Confecção de modelos moleculares a partir de sementes de tucumã (Astrocaryum Aculeatum): alternativa para o estudo das funções orgânicas

Resumo

Este trabalho foi desenvolvido na Escola Estadual Senador João Bosco, com os alunos do 3º ano do ensino médio e envolveu bolsistas, coordenadores e supervisores do Pibid do curso de química. Para a realização dessa experiência os alunos fabricaram modelos moleculares orgânicos com sementes de tucumã (Astrocaryum Aculeatum) fruto da região amazônica, que foi utilizado como material didático alternativo, com o objetivo de facilitar a assimilação do estudo das funções orgânicas. Os tucumãs foram coletados, separados, furados e pintados de cores diferentes para haver a identificação das diversas moléculas. Os resultados obtidos com a utilização desses modelos mostraram-se satisfatório, pois, incentivou a participação e interação dos alunos nas aulas.

Palavras chaves

Modelos moleculares; Funções Orgânicas ; Sementes de tucumã

Introdução

Amazônia é uma região que apresenta uma variedade de frutos, dentre essas espécies frutíferas se destaca o tucumã Astrocaryum aculeatum, que faz parte do cardápio da população amazônica por apresentar um sabor muito diversificado. O fruto é comercializado in natura em pontos estratégicos onde pode ser encontrado durante todo o ano (COSTA, et al., 2005). De acordo com Alcântara (2008), é necessário que se direcione um novo olhar para a região, e ações envolvendo a educação é o viés para potencializar a sustentabilidade da floresta Amazônica. As pesquisas envolvendo frutos da região amazônica vêm crescendo e contribuindo para a geração de renda da população, um exemplo é o uso das sementes de tucumã na confecção de artesanatos produzidos na região, como anéis, brincos, cordões e entre outros, pois, é uma alternativa barata devido ser encontrado em abundância na floresta. Porém, a semente não é um recurso comum de ser utilizado como material didático no contexto escolar. Nesse aspecto, se desenvolveu modelos moleculares de estruturas orgânicas utilizando materiais alternativos da região as sementes de tucumã, com o intuito de desenvolver habilidades manuais e criativas e despertar o interesse dos alunos para o estudo das funções orgânicas, que de acordo com Souza e Silva (2012), o ensino de Química Orgânica consiste na transmissão-recepção de conhecimentos que, muitas vezes, não são compreendidas.

Material e métodos

Este trabalho foi desenvolvido com um grupo de alunos do 3º ano do ensino médio, e envolveu 4 acadêmicos do Curso de Química pertencente ao Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência (PIBID); O trabalho foi realizado em três etapas, sendo que na primeira foi ministrada uma aula expositiva e dialogada sobre o conteúdo funções orgânicas apresentando os grupos funcionais e seus critérios de nomenclatura conforme as regras da IUPAC. Em um segundo momento foi apresentado aos alunos kit com modelos moleculares para que os alunos visualizassem as estruturas orgânicas. E na terceira etapa a professora junto com o grupo de alunos construíram as estruturas dos compostos orgânicos com as sementes de tucumã. Para a montagem dos modelos moleculares de estruturas orgânicas, utilizaram-se sementes de tucumã (Astrocaryum Aculeatum) que foram coletados e selecionados por tamanho, arame (raio de bicicleta), lixa de madeira, furadeira, tintas de diversas cores e estilete. Inicialmente, foi necessário fazer pequenos furos nas sementes de tucumã com o auxílio da furadeira e depois para que a superfície ficasse de forma esférica utilizou-se uma folha de lixa para madeira. Para a representação das ligações simples, duplas e triplas utilizou-se arame (raio de bicicleta) que foram cortados em pedaços de 10 cm com alicate de pressão e colocados nos furos feito com a furadeira. Para representa os elementos químicos foram confeccionados esferas de diferentes cores. As sementes pintadas de branco Hidrogênio (H), de vermelho Oxigênio (O), de preto Carbono (C) e de verde Cloro (Cl).

Resultado e discussão

A partir das sementes de tucumã Astrocaryum Aculeatum fruta amazônica muito consumida na região norte, foi possível confeccionar vários compostos orgânicos com o intuito de estimular o estudo dos frutos amazônicos em sala de aula relacionando-o com os conteúdos abordados. No início das atividades os alunos apresentaram certa dificuldade em manipular os modelos moleculares, isso revela a necessidade dos professores utilizarem novas estratégias de ensino em sala de aula. Entretanto, durante a construção dos modelos os alunos expuseram grande interesse e participaram ativamente dessa estratégia de ensino. Segundo Fernandes et al. (2011) a elaboração de modelos moleculares alternativos possibilita ao docente o desenvolvimento de aulas mais atraentes e ao discente a facilidade no entendimento dos conteúdos abordados devido a visualização tridimensional das moléculas, resultando assim em uma aprendizagem significativa. Para Rosa e Rossi, 2008, buscar por novas metodologias para motivar o ensino da química é muito desafiador para o professor, porém o docente deve procurar meios para que o aluno aprimore seus conhecimentos. Por meio da observação dos modelos de compostos orgânicos confeccionados com semente de tucumã possibilitou aos alunos uma forma de conhecer a Química Orgânica de maneira diferente, utilizando os próprios elementos da natureza, ao quais os alunos estão familiarizados. Com isso, os discentes puderam classificar os tipos dos átomos de carbonos presentes nas cadeias carbônicas, além de fazer melhor compreensão dos tipos de ligações entre os átomos e dos ângulos formados entre eles.

Conclusões

A experiência mostrou a importância de utilizar modelos moleculares construído com sementes de tucumã, como ferramenta auxiliar e complementar para o processo de aprendizagem no Ensino de Química. Ao utilizar esse recurso didático nas aulas de química do terceiro ano do ensino médio, observou que os alunos desenvolveram habilidades manuais na montagem dos modelos, e contribuir para uma aprendizagem mais significativa do estudo das funções orgânicas, tornando as aulas de química mais dinâmica e atrativa aumentando assim o estímulo dos alunos.

Agradecimentos

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES; Ao Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência (PIBID); Ao Gestor e alunos da Escola E

Referências

ALCÂNTARA. Maria Inez Pereira de. Elementos da floresta e ensino de ciências na Amazônia: Proposta Metodológica para ensinar Ciências na área Rural Amazônica. Dissertação de Mestrado apresentado na Universidade do Estado do Amazonas em 2008.
COSTA, J.R. da; VAN LEEUWEN, J.; COSTA, J. A. Tucumã-do-Amazonas, Astrocaryum tucuma Martius. In: SHANLEY, P, O.; MADINA, G. (Ed.). Frutíferas e plantas úteis na vida amazônica. Belém: CIFOR, Imazon, 2005.
FERNANDES, A. P. S. et al. Modelos moleculares para o ensino de química utilizando materiais alternativos: serragem e biscuit. In: Congresso de Pesquisa e Inovação da Redenorte e Nordeste de Educação Tecnológica, 6., 2011, Natal.
ROSA, M.I.P. e ROSSI, A.V. Educação Química no Brasil: memórias, políticas e tendências. Campinas: Átomo, 2008.

SOUZA. H. Y. S; SILVA. C. K. O. Dados Orgânicos: um jogo didático no ensino de química. Holos Ano 28, Vol 3, 2012.

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