores, este que influencia diretamente nos parâmetros físico-químicos do mel produzindo na região do Marajó. Com base no dendograma, figura 2, destaca-se que os grupos I, II e III apresentam um alto grau de similaridade, sendo estes dominados pelas abelhas do gênero Apis sp., porém destaca-se ainda que no menor grupo (IV) a predominância é de abelhas do gênero Melipona sp., logo o intuito através destes agrupamentos se refere ao fato de observar o grau de semelhança nas amostras de mel, e ainda detectar a diferenciação destas, traçando um perfil amostral para méis produzidos por abelhas com e sem ferrão.

Figura 1

Gráfico dos scores para as (29 amostras de mel de Salvaterra e Soure).

Figura 2

Dendograma utilizando a similaridade das 29 amostras de méis e os 8 parâmetros físico- químicos.

Conclusões

A técnica multivariada empregada proporcionou o agrupamento das amostras e seus parâmetros analisados através de suas características semelhanças entre si, resultando em quatro grupos sendo que as abelhas do gênero Apis sp., são totalmente dominantes em relação as abelhas do gênero Melipona sp., devido à alta defensibilidade e um significativo potencial de produção de mel, sendo este gênero o mais cultivado pelos criadores de abelhas da região do Marajó, pois ainda são raros os meliponicultores com alta produção do mel de abelhas sem ferrão (Melipona sp.)

Agradecimentos

Referências

AOAC - Association of Official Analytical Chemists. Official methods of analysis. Washington, 1997, 1170p.
BRASIL. Instrução Normativa nº 11, de 20 de outubro de 2000. Estabelece o regulamento técnico de identidade e qualidade do mel. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, 23 out. 2000. Seção 1, p.16-17.
MINGOTI, S. A.; Análise de dados através de métodos de estatística multivariada: uma abordagem aplicada. Belo Horizonte: Editora UFMG. P. 297, 2013.
MODESTO JUNIOR, E. N.; GOMES, P. W. P.; MURIBECA, A. J. B.; ASSIS, R. N.; SOUZA, R. F. Perfil sensorial e de qualidade do mel comercializado no município de Salvaterra – Ilha do Marajó – Pará. Enciclopédia Biosfera, v. 10, n. 19, p. 1448-57, 2014.
SOUZA, R.F.; SOUZA, S.D.; GOMES, P.W.P.; BARBOSA, W.C. Discriminação das amostras de mel de abelhas utilizando análise multivariada (AHA E ACP) em dados físico-químicos. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE QUÍMICA, 53., Anais... Rio de Janeiro: 2013. Disponivel em: http://www.abq.org.br/cbq/2013/trabalhos/10/2849-16617.html, acessado em 25 de junho de 2016.
SOUZA, R. F. Parâmetros físico-químicos, bioquímicos e microbiológicos como descritores de qualidade e discriminação dos méis do Estado do Pará. 2010. 121f. Dissertação (Mestrado em Química) – Programa de Pós-graduação em Química, Universidade Federal do Pará, Belém, 2010.

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