ISBN 978-85-85905-19-4
Área
Química Orgânica
Autores
Machado da Silva, M.C. (INSTITUTO FEDERAL DO MARANHÃO) ; Costa Carneiro, F.J. (INSTITUTO FEDERAL DO MARANHÃO) ; Cantanhede Filho, A.J. (INSTITUTO FEDERAL DO MARANHÃO) ; Gomes Rangel, J.H. (INSTITUTO FEDERAL DO MARANHÃO)
Resumo
A Calotropis procera, da família Asclepiadaceae, é uma planta com ocorrência nas regiões Norte-Nordeste, conhecida popularmente como Flor de Seda. Obteve- se extrato bruto etanólico do pó da folha Calotropis procera. Em seguida, fez- se testes químicos para estudo da determinação das classes dos metabólicos secundários do extrato vegetal bruto etanólico.
Palavras chaves
Calotropis procera; teste químicos ; ressonância magnética
Introdução
Calotropis procera é uma espécie vegetal que possui uma ampla distribuição geográfica em regiões tropicais e subtropicais do mundo, é originária da África, encontra-se atualmente também no Brasil, principalmente na caatinga nordestina. É uma espécie que se desenvolve bem em regiões de temperaturas quentes e é muito resistente às secas. Inicialmente ela foi introduzida no território brasileiro como planta ornamental (Corrêa, 198), por apresentar inflorescência durante os verões. Diferentes partes da Calotropis procera têm sido utilizadas como fitoterápicos para muitas enfermidades, principalmente na medicina tradicional (Khan e Malik, 1989; Aktar et al. 1992; Basu et al. 1992; Hussein et al. 1994; Tanira et al. 1994). Os testes químicos indicam a presença de metabolitos secundários nesta espécie vegetal com grande potencial farmacológico. Este trabalho apresenta o resultado dos testes químicos realizados com as folhas da Calotropis procera e o isolamento dos metabólitos da fase hexânica da mesma espécie vegetal.
Material e métodos
As folhas da espécie Calotropis procera da família Asclepiadaceae foram coletadas no bairro do Filipinho , no município de São Luís, MA. Após a coleta o material foi encaminhado para o Laboratório de Análises Térmicas e Cromatográficas do Campus São Luís Monte Castelo (IFMA), onde as folhas foram submetidas a secagem a temperatura ambiente em local limpo e arejado por 4 dias. Após esse período, as folhas já secas foram trituradas em um microprocessador Wallita, modelo Power 2i, obtendo-se um pó fino de cor esverdeada.Para obtenção do extrato bruto etanólico foram adicionados 2 litros de Etanol no pó das folhas da espécie vegetal e concentrado.Em seguida separou-se uma alíquota do material para realização dos testes químicos das classes de metabólitos secundários do extrato vegetal utilizando-se Cromatografia em Camada Delgada Comparativa (CCDC), sendo possível através do uso de reveladores específicos para cada classe.Após a evaporação completa do etanol, a massa do extrato etanólico bruto foi dissolvida em metanol/água na proporção de 9:1 e colocada em um funil de decantação para ser particionado com solventes orgânicos em ordem crescente de polaridade. Utilizou-se hexano e acetato de etila, para obtenção das fases hexânica e acetato de etila. Após obtenção da fase hexânica, concentrou-se a amostra. Separou-se a massa de 2,0238g da fase hexanica para uma coluna cromatográfica utilizando-se uma bureta de 100mL, sílica Gel 60 F254, e o solvente hexano. Pesou-se a sílica Gel 60 F254 e usou-se a proporção de 1/20 de sílica/amostra. Em seguida foram colocados os eluentes usados para o procedimento de separação. Recolheram-se as amostras da fase hexânicas em 73 frascos limpos e algumas das amostras foram encaminhadas para análise por RNM1H.
Resultado e discussão
Através da análise fitoquímica da Calotropis procera é possível identificar
e estudar possíveis componentes ativos para o uso farmacológico e contribuir
com a quimossistemática da planta, sendo assim, de acordo com os objetivos
traçados para o referente projeto em questão, os resultados obtidos até o
momento podem ser descritos: a massa obtida após a primeira trituração foi
28,98g. Desse valor foram utilizados 18,98 g para a obtenção do extrato
bruto etanólico, onde foi possível a solubilização total do pó no etanol,
produzindo um liquido de cor verde escura, que foi concentrado no rotavapor,
resultando em um liquido grosso de cheiro forte. Após a secagem do material,
a massa do extrato etanolico aferida foi de 1, 7941g. A química de produtos
naturais utiliza-se recursos tais como substâncias que reagem com a amostra
gerando derivados com cores características para classificar os componentes
da planta em estudo. Para o estudo das classes orgânicas que podem ser
encontradas nesses extratos vegetais são utilizadas substâncias que fazem
tal revelação a partir da mudança de cor gerada para cada revelador nos
quais é possível identificar classes como flavonoides, alcaloides,
esteroides/triterpenoides, terpenos, taninos, etc.
Obtido o extrato etanólico fez-se uma investigação das classes orgânicas
desse material, separando uma alíquota do mesmo para isso, sendo assim os
seguintes resultados foram alcançados ( Figura 01). A Cromatografia em
Coluna é uma técnica utilizada para o isolamento e purificação de produtos
naturais. Através da análise da fase hexânica, até o momento, foi possível
identificar, por RNM1H, o β-sitosterolesterificado, ácido graxo saturado e
a
presença de ácidos graxos livres nas frações.
Tabela com os resultados dos metabólitos secundários encontrados no extrato vegetal, com reveladores químicos.
Conclusões
A partir do estudo dos testes químicos apresentados durante o progresso da pesquisa em questão obteve-se informações importantes sobre a classe de substâncias presentes nas folhas da espécie Calotropis procera como açúcares, taninos condesados e carboidratos. Com a analise por RNM de 1H da fase hexânica foi possível a identificação do β-sitosterol esterificado e de ácidos graxos.
Agradecimentos
Ao Instituto Federal do Maranhão (IFMA) e à Fundação de Amparo a Pesquisa do Maranhão (FAPEMA).
Referências
AKTAR, N. et al. Proceragenin, and antibacterial cardenolide from Calotropis procera. Phytochemistry, v.31, n.8, p. 2821-2824, 1992.
BASU, A. et al. Hepatoprotective effects of Calotropis procera root extract on experimental liver damage in animals. Fitoterapia, v. 63, n.6, p. 507-514, 1992.
CORRÊA, M. P., PENA, L. A. Dicionário de plantas úteis do Brasil e das exóticas cultivadas. Rio de Janeiro: Imprensa Oficial, v.4. 1984.
HUSSEIN, H. I. et al. Uscharin, the most potent molluscicidal compound tested against land snails. Journal of Chemical Ecology, v.20, n.11, p. 135-140, 1994.
KHAN, A.Q. MALIK, A. Preliminary results from reseeding degraded Dera Ghazi Khan rangeland to improve small ruminant production in Pakistan. Small Ruminant Research. v.32, p.43-49, 1999.
TANIRA, M.O M. et al. Antimic robial and phytochemical screening of medicinal plants of the United Arab Emirates. Journal of Ethnopharmacology. v. 41, p.201 . 205, 1994.