ANALISE DO RENDIMENTO DA TRIMIRISTINA EXTRAÍDA A PARTIR DA NOZ-MOSCADA (Myristica Fragans) UTILIZANDO OS SOLVENTES ORGÂNICOS ÉTER ETÍLICO E ACETONA.

ISBN 978-85-85905-19-4

Área

Química Orgânica

Autores

Aragão, C.G.G. (UEPA) ; Martins, V.C.C. (UEPA) ; Reis, A.S. (UEPA) ; Santiago, J.C.C. (UEPA) ; Silva, E.S. (UEPA)

Resumo

A noz-moscada (Myristica fragrans) é uma semente da Índia Oriental, sendo o constituinte majoritário a trimiristina, um triglicerídeo. O isolamento dessa substância é possível com a técnica de extração sólido-líquido usando solventes orgânicos, pois a trimiristina sendo um lipídio, possui cadeias apolares que favorecem sua solubilidade em solventes apolares e voláteis. Neste trabalho, objetivou-se analisar o rendimento da trimiristina utilizando os solventes éter etílico e acetona, avaliando a metodologia empregada, além de obter a cristalização dos triacetilgliceróis. O rendimento da extração foi 5,76% para uma amostra de 5 gramas de noz-moscada.

Palavras chaves

produtos naturais; extração por solvente; rendimento

Introdução

Noz-moscada é uma das especiarias obtidas do fruto da moscadeira proveniente do gênero Myristica, sendo esta a semente. A moscadeira é uma planta da família das Myristicaceae e sua composição possui muitos outros compostos como azotados, gordura, óleos essenciais, amido e celulose (OLIVEIRA, 2007). É empregada como condimento na alimentação, além de ser utilizada na indústria de perfumaria, cosméticos e médica, na forma de nanopartículas carregadoras de fármacos lipofílicos no organismo, além de possuir considerável função antioxidante (PETERSEN et al, 2010). Um dos componentes da noz-moscada, é um triacilglicerol, chamado de trimiristina, que ao sofrer hidrolise produz o ácido mirístico (C13H27CO2H). A trimiristina está contida no óleo da noz-moscada, sendo a massa de óleo cerca de 20% a 40% da semente e a massa de trimiristina aproximadamente 73% da massa de óleo, ocorrendo a fusão da trimiristina em temperatura de 54°C a 55°C (LOPES et al, 2011). Devido a baixa solubilidade em água, a trimiristina não pode ser extraída por este solvente, e também não é volátil para ser extraída por arraste a vapor. O método mais adequado é o da extração sólido-líquido, utilizando um sistema de refluxo, sendo o éter etílico o solvente orgânico apolar utilizado no trabalho. Sabendo que a eficiência do processo depende da solubilidade do composto desejado no solvente de extração, do volume do solvente, do número de vezes que esse processo é repetido e do grau de pulverização da amostra (SOLOMONS et al, 2011), objetivou-se analisar o rendimento da extração a partir dos métodos aplicados, calculando a porcentagem em massa do produto obtido em relação à matéria-prima, além de obter a cristalização dos triacetilgliceróis.

Material e métodos

As sementes de noz-moscada foram adquiridas no mercado local e trituradas usando um ralador de cozinha comum. No balão volumétrico adicionou-se 5,0g de noz-moscada e 15 ml de éter-etílico a 99,5%. Em seguida a solução foi acoplada à um condensador de refluxo e aquecida com uma manta térmica a uma temperatura de aproximadamente 55°C. Após 15 minutos sob refluxo, a suspensão sofreu filtração e 2,2 ml do extrato líquido foi transferido para um béquer e armazenado na capela para evaporar o solvente. Posteriormente, o béquer que continha o extrato seco foi colocado na manta térmica à 40°C, onde foi adicionado 10 ml de acetona, agitando-o constantemente com o auxílio de um bastão de vidro e colocado na geladeira (-10°C) para cristalizar a trimiristina. A solução foi retirada da geladeira e despejada no papel filtro que estava previamente molhado com acetona e filtrou-se, uma vez que a trimiristina já havia se solidificado. O processo foi realizado na capela para que os cristais ficassem retidos no filtro e a acetona evaporasse.

Resultado e discussão

Para o processo de extração foi utilizado o éter etílico em virtude da trimiristina ser um lipídio com longas cadeias apolares, sendo melhor solubilizada em solventes apolares como o éter etílico (C2H5)2O, que possui um baixo ponto de fusão (34,6°C), portanto entra em estado de vapor muito rápido e tem a capacidade de solubilizar compostos orgânicos apolares, ou seja, cerca de 30-55% da semente é constituída desses compostos, logo devido a essas características o éter etílico consegue retirar o extrato da semente; o aquecimento foi apenas para aumentar o coeficiente de solubilidade do solvente apolar, auxiliando no processo de solubilização. Em seguida, fez-se uma nova solubilização com acetona, seguida de um resfriamento, tornando a trimiristina sólida mais uma vez, seguida de filtração. Optou-se pela acetona por ela ser muito volátil e solúvel em compostos apolares, facilitando a secagem da amostra obtida. Quando a acetona foi misturada com o extrato formou-se uma solução homogênea com coloração branco-amarelada. O extrato foi aquecido e depois armazenado na geladeira a – 10°C, sofrendo um choque térmico e proporcionando aceleração no processo de cristalização dos triacetilgliceróis da trimiristina. O rendimento da extração de trimiristina em cristais foi 5,76% e resultou de 0,288 g do triacetilglicerol para uma amostra que ainda continham umidade. Para que houvesse maior rendimento na extração do composto a amostra deveria estar sem a umidade que as sementes possuem in natura.

Figura 1

Solução com coloração branco-amarelada

Figura 2

Cristalização dos triacetilglicerois da trimiristina.

Conclusões

A experimentação utilizando os solventes orgânicos éter etílico e acetona demonstrou um rendimento positivo do teor de trimiristina, sendo que há outros fatores como o tipo de solo, tipo de adubo, tipo de clima e área geográfica, que são responsáveis por alterar a concentração de componentes químicos nesta especiaria. Evidencia-se, a importância desse método para avaliar os solventes e o tipo de extração mais adequados para serem usados no isolamento de uma substância específica a partir de uma amostra, além de aumentar a fonte de pesquisa para os interessados na temática em questão.

Agradecimentos

Referências

LOPES, G. A. C.; COSTA, J. S.; RAMOS, R. S.; ALMEIDA, S. S. M. S.; Análise do rendimento da extração de trimiristina com diferentes solventes a partir de Noz-moscada (Myristica Fragans). 2011. Disponível em: http://www.abq.org.br/cbq/2011/trabalhos/1/1-871-11277.htm. Acessado em: 12 jul.2016

OLIVEIRA, F. T. G.; Noz-Moscada, Myristica Fragans, Houtt: Um estudo de composição e efeito do consumo crônico no comportamento de animais de laboratório. 2007, 107p, Dissertação (Mestrado), Fundação Universidade Federal do Rio Grande, Rio Grande do Sul- RS.

PETERSEN, S.; FAHR, A.; BUNJES, H. Flow Cytometryas a New Approach to investigate Drug Tranfer between Lipid Particles. Molecular Pharmaceutics. v. 7, n. 2, p. 350-363, 2010.

SOLOMONS, T.W.G.; FRYHLE, C.B. Química Orgânica. 10. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1277p ,2011.

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