ISBN 978-85-85905-19-4
Área
Química Orgânica
Autores
Silva, H.L.S. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Cobel, A.C. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ) ; Muribeca, A.J.B. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Silva, A.P. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ) ; Silva, A.L.S. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Fernandes, A.C. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Mota, R.V. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Souza, R.F. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ)
Resumo
O jambu (Acmella Ciliata Kunth) é cultivado por pequenos produtores em hortas familiares.O objetivo do estudo foi quantificar os compostos fenólicos do jambu cultivado de forma orgânica e inorgânica, proveniente do município de Salvaterra-PA. As primeiras plantas apareçam a partir do 10º dia após o cultivo para ambos tratamentos (orgânico e inorgânico), a colheita foi realizada depois de 60 dias. Foi realizada a determinação de compostos fenólicos pelo método Folin Ciocalteau. O resultado de compostos fenólicos para o jambu cultivado de forma orgânica foi de 1,74 mg EAG/g (miligramas Equivalente de Ácido Gálico por grama) e para o jambu cultivado de forma inorgânica foi de 1,69 mg EAG/g ambos resultados expressos em Folha Seca (FS).Os resultados desta pesquisa contribuem para a literatura.
Palavras chaves
Adubo orgânico; Adubo inorgânico; Acmella Ciliata Kunth
Introdução
Salvaterra-PA possui terra fértil e excelente para a agricultura, tendo uma ampla região para cultivo de hortaliças. Entretanto, não é o que ocorre no município, já que as poucas produções agrícolas que têm são para consumo próprio e/ou abastecimento de alguns comércios do município local, por não terem estrutura nem recursos para cultivos maiores. Neste contexto, torna-se imprescindível o estudo de uma hortaliça cultivada no município. Foi proposto o estudo com o Jambu, que além de não ser cultivado no município, é uma hortaliça tipicamente paraense e de agradável paladar. Além de contribuir com a ciência gerando dados importantes em relação ao teor de compostos fenólicos do mesmo. O jambu ou agrião do Pará é uma hortaliça da região Norte do Brasil, é cultivado por pequenos produtores em hortas familiares. O preparo do jambu é realizado de forma artesanal ou rudimentar, com retirada manual, da raiz e parte do caule. O crescimento de áreas rurais voltadas para a agricultura orgânica tem aumentado em todo mundo. A produção orgânica de hortaliças tem crescido significativamente nos últimos anos, principalmente na Região Norte do Brasil. Os adubos inorgânicos podem ser simples ou compostos, solúveis ou insolúveis, e pertencem, geralmente, a um dos três grupos: nitrogenados, fosfatados e potássicos. A vantagem da utilização desse tipo de adubo é a velocidade do desenvolvimento das plantas. Os compostos fenólicos são considerados metabólitos secundários e sua importância para os vegetais é devido a seu impacto sobre o sabor e a cor. Deste modo, pretende-se determinar o teor de compostos fenólicos presentes no jambu cultivado de forma orgânica e inorgânica além de conferir se há diferença entre ambos comparando o resultado dos mesmos.
Material e métodos
Para o preparo do adubo orgânico foi realizada a etapa de compostagem que é um processo que transforma a matéria orgânica em adubo. Para efeito de comparação também foi utilizado o adubo inorgânico NPK 18-18-18 (18 partes de nitrogênio, 18 partes de fósforo e 18 partes de potássio). Em seguida foi preparado um canteiro e utilizou-se terra preta. As sementes de jambú foram semeadas em solo mantido bem úmido até o enraizamento. As primeiras plantas apareçam a partir do 10º dia após o cultivo para ambos tratamentos (orgânico e inorgânico) e a colheita foi realizada depois de 60 dias. As amostras de Jambu foram secas em estufa de circulação de ar a 50°C por 3 horas, em seguida foram peneiradas em crivo doméstico de 5 mm. O extrato etanólico foi obtido através do processo de extração a frio utilizando álcool etílico P.A como solvente extrator na proporção de 1:10 (m/v). A mistura foi deixada em repouso durante 24 horas, posteriormente foi filtrada em papel de filtro qualitativo e armazenada sob-refrigeração a 5°C até o momento das análises. A determinação de compostos fenólicos pelo método Folin Ciocalteau e os ensaios foram realizados ao abrigo a luz, e foi realizada a leitura em espectrofotômetro ao comprimento de onda de 760 nm contra um “branco”. Os ensaios foram efetuados em triplicata, sendo considerada a media ponderada entre elas. Os resultados foram expressos em miligramas equivalentes de ácido gálico para cada 1,0 grama de folha seca (mg EAG/g folha seca). Foram preparadas soluções etanólicas de ácido gálico. As absorbâncias obtidas foram plotadas em um gráfico (eixo x) versus as respectivas concentrações de ácido gálico (eixo y) através do programa Microsoft Office Excel 2013, que permitiu determinar, indiretamente, a concentração de fenólicos totais.
Resultado e discussão
Os valores (média e desvio padrão) obtidos para a quantificação do teor
total de compostos fenólicos estão apresentados abaixo.
Cultivo Orgânico: 1,74 ± 0,01;
Cultivo Inorgânico: 1,60 ± 0,01
(Os resultados estão expressos em mgEAG/g de Folha seca)
Os valores encontrados de compostos fenólicos para Jambu foram menores que
outras hortaliças, como espinafres cultivados de modo orgânico e inorgânico
(CITAK; SONMEZ, 2010).
As hortaliças folhosas (rúcula, almeirão e alface) provenientes de cultivo
orgânico apresentaram valores superiores com relação a outros modos de
cultivo. Muitos autores afirmam que o cultivo orgânico, influencia
potencialmente os níveis dos compostos fenólicos totais (ASAMI et al., 2005,
FALLER; FIALHO, 2009).
De acordo com os resultados de fenóis totais obtidos neste trabalho os
valores foram superiores ao encontrado por Silva (2015), que determinou
fenóis totais em Jambu e obteve concentrações próximas de 1,5 mgEAG/g de
folha seca.
Entretanto, os resultados foram inferiores ao encontrado por Silveira et al.
(2014), que determinaram fenóis totais em agrião e obtiveram concentração
próxima de 2 mgGAE/g.
Outro ponto a se considerar é que os resultados de fenóis totais obtidos
neste trabalho foram até mais expressivos dos que encontrados em polpas in
natura realizados por Faller e Fialho (2009), que ao determinarem a
disponibilidade de fenóis, pelo método de Folin Ciocalteau, em frutas e
hortaliças consumidas no Brasil, encontraram para o mamão, batata, cenoura,
repolho e tomate, quantidades respectivas de 0,15; 0,31; 0,45; 0,66 e 0,13
miligramas equivalentes de ácido gálico a cada 1 grama (mgEAG/g) de polpa.
Conclusões
Nas condições deste experimento, pode-se verificar que o tipo de adubação não influenciou no tempo de desenvolvimento da hortaliça e nem na colheita, pois em ambos os tratamentos a colheita do jambu foi realizada no mesmo período. Pode-se observar que o jambu cultivado com adubo orgânico apresentou melhores índices de compostos fenólicos comparado ao jambu cultivado com adubo inorgânico, demonstrando, então, que essa adubação aumenta o teor de fenóis totais.
Agradecimentos
Referências
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