Análise da cera de própolis marrom clara produzida na Bahia

ISBN 978-85-85905-15-6

Área

Produtos Naturais

Autores

Santos, D.C. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAPÁ) ; David, J.M. (UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA) ; David, J.P. (UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA) ; Torres, E. (UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA)

Resumo

Este trabalho descreve a identificação de hidrocarbonetos na própolis da Bahia por cromatografia gasosa/espectrometria de massas. Inicialmente a amostra de própolis produzida por Apis Mellífera L. foi obtida na região de Entre Rios- BA. O extrato hexânico obtido via maceração foi submetido a cromatografia em coluna dando origem a cera. A cera foi submetida a reações químicas de acetilação e transesterificação e posteriormente foi analisada em um cromatógrafo gasoso acoplado a um espectrômetro de massas. Os resultados mostraram a predominâncias dos hidrocarbonetos: pentadecano, hexadecano, heptadecano e tricosano nas ceras da própolis.

Palavras chaves

Própolis; Bahia; Hidrocarbonetos

Introdução

A própolis é uma mistura complexa produzida pelas abelhas a partir da mistura de diversas substâncias coletadas de diferentes partes das plantas visitadas, como brotos, botões florais e exudados resinosos, com suas próprias secreções salivares e enzimas (GHISALBERT, 1979). A coloração da própolis varia de acordo com a região que é produzida, seu odor é característico e variável, porém algumas amostras não possuem nenhum odor, seu ponto de fusão é variável estando na faixa de 60-70°C sendo que em alguns casos pode chegar até 100°C. É um material duro na temperatura de 15°C, tornando-se maleável em torno de 30°C (MARCUCCI, 1996). A própolis apresenta uma composição química bastante variável de acordo com sua fonte floral com a predominância de flavonoides, terpenoides, ácidos aromáticos, ésteres, fenilpropanoides, aldeídos, cetonas, hidrocarbonetos(LUSTOSA et al., 2008). O presente trabalho, teve como objetivo identificação dos constituintes presentes na ceras da própolis da Bahia.

Material e métodos

A própolis foi coletada por apicultores na fazenda experimental na região de Entre Rios-Ba. A amostra de própolis marrom (141,18 g) foi submetida à extração através de maceração onde o hexano foi utilizado como líquido extrator. O procedimento foi realizado por três vezes consecutivas, cada uma em torno de 48h cada, e o filtrado obtido em cada etapa foi reunido e concentrado sob pressão reduzida, obtendo-se assim o extrato hexânico da própolis marrom (34,91 g). O extrato hexânico foi submetido a fracionamento em coluna cromatográfica utilizando sílica gel 60 como fase estacionária e o Hexano como fase móvel inicial. Após eluição exaustiva com hexano foi possível obter a cera de própolis que foi submetida à reações de transesterificação e acetilação. Para a realização das análises por CG/EM utilizou-se o método onde a temperatura do injetor foi 290°C com temperatura inicial de 50°C por 1 min, aumentando de 50 °C a 180 °C na razão de 15 °C/min, e de 180°C a 230°C na razão de 7°C/min, e de 230°C a 250°C na razão de 15°C/min, permanecendo nessa temperatura por 10 min. Em seguida, a temperatura passou de 250°C para 285°C na razão de 4°C/min. A temperatura final permaneceu em 285°C por 40 min. A temperatura do detector foi de 290°C e a temperatura na interface do sistema CG-EM foi de 290°C. O detector de massas operou com ionização por impacto de elétrons (70 eV) e varredura de massas entre o intervalo de 35 a 1000 Da.

Resultado e discussão

A composição da própolis tem relação direta com o clima e vegetação de onde é coletada. No cromatograma (figura 1) foram registrados quatro picos majoritários com diferentes tempos de retenção, e cada um deles originou um espectro de massas. O pico em 18,5 min originou um íon molecular m/z 212, o pico em 20,7 min originou um íon molecular m/z 226, o pico em 24 min originou um íon molecular m/z 240 e o pico em 34,5 min originou um íon molecular m/z 324, esses íons moleculares correspondem ao pentadecano, hexadecano, heptadecano e ao tricosano. A identificação dos hidrocarbonetos foi realizada através da avaliação dos íons moleculares e fragmentações e com a comparação dos espectros de massas obtidos com os da biblioteca NIST 147 e WILEY 8 com similaridade de 95%, 96%, 97% e 97% para o pentadecano, hexadecano, heptadecano e tricosano respectivamente, as análises foram feitas em triplicatas. Esses compostos são comumente encontrados em ceras de abelhas, além disso, já foram identificados em diversos tipos de própolis (SEIFERT & HASLINGER, 1991). Desta forma, pode-se admitir que a provável composição de compostos alifáticos presentes no extrato hexânico seja a mistura desses hidrocarbonetos.

Figura 1

Cromatograma da cera de própolis marrom clara da Bahia.

Conclusões

Este trabalho contribuiu para o conhecimento da composição química da cera de própolis marrom clara da Bahia, visto que existem pouquíssimos relatos sobre estudos químicos da própolis oriunda da Bahia. Esse estudo torna-se relevante, pois trata-se da primeira investigação na composição química da própolis da Bahia, uma matriz que é bastante utilizada pela população para fins terapêuticos. Os resultados confirmam a presença predominante de hidrocarbonetos na cera de própolis.

Agradecimentos

Ao CNPq e Capes pelo apoio financeiro.

Referências

GHISALBERTI, E.L. Própolis; A review. Bee Word, v. 60, p. 59-84, 1979.
LUSTOSA,S. R.;GALINDO, B. A.; NUNES, C.C.L.; RANDAU,P.K; NETO,R.J.P. Própolis: atualizações sobre a química e a farmacologia. Revista Brasileira de Farmacognosia. v.18, n.3, p.447-454, 2008.
MARCCUCI, M.C. Propriedades biológicas e terapêuticas dos constituintes químicos da própolis. Química nova. São Paulo, v.19, n.5, p. 529-536, 1996.
SEIFERT, M.; HASLINGER, E. Über die Inhaltsstoffe der Propolis I. Liebigs Analytical. Chemistry., 1123-1126, 1991.

Patrocinadores

CAPES CNPQ Allcrom Perkin Elmer Proex Wiley

Apoio

CRQ GOIÁS UFG PUC GOIÁS Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia - Goiás UEG Centro Universitário de Goiás - Uni-ANHANGUERA SINDICATO DOS TRABALHADORES TÉCNICO-ADMINISTRATIVOS EM EDUCAÇÃO BIOCAP - Laboratório Instituto Federal Goiano

Realização

ABQ ABQ Goiás