Automedicação em crianças no município de Iguatu-CE

ISBN 978-85-85905-15-6

Área

Produtos Naturais

Autores

Ferreira, J.L. (IFCE CAMPUS IGUATU) ; Oliveira, R.T. (IFCE CAMPUS IGUATU) ; Miranda, A.C.S. (IFCE CAMPUS IGUATU)

Resumo

O objetivo do estudo foi descrever o perfil socioeconômico, demográfico e da automedicação de crianças através das mães/responsáveis, no município de Iguatu/Ce. Trata-se de um estudo transversal, abordagem quantitativa. Os dados foram coletados através de entrevistas realizadas com 366 mães/responsáveis. Em relação aos aspectos socioeconômicos e demográficos das famílias, 60,7% apresentavam uma renda de um a dois salários mínimos; 98,9% com acesso a água tratada; 64,7% na faixa etária de 20 a 34 anos, 71,0% possuíam de um a dois filhos, 1,6% analfabetas; a automedicação em crianças demonstra que 66,2% realizaram esta prática. De acordo com os dados obtidos no estudo percebe-se a importância de medidas preventivas junto aos pais/responsáveis para a conscientização e redução desta

Palavras chaves

automedicação; crianças; medicamentos

Introdução

A automedicação é uma prática universal frequente, presente nas mais diversas sociedades e culturas, independentemente do grau de desenvolvimento socioeconômico das mesmas (SULEMAN; KETSELA; MEKONNEN, 2009). De acordo com Paulo e Zanine (1988), ela é definida pelo uso de medicamentos sem prescrição médica, caracterizada fundamentalmente pela iniciativa de um doente, ou de seu responsável, em obter ou produzir e utilizar um produto que acredita lhe trará benefícios no tratamento de doenças ou alívio de sintomas. A frequência do uso de medicamentos sem prescrição médica em crianças tem se mostrado elevada em vários estu¬dos (RIBEIRO; SIQUEIRA; PINTO, 2010) e é fator preocupante quando uma parcela importante dessa população não recebe atenção adequada por parte dos serviços de saúde, ficando o cuidado restrito às decisões do cuidador. O consumo de medicamentos pode ser considerado um indicador indireto de qualidade dos serviços de saúde, sendo que as crianças representam um grupo fortemente predisposto ao uso irracional de medicamentos, prescritos ou não (TELLES; CASSIANE, 2007). A automedicação em crianças é um tema que tem sido abordado na literatura e merece uma atenção especial para ampliar sua análise e permitir demonstrar interven¬ções efetivas. O objetivo do estudo foi descrever o perfil socioeconômico, demográfico e automedicação em crianças através das mães ou responsáveis, no município de Iguatu/Ce.

Material e métodos

Trata-se de um estudo transversal de base populacional. Os sujeitos do estudo foram 366 crianças na faixa etária de um a nove anos e suas mães ou responsáveis, residentes na zona urbana do Município de Iguatu/Ce. As crianças participantes do estudo foram selecionadas por meio de amostragem aleatória simples, sendo identificadas a partir do cadastro das famílias no Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB). Optou-se por utilizar uma prevalência de 50% das crianças, sendo recrutadas calculando a proporção de crianças em cada faixa etária em relação ao número total de crianças por área de abrangência. Os dados foram coletados por meio de uma entrevista com as mães ou responsáveis e digitados no programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 17.0. O estudo foi conduzido dentro dos parâmetros preconizados pela Resolução nº. 466/12, do Conselho Nacional de Saúde (CNS) e submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual do Ceará.

Resultado e discussão

Em relação aos aspectos socioeconômicos e demográficos 60,7% apresentavam uma renda de um a dois salários mínimos; 97,5% residia em casas de alvenaria, com piso de cimento (54,8%), com acesso à rede de esgoto (72,2%), à água tratada (98,9%) e sanitário no domicilio (96,7%); 64,7% das mães das crianças encontravam-se na faixa etária de 20 a 34 anos, se declararam pardas/negras (64,0%), viviam em união estável ou casadas (71,6%), eram donas de casa (59,8%) e possuíam de um a dois filhos (71,0%). Em relação à escolaridade, 35,8% concluíram o ensino médio, enquanto 1,6% eram analfabetas; Considerando as questões associadas à automedicação em crianças, 64,6% afirmaram ter comprado medicamentos sem prescrição para seus filhos; 66,2% afirmaram que realizaram esta prática, 88,4% adquiriram o referido remédio na farmácia e 90,0% das crianças não apresentaram reações adversas. O amplo uso de medicamentos sem orientação médica, quase sempre acompanhada do desconhecimento sobre malefícios que pode causar, é apontado como uma das causas de intoxicações humanas registradas no país (LESSA; BRCHNER, 2008). Poderíamos supor que mães menos instruídas tenderiam a praticar mais a automedicação em seus filhos por dificuldade de acesso a consulta médica no entanto, não se verificou a associação entre o consumo de medicamentos por automedicação e a escolaridade dos pais, reforçando os resultados encontrados nos estudos de Beckhauser et al. (2010) e Carvalho et al. (2008).

Tabela 01

Características sociodemográficas e econômicas das mães. Iguatu-Ce, 2013.

Tabela 02

Perfil da família relacionado à automedicação. Iguatu -Ce, 2013.

Conclusões

O uso de fármaco em crianças sem a prescrição médica realizado pelos pais ou outros é uma realidade no Brasil que pode ser constatada em vários estudos, podendo ser considerado um facilitador para que ocorram as intoxicações medicamentosas. A prevalência de automedicação em crianças, foi de 66,2%; as características sociodemográficas das mães ou responsáveis demonstram o predomínio de adultas jovens, na sua maioria com mais de 8 anos de estudo, porém com renda familiar menor ou até um salário mínimo. As crianças apresentam uma idade prevalente entre cinco e nove anos de idade e sexo masculino

Agradecimentos

IFCE campus Iguatu

Referências

BECKHAUSER, G. C.; SOUZA, J. M.; VALGAS, C.; PIOVEZAN, A. P.; GALATO, D. Utilização de medicamentos na pediatria: a prática de automedicação em crianças por seus responsáveis. 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php? pid= S0103-05822010000300002&script =sciarttext&tlng=pt/>. Acesso em: 22 set. 2012.
CARVALHO D. C; TREVISOL, F. S.; MENEGALI, B. T.; TRVISOL, D. J. Drug utilization among children aged zero to six enrolled in daycare centers of Tubarão, Santa Catarina, Brazil. Rev Paul Pediatr, v. 26, p. 238- 244, 2008.
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RIBEIRO, J. M.; SIQUEIRA, S. A. V.; PINTO, L. F. S. Avaliação da atenção à saúde da criança (0-5 anos) no PSF de Teresópolis (RJ) segundo a percepção dos usuários. Ciênc Saúde Coletiva, v. 15, p. 517-527, 2010.
SULEMAN, M., KETSELA, A., MEKONNEN, Z. Assessment of self-medication practices in Assendabo town, Jimma zone, southwestern Ethiopia. Social and Administrative Pharmacy, v. 5, p. 76-81, 2009.
TELLES FILHO, P. C. P.; CASSIANI, S. H. B. Administração de medicamentos: necessidades educacionais de enfermeiros e proposição de um curso de atualização. Cogitare Enferm. 6(2):74. 2007.

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