Avaliação da Atividade Antimicrobiana de Extratos Aquosos micelar e enzimático de cravo-da-índia

ISBN 978-85-85905-15-6

Área

Química Verde

Autores

Goes, R.R.N. (IFRJ) ; Coelho, M.A.Z. (UFRJ) ; Perreira, K.S. (UFRJ) ; Ribeiro, B.D. (UFRJ)

Resumo

O objetivo deste trabalho foi preparar extratos vegetais utilizando como solvente a água na presença de saponina do Juá, e enzimas que hidrolisam compostos presentes nas células vegetais. O uso destes componentes adicionais na solução de extração pode acentuar a extração de compostos ativos das plantas, evitando a geração de resíduos prejudiciais o meio ambiente, como ocorre no caso do uso de solventes orgânicos. Foram feitos ensaios utilizando como base a metodologia internacional padrão do CLSI/NCCLS. O resultado mais efetivo dos extratos foi frente às bactérias gram-positivas (Staphylococcus. aureus, Bacillus subtilis), e aos fungos Aspergillus brasiliensis e Candida albicans.

Palavras chaves

Cravo – da – índia; antimicrobiano; extrato vegetal

Introdução

Antimicrobianos são substâncias de origem natural ou sintética que atuam sobre micro-organismos inibindo-os ou inativando-os. São importantes no combate a infecções que afetam o ser humano diretamente. Além disso, podem ser utilizados em muitos setores industriais, como na área de alimentos, cosméticos e farmacêuticos, como princípio ativo ou como meio de evitar a contaminação dos produtos (através da redução da carga microbiana), tornando os produtos mais duradouros (SÁEZ-LLORENS, 2000). Apesar de haver muitos estudos na literatura sobre o cravo-da-índia (CRAVEIRO, 1981), o processo utilizado para extrair os princípios ativos da planta normalmente envolve o uso de solventes orgânicos que agridem o meio ambiente, além do seu manuseio oferecer riscos à saúde humana. Neste trabalho buscou-se uma nova forma de obter o extrato da planta por processos mais verdes. Sendo assim, foi avaliada a atividade inibitória sobre diferentes micro-organismos, na presença de extratos aquosos de cravo-da-índia (Syzygium aromaticum) obtidos na presença de saponina de Juá e de um preparado enzimático (Viscozyme); este último com o objetivo de potencializar a extração aquosa através da hidrólise de compostos presentes na parede da célula vegetal.

Material e métodos

A planta cravo-da-índia (Syzygium aromaticum) foi submetida a três tipos diferentes de extrações: aquoso, micelar (solução de saponina do Juá 1% m/ v), e enzimático (Viscozyme). Para o processo de extração foram pesados 0,5 g da do botão floral seco cominuído em um tubo de centrífuga de 25 mL. Preparou-se a solução de saponina de Juá diluindo-se 100 mg da saponina em pó em 10 mL de água. Após isso, transferiu-se somente 4 mL da solução de saponina para o tubo de centrífuga. Para o aquoso transferiu-se 4 mL de água, e para o enzimático adicionou-se 40µL do preparado enzimático (Viscozyme L) a 4 mL de água. Os tubos vedados foram submetidos à agitação constante durante 24 horas. A atividade inibitória dos extratos foi testada frente aos seguintes micro-organismos: bactérias gram-positivas (Staphylococcus. aureus ATCC 6538, Bacillus subtilis ATCC 6633), bactérias gram-negativas (Pseudomonas. aeruginosa ATCC 9027, Salmonella choleraesuis ATCC 10708, Escherichia coli ATCC 8739), fungo filamentoso (Aspergillus brasilienses ATCC 16404) e leveduriforme (Candida albicans ATCC 10231). O ensaio foi feito em meio estéril em placa de 96 poços, somente na concentração de 50% (v/v) do extrato vegetal para as bactérias e 25% (v/v) para fungos filamentosos e leveduras para uma avaliação inicial. Os meios, e técnicas utilizadas estão citados na metodologia internacional padrão do CLSI/NCCLS (Clinical and Laboratory Standards Institute); normas M-A6 para bactérias, M2-A2 para leveduras e M38-A para fungos filamentosos. Após o tempo de incubação, o crescimento celular foi verificado visualmente através de turbidez em comparação com o branco e positivo, além da adição de resazurina 0,005%, um corante de viabilidade.

Resultado e discussão

Os três tipos de extratos aquosos de cravo-da-índia inibiram os micro- organismos B. subtilis, S.aureus, A. brasilienses e C. albicans demonstrando o potencial que estes extratos mais simples apresentam. A inibição é verificada pela reação de oxirredução do corante resazurina que ocorre devido ao metabolismo micro-organismo, quando não há mudança de coloração não há crescimento, tendo inibição total do micro-organismo. O crescimento das bactérias gram- negativas não foi inibido, o que pode supostamente ser atribuído ao fato de apresentarem maior seletividade em sua parede, devido à presença da membrana fosfolipídica externa que dificulta a penetração de compostos no interior da célula e, consequentemente, seu efeito. Foram realizados controles na presença das soluções de saponina de Juá e Viscozyme L, a fim de verificar se estas apresentariam algum efeito no crescimento dos micro-organismos. Não sendo observado qualquer efeito inibitório dos componentes em solução. O extrato feito com a solução de saponina de Juá tem propriedades diferentes, pois devido ao seu poder surfactante, pode interagir com moléculas lipofílicas e hidrofílicas, extraindo componentes diferentes da planta. Já o extrato com o preparado enzimático possui a capacidade de hidrolisar componentes da parede celular vegetal, levando ao aumento da disponibilidade de substâncias internas da célula e acentuando a extração aquosa.

Tabela 1: Resultados dos extratos vegetais da planta cravo-da-índia

A tabela mostra onde houve crescimento(+)e inibição (-) dos micro-organismos em todos os tipos de extratos

Figura 2 : Saponinas do Juá

Fonte:(RIBEIRO, 2012,p. 103)

Conclusões

Os extratos aquosos de S. aromaticum apresentaram atividade inibitória frente a bactérias gram-positivas, levedura e fungo filamentoso, sendo avaliada em uma única concentração de extrato. Este experimento inicial serve como ponto de partida para um estudo posterior a fim de determinar as mínimas concentrações inibitórias.

Agradecimentos

A UFRJ por ter me dado a chance de trabalhar em um projeto Meus orientadores pela corroboração com o trabalho A FAPERJ por incentivar o trabalho oferecendo uma bolsa de

Referências

CRAVEIRO, A. A.; Fernandes, A. G.; Andrade, C. H. S.; Matos, F. J. A.; Alencar, J.W.; Machado, M. I. L. Óleos essenciais de plantas do nordeste. [S.l.]: UFC, 1981. 210 p.
SÁEZ-LLORENS, X. et al. Impact of an antibiotic restriction policy on hospital expenditures and bacterial susceptibilities: a lesson from a pediatric institution in a developing country. Pediatr Infect Dis J. v. 19, p. 200-206. 2000.
RIBEIRO, B.Estratégias de Processamento Verde de Saponinas da Biodiversidade Brasileira. 2012. 187 f.Tese (Doutorado em Tecnologia de Processos Químicos e Bioquímicos) - Escola de Química
,Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. 2012. Disponível em:<tpqb.eq.ufrj.br/download/processamento-verde-de-saponinas.pdf> Acesso em 20 de jun. 2015

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